- Prontinho. Ainda não está cem por cento, mas já não precisa disso – diz o médico ao retirar o gesso de Luke. Já havia retirado as ataduras de Thomas, que observava os procedimentos do médico ao lado de Joana.
- Ah – Luke balança a perna com alívio – finalmente.
O médico recomenda mais algumas coisas aos dois, e se vai, após ouvir os agradecimentos de todos.
- Partiremos daqui a algumas horas – Joana informa.
- Graças a Deus. Vou me aprontar então. Ah, comportem-se – Thomas diz antes de sair do quarto, fazendo Joana e Luke rirem. A convivência entre os três acabou por lhes formar uma amizade.
Luke se coloca de pé sozinho e caminha até Joana encostada na parede.
- Novo em folha – ele diz.
- Não está cem por cento – ela lembra as palavras do médico.
- Estou bem o suficiente para fazer isso – Luke a puxa pela mão fazendo-a bater seu corpo no dele. Cola suas testas e circunda sua cintura com os braços – vamos dançar.
Luke os guia num balanço leve de um lado para o outro e em pequenos giros. Dá um beijo leve em seus lábios, passando para a bochecha, até chegar à orelha. Ainda dançando, Luke cantarola uma música sem letra e Joana sorri. Ele a afasta e a rodopia de repente, trazendo-a de volta aos seus braços. Joana ri.
- Chega de dança – ela fala ainda rindo – tenho que arrumar as malas.
- Tudo bem – Luke diz e a beija profundamente, como que tentando fazê-la se arrepender de seus planos – já que insiste...
- O que? Ah... Sim...
- Vou falar com Samuel – Ele lhe dá um beijo rápido e sai do quarto. Joana começa a terminar de arrumar as malas suspirando.
Passado algumas horas, todos começam a se despedir de uma Kate um pouco chorosa. A hora da partida havia chegado. O esposo de Kate os ajuda a colocar as malas na carruagem estacionada em frente a varanda. Ele vê uma jovem no portão, olhando a cena um pouco espantada e a reconhece.
- Senhorita Maud?
Luke, Joana, Thomas e Samuel, viram-se na direção do portão. Maud está de boca aberta. Ela segura nas grades com suas luvas brancas.
- Olá Maud – Luke sorri sem jeito.
- Está aberto – o esposo de Kate aponta para o portão.
Maud empurra as grades lentamente. Uma sombra de insegurança paira sobre Joana neste momento, sem motivos, deve-se dizer. Mas ela não sabe disso. Maud aproxima-se mais rapidamente e abraça Luke.
- Oh meu Deus! Luke! Não acredito! – diz sem soltá-lo – O que faz aqui? Eu li os jornais! Achei que estava desaparecido! Nem acreditei naquela terrível notícia. Sinto muito por seu tio, por tudo – fala sem parar e afasta-se um pouco. Aperta suas bochechas. Ele ri.
- Não acreditou na notícia? – Ele pergunta e leva um tapa no ombro.
- É claro que não! Você, um assassino? Por Deus Luke – o abraça novamente – mas então – o solta – o que está fazendo aqui? – ela olha para Joana e o restante das pessoas.
- Estava escondido aqui. Joana escondeu a mim e ao soldado Thomas.
- Soldado... – Ela lembra-se da visita – Então estava aqui o tempo todo...
Soldado Thomas está um pouco impaciente e termina de guardar as malas.
- Que mundo pequeno Joana – ela sorri para a mulher insegura ao lado de Luke – não sabia que eram amigos. Conheci Luke antes de me mudar para Paris.
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Pedra Negra
RomantizmNo decorrer da história do mundo presenciamos objetos fazerem parte de nossas vidas, damos significados à eles e muitos atravessam gerações. Mas, o que é realmente interessante são as histórias de vidas inteiras que se atravessam nessas peças, entre...