Capítulo 27

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KENYA ONIKA POV

— Kenya, espera aí vamos conversar. - Ele diz. Meus olhos estão inundando o meu rosto com as minhas lágrimas. Me sinto tão fraca, é uma sensação completamente diferente de alguma coisa que já houvesse sentido. 

Começo a correr de um lado para o outro a procura de algum rumo, porque me sinto tão perdida. Isso é assustador, nunca me imaginei nessa situação ainda mais por causa dele. Pensei que ele fosse só mais um e que não fizesse muita diferença, mas acontece que quem foi só mais uma que não fazia diferença fui eu e isso me deixa completamente no chão. Pois, é bem no chão em que estou agora, com o rosto sujo de lágrimas, com o vestido sujo e rasgado, com a maquilhagem a borrar-me o rosto, com lembranças invadindo a minha mente e o pior com a alma mais encardida que esse vestido quando me levantar do chão sujo da rua.

— Hey, levanta! - Ouço uma voz me chamar. A voz não é estranha, mas também não faz parte da rotina. Sem desviar minha atenção do chão respondo.

— Não! - Respondo rude entre o choro.
— Então eu vou me sentar no chão ao teu lado. - Ele diz e senta-se.
— O quê que queres? - Pergunto rude. Os soluços não param e a tristeza é evidente.
Só quero perceber o que se passou e porquê que estás assim. - Ele diz colocando uma das mãos sobre o meu ombro.

— Quem te disse que eu estava aqui? - Pergunto.
Foi o Zarid. Ele disse-me que passaste a correr e estavas a chorar e ele não te conseguiu conter. - O Jared explica.

— Ahnm, foi isso que ele disse?! Não te preocupes eu estou bem, só preciso de ir para a casa. Podes chamar um táxi? - Pergunto para ele que coloca a mão no meu queixo e encara-me. Seus olhos verdes não desviam dos meus. Eu acho que talvez ele esteja a tentar ''ler'' o que aconteceu em meus olhos.

— Não é justo, nós viemos aqui para nos divertirmos e além disso, eu tirei você de casa, por isso o meu dever é devolver-te. - Ele diz enquanto aproxima seu rosto do meu.
- Eu não quero estragar a tua noite, apenas quero desaparecer entre os meus lençóis hoje à noite. - Explico para o Jared que vai se aproximando mais.
- Não faz mal, vai tudo correr bem. - Ele puxa o meu rosto para bem mais perto e tenta juntar nossos lábios.
- Não Jared, por favor.  Apenas me leva para a casa. - Ele se levanta e em seguida me ajuda a levantar.

Caminhamos juntos até o carro dele. Ele abriu - me a porta do Porsche e eu o agradeci. O caminho foi um pouco longo e para piorar ninguém falava nada. Eu porque não tinha vontade alguma de falar apenas chorar e ele porque não sabia por onde começar. Uma situação bem pesada para ele, logo no primeiro encontro ele descobre que eu sou uma louca.

- Chegamos! - Ele avisa com um sorriso nos rosto.
- Obrigada por tudo, tenha uma boa noite.  - Despeço - me do rapaz loiro com um beijo na bochecha. Abro a porta do carro e sinto uma mão impedindo - me de continuar.
- Calma, é possível eu falar? - Ele pergunta olhando nos meus olhos.
- Claro. - Respondo forçando um sorriso para que ele se sinta à vontade.
- Eu sei que a noite não foi uma das melhores, não estava nos meus planos acabar assim. Para ser bem sincero nos meus planos era suposto acabarmos numa cama a foder, mas acontece que eu me encantei bem mais pela menina que eu só tinha visto por uma vez na festa e agora que eu tive  oportunidade de falar e conhecer, sinceramente pensei que isso fosse acabar bem melhor. Mas não importa, para que eu tenha uma boa noite tal como você disse, eu só preciso de uma coisa. Pode ser?
- Desde que não seja beijo, ou irmos para a cama podes tudo.
- Passa - me o endereço do idiota ou da idiota que te deixou nesse estado. - Ele diz sério.
- Não, não vai ser necessário.  - Tento fazê-lo desistir dessa ideia. Ele não sabe que eu e o Zarid nos pegamos e se depender de mim, ele não precisa saber.
- É preciso sim, estou disposto a estragar a cara do indivíduo que estragou a nossa noite. É o teu namorado não é? - Ele olha nos meus olhos, baixo rápido o rosto para desviar seu olhar.

— Ele... Ele... Ele não é meu namorado. - Respondo finalmente após tantas voltas.
— Eu sabia que era um ''ele'', não podia ser uma ''ela'' a te estragar a noite assim. Se ele não é teu namorado o quê que ele é teu? - Ele tira uma das mãos do volante e segura no meu rosto. Seus olhos verdes me intimidam um pouco.

— Ele não é meu nada, okay? - Grito e derramo mais algumas lágrimas mesmo sem querer.

— Claro que, se ele não é teu nada então ele não vai se importar que faça isso. - Senti os lábios molhados e rosados do menino loiro contra os meus sem eu poder dizer chega ou para ou sei lá. Rapidamente me afasto e saio do carro. Ele desce e corre até mim me impedindo de continuar.

— O quê que queres? - Pergunto chateada. E dou um sinal para os seguranças da minha casa não se aproximarem.

— Quero perceber porquê que choras, porquê que não me explicas o que te está acontecer e porquê que não me queres beijar se ele não é teu namorado tal como dizes. 
— São muitas perguntas, é impossível responde-las a todas. Lamento muito mas o meu cérebro ainda não está programado para isso. 

— Okay, vamos superar isso. Deixa eu cuidar de você e colocar curativos em todas feridas que ''ele'' deixou abertas. - Meus olhos piscam sem parar, não sei bem o que fazer. 

''Seria tão mau se eu o deixasse cuidar de mim?''



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