Apesar de todos já esperarem por isso, ouvir a confirmação da notícia não aliviou a dor nem um pouco. Passaram-se alguns minutos em que todos na sala de Joana ficaram como que amortecidos, sem conseguir acreditar, elaborando a tristeza. Quando Samuel informou que Luke seria transferido para Londres naquele mesmo dia, para aguardar o julgamento, todos pareceram despertar.
- Sam, me ajude a preparar tudo. Nós vamos para Londres hoje. – Disse Joana de maneira quase autoritária.
- Mas e o ateliê? Sabe que sua presença é importante. – alertou Samuel.
Joana passou as mãos pelo cabelo, como que arranhando a própria cabeça e soltou um suspiro irritado. Parou para pensar um pouco.
- Alguém pode me substituir, alguém da diretoria que seja da minha confiança. Está decidido. Você terá que ir de qualquer maneira, é o advogado, eu irei com você. Ficaremos na antiga casa dos meus avós na Oxford Street.
A casa pertencia a Joana por herança, mas nunca ficou lá mais do que alguns dias, quando passava por Londres para algum evento ou reunião de negócios.
- Você também vem não é Annalize? – pergunta à amiga.
- Claro! Mas não posso ir com vocês hoje, Lonan pode chegar a qualquer momento com Constantiny. Vou esperá-los.
Joana e Samuel assentiram. Annalize ainda não desistiu de seu plano, apesar de ainda não estar totalmente planejado. Antonia também decidiu ficar com Annalize.
Nas horas que se seguiram, Joana partiu para o Ateliê para resolver questões importantes antes de sua viajem e Samuel lidar com as burocracias que a situação demandava. Já Annalize, partiu para a casa de Beth novamente, só que dessa vez, elas fariam uma visita a outro lugar.
Apesar da esperança por Constantiny ter sido encontrada e das ideias de atar Daguerre em uma armadilha, Annalize sabia que tudo poderia dar errado e Luke nunca mais encontrar a liberdade. Por isso, ela sentiu que precisava vê-lo. Sabia que Samuel e Stein, por razões diferentes, tentariam impedi-la. Mas relembrando a fatídica noite da prisão, percebeu em Thomas alguém no mínimo justo, a quem ela suplicaria nem que fosse de joelhos, para ajudá-la a ver seu primo.
Não foi fácil convencer Beth a participar da empreitada, principalmente pelo fato de ter que implorar ajuda a Thomas, mas Annalize precisava de mais alguém que distraísse delegado Stein se fosse preciso, além de Beth não estar envolvida nos processos, como Joana e Antonia estão. Depois de fazer Annalize prometer que lhe contaria tudo sobre os encontros na floresta com Lonan, o que ela ficou sabendo por alto, quando Annalize deixou algo escapar enquanto contava sobre Constantiny, Beth finalmente aceitou.
- Precisava se arrumar tanto? – Pergunta Annalize do lado de dentro da carruagem, enquanto Lorenzo ajuda Beth, de saltos e com um lindo vestido verde oliva, a descer.
- O importante é que eu vim. E se reclamar darei meia volta. Obrigada Leroy – diz Beth, fazendo uma leve careta para Annalize e um sorrisinho para o pajem.
- É Lorenzo – o rapaz diz.
- Sim. Sim. – ela faz um aceno com a mão – como quiser.
Annalize puxa Beth para mais perto da porta da carruagem entreaberta e recapitula o plano.
- Você irá até lá e procurará pelo soldado Thomas, explique a situação e que preciso falar com ele aqui, não deixe o delegado escutar.
- Eu sei. Eu sei! Já repetiu isso mil vezes. Confie em mim – ela diz piscando um olho. Annalize suspira.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pedra Negra
RomanceNo decorrer da história do mundo presenciamos objetos fazerem parte de nossas vidas, damos significados à eles e muitos atravessam gerações. Mas, o que é realmente interessante são as histórias de vidas inteiras que se atravessam nessas peças, entre...