Capítulo 29 - Está Muito Claro

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Annalize não perde tempo e pede a Lorenzo que está com os olhos esbugalhados, junto com os outros empregados, que prepare uma carruagem.

- Mas já está escuro senhorita – Diz o rapaz franzino, que não está acostumado a sair à noite, já que está substituindo o pajem oficial da família que está doente, faz poucos dias.

- Não pedi sua opinião Lorenzo. Pedi para preparar a carruagem – ela diz mais ríspida do que gostaria, mas o reboliço de emoções que está sentido e a sensação de impotência diante da injustiça a impedem de falar de outra maneira.

- Sim senhorita – o rapaz dispara para fora.

- Yukan'na – a voz suave de Tatsuo a acalma por um momento – o que vai fazer?

Annalize vira-se para ele que a observa com olhar triste.

- Vou falar com Samuel. Isso não vai ficar assim... – ela diz fazendo um grande esforço para não derramar mais lágrimas. Sua expressão está dura.

- Outra pessoa pode ir – Antonia diz preocupada ao lado da filha.

- Não mãe – ela diz firme – além dos poucos que confio ninguém mais vai entrar nesta história, eu mesma vou. E não me importa o que vão pensar de mim saindo por aí à noite. Você entende?! Não importa!

Antonia assenti e se oferece para ir junto, mas Annalize não aceita. Ela parece estar tomando o controle da situação para si e Antonia não a questiona.

Daguerre saiu da casa, foi encontrar Dr. Hall e lhe contar as novidades, além de tomar uma boa bebida. Antonia ainda chorosa tentava auxiliar os empregados a arrumar tudo o que foi revirado pelos soldados.

Annalize correu para o quarto para buscar uma capa, pois o frio da noite se intensificara. Percebeu que havia largado o colar na cama em meio à confusão e dando lugar a uma raiva profunda o pegou e jogou longe pela janela. Colocou sua capa e caminhou em direção à carruagem que já a esperava.

Percebendo a situação, Lorenzo rapidamente dá o comando aos cavalos batendo as rédeas com força. Tatsuo, que observa a carruagem se distanciar pelo caminho entre o jardim para os portões, abaixa-se com dificuldade e pega o colar caído na grama e coloca-o no bolso.

...

Mal a carruagem para, Annalize corre para os portões da casa de Joana. Esta a recebe assustada e apressa a amiga a lhe contar o que houve. Annalize explica tudo segurando os soluços e imediatamente Joana pede que chamem Samuel, que mora ali bem perto. A cabeça de Joana estava girando e um medo apossou-se de seu coração, suas mãos tremiam sem ela se dar conta.

Samuel chega e tenta acalmar as duas moças. Coloca-se a par da situação e parte para a delegacia, apesar de já ser quase tarde da noite. Antes, Joana e Annalize pedem para ir junto, mas Samuel é resoluto ao dizer que a presença delas poderia agravar a situação de Luke. Joana pede que Annalize durma em sua casa, mas ela não aceita. Não quer deixar a mãe sozinha e Joana entende. Annalize pede para ela combinar com Samuel de se encontrarem ali pela manhã para que ele as informe sobre a situação de Luke.

- Tem certeza que não quer passar a noite aqui? – Joana tenta mais uma vez.

- Tenho sim, mas obrigada. É bom poder contar com você – se abraçam – não vamos nos entregar ao desespero.

Joana assenti ao se soltarem. Annalize parte para a carruagem e Joana senta-se no sofá e apoia a cabeça nas mãos. Lembra-se do primeiro abraço de Luke, naquele mesmo sofá, em um momento de descoberta e dor. Ela chora sozinha e agarra-se a uma almofada.

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