Capítulo 49 - Rojões

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- De onde você conhece minha irmã? – Lonan pergunta, já que nenhum dos dois ao seu lado se pronunciava.

- Ir... Irmã? – Charlie gagueja.

- Sim.

- Ele me ajudou uma vez na cidade – Sihu fala rápido de mais – eu havia deixado cair... Uma coisa.

- Isso. Isso mesmo – Charlie enfatiza. No mesmo momento uma bola de pelos entra pela sala, abanando o rabo e com a língua para fora. Charlie abaixa-se e acaricia Lemon/Peter que se rende feliz ao carinho.

- Uhn. Certo. Não tenho tempo para isso agora, vamos logo. Conversaremos depois Sihu.

A jovem assentiu em silêncio. Quando os dois rapazes saíram pela porta, ela sentou-se e respirou fundo, Lemon/Peter deitou-se aos seus pés. Sentiu o perfume de Charlie e se perguntou o porquê de ficar tão nervosa, já que não havia acontecido nada de mais entre eles. Afugentou os pensamentos e começou a pensar em Annalize. Sihu gostou dela antes mesmo de conhecê-la pessoalmente. Além de ser a mulher que tocou o coração de seu irmão, era também uma pessoa lutadora e admirável. Não merecia o que lhe acontecia.

Mas na vida, nem sempre o que acontece é por merecimento. Tanto para o bem, quanto para o mal.

Fora da casa, Charlie insistia para Lonan acompanha-lo no cabriole. Lonan aceitou porque estava com pressa e seu cavalo precisava descansar. O caminho é feito em silêncio.

Deixando o cabriole e o pajem no início da estrada, caminham a trilha de pedras. Em frente aos grandes portões da Casa de Recuperação, Charlie bate a pesada argola. Uma portinhola abre-se acima, revelando uma pequena janela, onde aparece o rosto de um homem.

- Pois não? – Ele diz com voz grave.

- Olá... É... Nós gostaríamos de falar com quem está na direção do local.

- Nós quem? – O homem não é muito simpático.

- Sou Charlie Dawson e esse cavalheiro é o senhor Lonan...

- Hasegawa – Lonan sussurra.

- ...Hasegawa! – Charlie completa.

- Qual o assunto? – O homem os analisa com o olhar.

- Sinto muito, mas creio eu que é um assunto a ser tratado somente com a direção.

O homem dá uma olhada para trás e volta-se para eles.

- Esperem um momento – o homem diz e fecha a janela.

- Viu – Charlie volta-se para Lonan – com diálogo tudo se resolve.

Lonan cruza os braços descrente. Depois de um tempo a portinhola se abre novamente.

- Doutor Simon os receberá, mas vocês devem entrar pela outra entrada, ao norte. – O homem aponta.

Aqueles portões recebiam as carruagens com pacientes, funcionários e cargas. A entrada ao norte continha o setor administrativo e uma espécie de recepção. Charlie e Lonan caminharam até a dita entrada, dando em um portão médio, onde a passagem deles foi permitida. Depararam-se com um belo jardim, muito bem cuidado. As flores do campo passavam uma sensação de paz. Uma falsa paz, é necessário dizer-lhes.

Uma enfermeira que já estava à espera dos rapazes, os encaminha para a sala do doutor Simon. Mesa de madeira escura, estante de livros, cadeiras acolchoadas. O médico sorriu sem levantar-se de sua cadeira, quando Lonan e Charlie entraram.

- Sejam bem vindos – ele disse apontando para as duas cadeiras a sua frente.

Os jovens sentaram-se e apresentaram-se.

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