Capítulo 10 - Simples

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Depois de pegar Peter, quer dizer Lemon, do colo de Annalize, Lonan abriu a porta de trás da carruagem para as moças entrarem e foi para frente com Luke. Lonan grita aos cavalos e quando começam a sair do lugar, Annalize olha para Joana como esperando que ela dissesse algo. Sem tirar os olhos da janela Joana pergunta:

- Annalize Curiosa Vanklein... O que foi?

- Nada - responde desafinando um pouco a voz.

- Sei... O que quer saber? - diz Joana virando-se para ela.

- Tudo bem... Quem é esse Lonan? Nunca ouvi falar dele, não parece ser daqui. - Disse quase sussurrando. As partes de trás e da frente da carruagem eram separadas.

Joana riu.

- Só quero saber quem o dono de Peter - continuou Annalize.

- É Lemon, mas tudo bem. Vou tentar resumir.

Annalize se acomoda como se fosse ouvir uma história.

- Lonan é um amigo antigo, sobrinho de nossa saudosa Sofia. Ele tem 20 anos e sim, ele não é daqui. Ele e sua irmã nasceram no Japão, seu pai era japonês e sua mãe, irmã de Sofia, inglesa.

- Era? - pergunta Annalize.

- Sim, ela era missionária e ele parte do exército japonês, lá se conheceram e casaram-se. Quando Lonan tinha 9 anos houve uma grande guerra civil onde seu pai foi morto e sua mãe, tentando protege-los acabou morrendo numa explosão.

- Que horror!

- Realmente. A história de como vieram para cá sei por alto. Parece que um vizinho que estava de viajem para cá os trouxe por saber que tinham uma tia aqui. Lonan tinha cartas de Sofia no bolso. Estavam desamparados e sozinhos, tiveram sorte. O tal vizinho os entregou a Sofia que também ficou muito triste com a perda da irmã. Os recebi e dei todo meu apoio, sei o que sentiram. - disse Joana com pesar.

- Como não os conheci se conheci Sofia?

- Eu disse que poderiam ficar na minha casa e ficaram um pouco, mas depois que fui para França e Sofia ficou doente ela achou que seria bom para eles viverem em uma família, se sentia velha e achava que não poderia dar a atenção necessária. Um casal muito amigo de Sofia e da mãe deles a ajudaram, mas eles moram na reserva, por isso talvez não os conheça.

Annalize ouvia tudo atentamente, "como o mundo pode ser tão grande e terrível" ela pensou. A reserva mencionada era um lugar que depois de muitas batalhas entre nativos indígenas e civis no passado, foi preservada para que seus descendentes, trabalhadores de base, não fossem dizimados, além de manter a bela paisagem verde como um oásis distante numa cidade industrial.

- Nossa... - disse Annalize num suspiro.

- Pois é... Ele é um pouco rude sabe, mas não leve para o lado pessoal.

Annalize assentiu. Silêncio.

- Ele trabalha com caça? - perguntou ela mais baixo ainda.

- Com caça? Por quê?

- Não sei - diz pensativa - ele parece ser uma pessoa que faz muito esforço.

- Você quer dizer forte? - diz Joana com um sorriso divertido.

- Eu disse que ele parece ser uma pessoa que faz muito esforço - responde Annalize com leve irritação.

Joana ri baixo.

- Bom, se ele anda caçando não sei, mas ele trabalha com fotografia.

- Jura? - diz surpresa.

- Ele está te surpreendendo não é?

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