Capítulo 25

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O céu estava completamente escuro. A minha visão um pouco desfocada por ser de madrugada. A Kenya estava a dormir por cima do meu peito. Ela parecia um anjo dormindo, tirei-lhe por cima de mim com jeito para ela não despertar. Em bicos de pés saí da cama e fui até o casaco da Kenya no chão. Fui procurando nos bolsos o telemóvel até encontrar. Logo que encontrei-o agarrei e fui até o banheiro.

''Nós estamos tão bem, será que eu devo estragar isso?'' - Passo as minhas mãos pelo cabelo. ''Mas tudo o que eu quero são apenas respostas, não posso me envolver com alguém que não conheço bem...'' - Depois de tanto pensar decidi mexer no telemóvel dela.

Comecei pela agenda telefónica que não tinha nada de especial a não ser um nome que me chamou atenção e me podia ajudar no que eu precisasse. Tirei o número e passei para o meu telemóvel, depois fui nas imagens, videos qualquer coisa que me pudesse ajudar sem ter que aceder as mensagens pessoais dela, o problema era que não havia nada, absolutamente nada. Era tudo muito vago. Voltei a bloquear o telemóvel e a bicos de pés voltei para o quarto.

- Zarid... Volta para a cama. - Atrapalho-me e caio no chão atirando o telemóvel para de baixo do casaco quando ouço a voz da Kenya. Logo me levanto e ou até ela na cama. - Porquê que te levantaste? Agora onde é que eu coloco a minha cabeça? Deita aqui agora. - Ela manda com uma voz de sono. Ela é tão fofa. Me deito e coloco a cabeça dela por cima do meu peito, ela puxa a minha mão até a cabeça dela para fazer cafuné até ela voltar a pegar no sono.

Acordo e olho para o relógio, 09:03 a marcar. Me levanto da cama e saio do quarto, vou lá para baixo e peço para prepararem o pequeno almoço. Volto a subir e encontro - lhe sentada na cama. Vou até ela e beijo - lhe na bochecha.

- Bom dia amor. - Ela olha - me com uma expressão assustada ao ouvir - me pronunciar a palavra "amor".
- Bom dia Zarid. - Ela responde sem muito a dizer.
- Dormiste bem? - Pergunto - lhe.
- Sim e você? Posso ir tomar banho? - Ela pergunta.
- Também. Claro que podes. - Ela levanta - se da cama e caminha até o banheiro. Passando uns 5 minutos vou até a porta e bato.

- Sim Zarid? - Ela grita devido o barulho da água na banheira.
- Posso me juntar a ti para tomar banho? - Grito de volta.
- Não! - Ela responde.
- Por favor Kenya. - Peço para ela. Abro a porta sem ela dizer se podia, tirei as boxers e entrei na banheira.
- Eu disse não, você não ouviu? - Ela pergunta brava.
- Ouvir, eu ouvi né mas olha só para mim. Estou sujo preciso de carinhos. - Digo - lhe fazendo uma cara triste.
- Zarid, olha bem para mim e vê se tenho cara de madre Teresa?
- De madre Teresa não, mas de safada Kenya tem sim. Você tem 99% de santidade, mas esse 1% de sobra... menina alguém precisa te jogar água benta.
- Seu idiota. - Ela bate - me nas costas e eu rio - me dela.
- Idiota que você gosta. - Digo - lhe e ela fica brava.
- Não, eu te detesto.
- Gosta sim. Eu sei que você não me resiste amor.

Depois de tantas brigas na banheira, finalmente acabamos o nosso banho. Saímos do banheiro e fomos para o quarto. Peguei - lhe na mão e levei - lhe até o meu closet.

- O quê que queres? - Ela pergunta.
- Quero que pegues uma t-shirt e uma calça, porque eu não te vou deixar voltar assim para a casa. - Digo - lhe.
- Eu não preciso. E tens noção de que essas tuas roupas não me servem né? - Ela pergunta.
- Por isso mesmo é que eu pedi para um dos empregados comprar isso para ti. - Estendo a caixa na direcção dela.
- Lamento, mas eu não posso aceitar. - Ela diz empurrando a caixa para mim.

- Porquê? Não penses que te estou a tentar comprar, é apenas um presente, por favor aceita.
- Okay. Eu vou vestir na casa de banho. - Ela saiu do closet com a caixa, enquanto me arrumava.

Peguei nos meus calções brancos da Zara, uma t-shirt branca da LV, calcei os meus tênis da Versace e coloquei no meu pulso o meu rélogio da ROLEX. Saí do closet e fui para o quarto onde ajudei uma das empregadas a acabar de colocar a mesa do lado da varanda do quarto. Sentei-me enquanto esperava pela Kenya. Depois de uns bons minutos a espera, a porta do banheiro é aberta vejo a rapariga dos cabelos afro, cor de chocolate deslizar num vestido de cor branca da Versace e uns sapatinhos brancos a condizer também da Versace. As curvas dessa mulher um dia me vão matar, se só de olhar elas já deixam zonzo. Puxo-lhe a cadeira e ela senta.

- Permita-me dizer que estás completamente linda. - Eu digo para ela.

- Agradeço imenso. - Ela agradece e começa a comer, tal como eu.
- Então, hoje não tens pressa como sempre? - Pergunto enquanto bebo o café quente.

- Hoje é sábado. - Ela responde.
- Os teus pais não se vão importar ou seja eles não darão conta que não dormiste em casa?
- Meu pai pode até supor, mas vai precisar de bases sólidas para me confrontar. Meu pai sabe perfeitamente que sem bases sólidas para me acusar, não há nada. Ele precisa de argumentos sólidos e eu sei que ele não tem. - Olho bem para ela que sorri antes de dar um gole no seu café com leite.

- Você... Você não é muito normal...
- Eu tenho a certeza de que se fosse normal, os teu olhos nunca iam brilhar como agora.
- Por favor... Posso perguntar?

- Depende.
- De?

- Tudo.

- Okay... Quem é a Kenya?
- É menina que está sentada aqui agora a responder essa pergunta parva.
- Porra Kenya! Seja mais séria, por favor.

- E eu fui.
- Porquê que você nunca fala sobre os seus pais, irmãos etc?
- Porque não é importante.

- Para mim é. Eu gosto de ti e saber coisas sobre ti é muito importante para mim.
- Eu também não sei nada sobre ti, mas estou aqui feliz e não passo a vida a te interrogar sobre isso ou aquilo Zarid.

- Mas você sabe coisas sobre mim, você conhece a minha mãe, sabe que tenho duas irmãs, sabe que sou um drug dealer, que sou um menino mimado, que tenho problemas graves com os meus pais, etc. Isso você sabe.
- Algumas coisas eu não sabia, mas obrigada pela informação. E as coisas que eu sabia descobri sozinha, você nunca me falou nada, por isso faz a tua parte e dá o teu exemplo.
- Kenya, as coisas não funcionam... - Meu telemóvel começa a chamar.
- Hey, atende. Não é educado deixar a namorada à espera. - Ela aponta para o telemóvel.

Atendo o telemóvel e quando me viro, a menina dos cabelos afro já não está. DAMN! Essa miúda funciona como fantasma.




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