Capítulo 68

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ZARID RAIDER MALIK  POV


Já fazia algum tempo desde que ela havia saído do hospital. Ela vivia trancada na porcaria daquele quarto, sem falar com ninguém. Para comer era necessário a avó ou a Mónica pedir muito, porque o pai dela nem tinha coragem de falar com ela, porque sempre que ele tentava, ela se afastava. Eu tentava, mas nunca era o suficiente. O Jared tentava e já tinha mais consideração que eu. A Bonnie tentava e tinha mais consideração que eu e o Jared. Era estranho estarmos no mesmo espaço territorial e ela não comunicar, era algo que me afligia de certa forma.

— Kenya, ainda não tocaste na comida. - A Mónica faz uma observação e como sempre ela mantém-se calada. 
— Kenya... - O pai dela chama - lhe e ela olha para ele durante um tempo sem dizer absolutamente nada.
—  Desculpa! - É tudo o que ela diz antes de sair da mesa a chorar. Era quase sempre assim.

A Mónica vai atrás dela como sempre fazia. O pai dela sai da mesa e tranca - se no escritório, porque se sentia incapaz. E os jantares eram quase sempre assim.

Ela não comia e quando come-se tirava para fora, eu fingia que não sabia para evitar mais coisas. Ela está tão magra, um pouco pálida, e ingere anti depressivos a cada minuto que passa. Ela tem marcas no corpo que só ela mesma é capaz de explicar, mas ela não o faz, prefere manter-se calada e matar-se por dentro.

Eu e o Jared fomos para as nossas casas. Odiava ir para a casa, mas odiava mais ainda ter de ver - lhe sofrer sem abrir a boca. Era difícil, muito difícil.

Logo que entro em casa encontro todos sentados a volta da mesa a comer, incluindo a minha futura mulher, respiro fundo e avanço os passos.

— Boa noite! - Cumprimento para parecer educado, coisa que não sou. Todos os olhares são postos sobre mim, assim que os cumprimento. A Candace parece bem furiosa, mas não diz porra nenhuma.

Caminho até o elevador, carrego nos botões e por fim chego ao meu quarto. Só consigo pensar numa maneira de obrigar - lhe a falar.

— Meu menino tens muito para me explicar! - Viro - me e vejo a Candace na porta.
— O quê que foi? - Pergunto descontraído.
— Não te faças de desentendido se não eu voo - te a cara Zarid.  - Ela diz histérica.
— Não sabia que voavas. - Digo e ela parece se irritar mais.
— Eu não sei o que se está a passar, mas aviso-te já que se não voltares a estabilizar  as coisas não verás o teu filho nunca. - Ela diz num tom ameaçador fazendo-me ficar nervoso.
— Tu estás a ameaçar-me? - Pergunto com um pouco de irritação na voz.
— Não, só te estou a tentar mostrar que o que tu me tens feito é errado e ninguém nem mesmo a preta merece isso. Tu estás errado admite e para de fingir que tens tudo sobre o controle, tu não tens, tu passas a vida a fugir das tuas responsabilidades, eu não vou falar mais nada porque eu acho que você já percebeu. - Ela moveu o seu corpo magro que parecia ter o mesmo peso, mesmo tendo uma barriguinha saliente por causa da gravidez até a porta. — Ah... e antes que me esqueça, por favor não faças nada para depois te arrependeres. - Ela avisa e sai do quarto.

Eu tinha raiva da Candace, mas ela tinha razão o que eu estava a fazer com ela não se fazia. Eu devia era cuidar dela, estar do lado dela para o que ela precisasse, ajudar-lhe e tudo mais, mas não eu desapareci por um mês e mais alguma coisa sem dizer absolutamente nada.

Esses pensamentos me torturaram a noite toda até cair no sono. A porra do despertador tocou pela manhã, levantei e fui até o banheiro tomei um banho rápido e fui para o closet. Peguei numa t-shirt branca da Gucci, uma calça jeans rasgada no joelho preta da Levi's, calço os meus sneakers brancos da Adidas e um casa preto da Hermes. Pego na mochila e saio do quarto, sento-me na mesa e sou o centro das atenções.

NURDOnde histórias criam vida. Descubra agora