Capítulo 61 - Amor do Lado de Dentro

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Por cada ala onde as celas se disposiam, havia um sentinela. Das seis, as três últimas já se encontravam sem segurança, pois os homens foram ajudar na possível invasão ou ataque, que suporam, diante dos barulhos dos rojões. As enfermeiras simplesmente saíram de lá, e muitas pacientes gritavam nervosas, sem saber o que estava acontecendo.

Annalize caminhou até a última ala, sob o olhar de cada sentinela por quem passava. Fechou as mãos em punhos para evitar que tremessem. Passando pelo corredor entre as celas, olhou para os rostos assustados que a encaravam.

- O que está acontecendo enfermeira? – Alguém perguntou detrás das grades.

- Por favor! Conte-nos! – Outra pedia aflita.

"Três contra... Talvez uma centena, ou mais? " Annalize pensava, enquanto decidia o que fazer primeiro.

- Preciso da ajuda de vocês – ela diz por trás da máscara – eu vou abrir as celas.

Um murmúrio começou entre as mulheres.

- Ah meu Deus é um incêndio! – Uma delas gritou, agitando as outras.

- Não! Acalmem-se! – Annalize olhou para a entrada da ala, com medo de algum sentinela ir até lá – Calem a boca!

- Vamos morrer! – Uma exclamava.

Annalize tirou a máscara e a touca de enfermeira e o murmúrio cessou-se.

- Está uma grande confusão lá fora, estão achando que estão sendo atacados, mas não há ataque, não exatamente. Eu vou abrir as celas. Vocês correrão por cada porta do corredor vertical em direção a recepção. Se Deus quiser ainda estarão destrancadas – Annalize respira fundo – vocês serão as primeiras – ela revezava o olhar entre as celas – há três sentinelas à frente, mas se esperarem as outras, juntas, conseguiremos passar por eles. Entenderam?!

Algumas ainda tinham a expressão perdida ou assustada, mas a maioria, como Annalize, estava muito consciente em querer sair dali de qualquer maneira. Annalize encaixou a chave na primeira fechadura e a destrancou e assim fez com cada porta gradeada. Uma das mulheres tentou sair correndo, mas outras a seguraram.

- Vou fazer o mesmo com as outras, por favor, eu suplico, esperem – a jovem diz, colocando a máscara e a touca novamente.

Ela repetiu o discurso na segunda ala, onde aliás, era a sua, onde viu Magnólia, Cecily e Deborah espantadas. Algumas mulheres abraçaram-se com a possibilidade de liberdade. Na terceira ala, ironicamente, algumas disseram ser loucura e que poderiam ser casticadas.

- Quem não quiser, fique. Acredito que somos livres até mesmo para escolher estar presos. – Annalize diz séria para a mulher que a confrontava.

- E a minha côrte? E minha carruagem? – Diz a mulher com delírio de ser rainha.

- Minha alteza, são tempos difíceis. Há inimigos lá fora. Fuja para outra cidade, para a floresta, não sei... Mas, não revele por aí sua nobreza – Annalize recomenda, tentando ajudar a mulher de alguma maneira.

- Tens razão plebeia... – ela diz, corre na cela tirando um embrulho de debaixo de um colchão e volta próxima a grade – vamos lá! Se apresse, nenhum bastardo encostará em meu cabelo novamente – diz resoluta.

Annalize destranca as portas, volta para o corredor de frente às alas. Olha para os sentinelas à sua direita, que olham para a parede em frente sem emoção.

- AGORA! – Ela grita, assustando os sentinelas que se voltam para ela com expressão confusa.

O barulho de ferro rangendo é alto. Várias portas se abrindo ao mesmo tempo. Diversas mulheres saem das três alas correndo e gritando como nunca. Os sentinelas nem tentam alguma reação. São muitas e eles são minoria, correm desesperados. No mesmo momento, Annalize corre para as alas onde eles estavam posicionados, destrancando as portas sem tempo para explicações.

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