Capítulo 17

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- Com que então é oficial? - Uma voz bem familiar me desperta.

- Claro Jared, não vês? - A Candace responde.

- LOL, nem parece nada teu meu menino, mas boa sorte aí com isso. - O Jared diz.

- Obrigado! - É a única coisa que sai da minha boca. A ficha ainda não tinha caído.

- Amor já volto. - A Candace deposita mais um beijo nos meus lábios e desaparece com um sorriso enorme nos lábios.

Os olhos do meu amigo não saem de mim, é bem desconfortável isso. Na verdade eu sei porquê que os olhos dele não desgrudam de mim.

- Tu tens certeza disso que estás a fazer? - Ele pergunta.

- Claro que sim. - Respondo.

- Raider, você não consegue nem mentir para você mesmo, imagina para mim que sou a tua sombra.

- Deixa tudo como está, tudo vai ficar bem.

- Okay. - Ele simplesmente responde.

Pego nas minhas coisas e vou para casa. Hoje o dia era meu e da minha querida Louíse e se eu falhasse com ela eu falhava comigo mesmo, pelo menos eu tenho medo de fazer com a Louíse o que Déborah não teve medo de fazer comigo.

Chegamos em casa depois de uns 20 minutos. Casa vazia, nenhum sinal que viviam pessoas aí, só os empregados circulavam de um lado para o outro. A Louíse dormia no meu colo, depois de ter feito um monte de perguntas e eu ter tentado responder.

- Boa tarde menino Zarid. - Uma das empregadas mais velhas me cumprimenta com um beijo na testa.

- Boa tarde tia Ana. Posso saber se os meus pais já ligaram? - Respondo educadamente.

- Ainda não senhor. A menina Louíse está bem?

- Está sim, obrigada pela preocupação.

- Eu vou leva-la para o quarto dela. - A mulher estende os braços para que eu entregue a minha menina.

- Não, ela vai ficar comigo lá no meu quarto. - A mulher assente com a cabeça e desaparece do meu campo de visão.

Vou até o elevador e subo até o meu quarto. Coloco a Louíse na cama com cuidado para que ela não acorde. Ligo o PC, entro no skype e vejo a Déborah online penso várias vezes se ligo ou não, mas antes que concluí-se alguma coisa lá estava ela a ligar, agora o dilema era atender ou não. Depois de longos 5 minutos a pensar, decidi atender uma das suas ligações.

SKYPE ON

- Mano! - Ela grita excitada.

- Hey! - Respondo seco.
- Estás bem?

- Indo e você?
- Estou óptima.
- Bom saber que estás óptima. - Nós ficamos completamente em silêncio por longos minutos.

- Bom, eu acho... que... é tudo.
- Pois, também acho.
- Então... Tchau. - Quando eu ia responder a Louíse colou-se a frente da câmera.

- Olá mana, tenho saudades. Quando é que voltas? - A Louíse diz para a Déborah que fica envergonhada.
- Eu acho que ela já vai embora mana. - Digo para a Louíse que fica triste.

- Eu... desculpa! - Ela diz e começa a chorar.

- Déborah, eu te amo muito, mas... eu não consigo... - Digo.

- Eu sei, eu não queria que isso acontecesse assim. Obrigada por fazer pela Lou o que não consegui fazer contigo. - A menina cheia de maquilhagem tem o rosto borrado.
- Eu amo tanto a Louíse, tanto quanto eu amo você porque vocês são as únicas irmãs que tenho, mas eu nunca seria capaz de abandonar a Louíse como você me abandonou. Você prometeu que estaria sempre aqui para mim, na primeira brecha que você teve de se livrar dos teus pais você foi e cortou o contacto com todos, até comigo...
- Desculpa, desculpa... Eu nunca quis que isso acontecesse assim, mas você sabe que viver com os teus pais não é fácil. A mamã nem olhava para mim, o pai então sempre ocupado eu não sabia lidar com isso, eu via outras crianças com suas famílias felizes e eu perguntava porquê que eu não podia ser feliz tal como elas, eu entrei em depressão e quando os pais me internaram, eu decidi nunca mais voltar.

- Eu não te odeio, mas eu também não te consigo perdoar...
- Zarid... - A menina olha para mim com o rosto cheio de lágrimas e antes que ela podesse dar continuidade desliguei o PC.

SKYPE OFF

"Irmãos nos defendem, não nos abandonam". - Pensei.

- Louíse queres gelado? - Pergunto a Lou para me desfazer daquele clima.
- Sim mano. - Ela responde sorridente. Pego - lhe no colo e descemos. Passamos o dia inteiro na sala deitados no sofá a brincar.

NURDOnde histórias criam vida. Descubra agora