Capítulo 32 - Ratazana Indolente

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- Stein, em nenhum momento o rapaz confessou assassinato, você não pode colocá-lo junto com os outros detentos de passagem, mas sim na ala de suspeitos – dizia Samuel depois de chegar à delegacia e saber da situação de Luke. O advogado só pôde falar rapidamente com o jovem assegurando-lhe que está no caso e prometendo ajudar Annalize e Antonia no que fosse preciso.

O delegado passa a mão pela barba sem encarar Samuel, pensando que talvez realmente tenha se precipitado, mas não transparece isso.

- Samuel, já é madrugada, logo amanhece e quero ir para minha casa, amanhã, quer dizer, hoje mais tarde resolvemos essa questão. O dia foi cheio e necessito descansar – disse ele mexendo em papeis.

- Não! – disse Samuel batendo o punho fechado sobre a mesa parando os movimentos do delegado – eu lhe avisei que se alguém sofresse por imprudência sua, por não investigar quando lhe demos informações, haveria consequências Stein. Um homem morreu e agora um inocente está preso. Você não é mais um jovem recém-formado, sabe da complexidade e dos processos que perpassam uma situação dessas.

Uma gota de suor começava a escorrer da testa de Stein. Ele não esperava que as palavras de Samuel o atingissem daquela maneira. Mas estava convicto de que seguia as provas e pistas corretamente.

- Não admito que use esse tom comigo, eu sou o delegado aqui. As evidências são claras. Há suspeita de assassinato por acônito, o rapaz escondia acônito. Ele será interrogado novamente e quem mais acharmos necessário e você sabe que provavelmente ele irá para júri, no tribunal. Prepare-se.

Dizendo isto o delegando recolheu sua pasta, deixou Thomas o substituindo e passou por Samuel lhe dando um leve esbarrão com os ombros.

- Ele continua o mesmo desde a faculdade... – Samuel disse baixo.

- O que senhor? – perguntou Thomas que estava o tempo todo ali.

- Ah, nada. Mas diga-me, pode transferir Luke?

- Infelizmente não tenho autoridade para isso. A situação de Luke não está boa, as evidências contra ele são fortes e contra outros possíveis suspeitos, muito fracas – disse o soldado sentando-se na beirada da mesa e cruzando os braços.

- Você não pensa igual ao delegado Stein? – Samuel pergunta levemente curioso.

- Não penso igual a ninguém – Thomas é sucinto.

Samuel assente e depois de despedir-se parte para casa. Lá recebe o recado de Joana por sua empregada, para que ele leve notícias de Luke pela manhã. 

...

- Ei! Riquinho! O que você fez para parar aqui? – pergunta um homem sentado no chão e escorado nas grades da cela, olhando para Luke, sentado num canto e de cabeça abaixada.

Luke ergue o rosto e encara a figura que o observa. Com cicatrizes que se estendem da lateral do rosto ao pescoço, vestindo trapos, com cabelos loiros empalidecidos e presos em um rabo de cavalo e barba quase chegando ao peito.

- Eu não fiz nada – disse ele fracamente. Os outros três homens na cela gargalham sonoramente.

- Silêncio seus malditos, eu quero dormir! – gritou um sujeito da cela em frente.

- Ah dormir para quê Kevin, quer sonhar com sua liberdade? – grita o homem da grade e mais gargalhadas são proferidas.

Há silêncio depois das risadas e o som de ratos passando pôde ser ouvido.

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