Capítulo 4

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Chego do colégio já com o endereço do local, juro que li e reli, mas não reconheci. Não sabia por onde ia, como ia, era algo para decifrar afinal de contas ela não me explicou nada e a forma como o endereço chegou nas minhas mãos foi bem estranha.

Vou para o meu quarto pego em outra mochila e coloco o material que talvez irei precisar. Vou para o closet e pego em uma t-shirt da puma, uns calções jeans da levi's e uns tênis da zanotti completamente brancos. Me visto e desço para almoçar antes de sair de casa.

Vou para a sala de jantar e arrasto uma cadeira logo que lá chego e me sento sem dizer nada. Meu almoço é servido e começo a comer. Os olhos da mulher sentada do outro lado da mesa não saem de mim, sinceramente as vezes incomoda.

A senhora perdeu alguma coisa aqui? - Falo apontando para mim mesmo.

Você devia me respeitar mais, eu sou sua mãe e mereço ao menos um cumprimento que seja da tua parte. - Ela parece indignada e  chateada, mas isso não é da minha conta.

Porquê que eu devia te respeitar se você não me respeita? - Coloco mais um garfo de comida na minha boca.

Tu nem tens noção do que dizes. - Me rio de suas palavras e tento evitar não dizer nada.

Okay. - Arrasto a cadeira e saio da mesa colocando a minha mochila nas costas.

Onde é que você vai? - Ela pergunta.

Brincar com os meus amiguinhos, devia fazer o mesmo e ir brincar com as suas amiguinhas. - Falo e saio sem notar a sua expressão facial e nem dando tempo para que ela saiba como se defender.

Vou andando pelo jardim da casa a procura do Álvaro para me levar no tal endereço.

Álvaro, preciso que você me leve nesse endereço aqui. - Mostrei-lhe o papel com as escritas.

Aq-ui? - Ele gagueja e ao mesmo tempo me questiona, geralmente quando eu peço para ele me levar ele só diz sim e nunca questiona nada, mas dessa vez foi bem diferente.

Sim, qual é o problema? - Pergunto mediante a sua expressão facial.

Eu acho que se eu lhe levar para essa zona os seus pais são capazes de me despedir ou talvez me matar. - Ele responde.

Eles não precisam de saber que você me levou né, e isso não é da conta deles. Apenas me leve eu preciso mesmo de ir é muito importante. - Falei já me colocando no carro. A porta do motorista foi aberta e o Álvaro posicionou-se no seu lugar ligando o carro.

Okay, mas prometa-me que não vai fazer nada e vai me esperar para sair daí, e também vai tomar muito cuidado porque não é uma zona apropriada para pessoas como o senhor.

E eu sou como Álvaro? - Perguntei.

Ah... o senhor sabe. - Ele fala envergonhado.

Não, não sei. 

O senhor é rico, prontos falei. Essa zona é uma zona pobre e um pouco perigosa, resumindo não é para o senhor. 

Calei-me depois de ouvir a última resposta do Álvaro. Deitei-me no banco de trás e fiquei a mexer no meu telemóvel deixando o tempo passar até chegar lá. Meu telemóvel começa a chamar, deslizo o dedo para atender a ligação.

Onde é que você está porra? 

Porquê?

Porque eu estou na tua casa e os empregados disseram que saíste sem avisar, qualê?

Jared quem te deixou sair da creche a essa hora?

Porra! Dá para ser sério um pouco? Fala onde você está.

Estou muito longe e talvez não volte.

Só podes estar a gozar, agora escondes coisas de mim?

Nós não somos casados, sua bicha assumida. Agora eu preciso mesmo desligar, mais tarde falamos Amor da minha vida HAHAHHHAHAHA, beijos desgraçado.

Desliguei o telefone logo que senti o carro parar. O Álvaro apontou para uma casinha ou seria um casebre? Minha expressão facial logo mudou quando olhei para aquele lugar. Era sujo, era arrepiante, parecia cenário de filme de terror resumindo era pobre. Onde é que estava com a cabeça quando resolvi aceitar isso? 

Hesitei em sair do carro por alguns minutos, foram por aí uns 10 minutos a olhar para o lugar sem sair do carro. Desci do carro, mas sempre sob a visão do Álvaro já que não havia trago segurança algum. Dei duas batidas na porta e nada, olhei bem para aquelas paredes e percebi uma campainha e toquei na mesma, logo em seguida obtive resposta. Uma voz que parecia sair da campainha ''Entre que a porta está aberta''. Empurrei a porta, logo que atravessei tais portões ouvi o Álvaro partir.

Caminhei um pouco mais me deparando com outra porta que também já estava aberta. Empurrei a mesma e logo que essa se abriu encarei um sofá, uma mesa, um quadro e ao lado do mesmo a nurd sentada rodeada de livros e sei lá mais o quê. Mesmo nesse angulo ainda não conseguia enxergar-lhe em condições. Porquê que ela se escondia tanto? O que tinha o seu rosto de errado? Era só mais nerd feia e dentuça como todas as outras, que mal tinha ver o que já havia sido visto e era padrão?

E aí, por onde começamos? - Perguntei olhando para aquele lugar que me parecia sujo para sentar ou fazer qualquer coisa que fosse.

Pelo pedido de desculpas. - Seus olhos continuavam postos no livro sem algum momento olhar para mim.

Que pedido de desculpas? Você só pode estar maluca.

Você já olhou para o relógio caro que tens no pulso e para o telefone caro que tens no bolso? 

O quê que eles têm a  ver?

Acho que eles não servem só para enfeitar, acho que eles também marcam as horas, se não estou errada. E pelo que me lembro, eu não marquei contigo de estudar duas ou três horas mais tarde. - Ela para de ler e junta as mãos sobre a mesa e leva o seu queixo sobre as mesmas.

Eu não acredito que você se importa assim tanto com as horas, você já não tem mais nada para fazer, eu tenho a certeza. E além disso você já viu o lugar para onde você me trouxe? E se eu apanho um tiro?

É um lugar normal, onde vivem pessoas normais como todos os outros. Se apanhar um tiro vai ser por merecer. Lamento informa-lo, mas aqui não é um palácio como a casinha do menino e já agora se não pedir desculpas não ajudo MERDA NENHUMA. 

Sua... Tua mãe não te deu educação não?!

Tenho a certeza que a educação que ela me deu foi bem melhor que a que a sua mãe te deu.

Com certeza, pelo menos a minha não andou a dar o cú para pagar o colégio milionário dos filhos.

Você está a chamar a minha mãe de puta? - Ela levantou a cabeça e me mirou. Seu rosto já era mais notável, e ela estava nervosa.

Se a carapuça serviu, que culpa tenho eu?! - Senti um estalo bem do lado direito do meu rosto me deixando bem vermelho de raiva. Empurrei-lhe contra a parede  com força e prendi os seus braços contra aquelas paredes, que com certeza deviam estar imundas, tenho que admitir que aquele acto de estar no comando me excitava. Minha vontade era dar um soco na cara dela, mas hesitei um pouco.

Apertei mais e mais os seus braços só para ter o prazer de ouvir ela implorar para que eu a largasse. Um único problema, ela sentia mas não admitia. Eu podia notar através daqueles óculos que ela queria chorar, mas ela não implorava para ser largada e eu tinha um problema maior eu não ia largar sem ela implorar...


NURDOnde histórias criam vida. Descubra agora