Capítulo 21

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"Pensa rápido para sair dessa merda". - Meu subconsciente apitava. Alarme de emergência.

- Acho que não me estou a sentir nada bem. - Coloco a mão na cabeça e finjo tontura, consigo ouvir a voz do Zarid a perguntar o que se está a passar. O Vinny me concentra e eu continuo a fingir fazendo a Bonnie alarmar.

- Jeo agarra a Kenya, não vês que ela não está bem. - A Bonnie diz para o Jeonnie que me agarra em seguida.

- Calma querida nós te vamos levar para o quarto. - A namorada do Jeonnie diz para mim, enquanto ele me carrega para dentro da casa.

O Jeonnie leva-me até o quarto da Bonnie colando-me na cama. E deposita-me um beijo na testa logo em seguida.

- Queres que fiquemos aqui contigo? - A Bonnie pergunta.

- Não, vai aproveitar a tua festa, eu não vou morrer hoje se preocupem. - A Bonnie concentra-me e eu dou-lhe um sorriso.

Enfim eles me abandonam no quarto. Sento-me na cama e endireito o cabelo. Procuro o meu telemóvel nos bolsos e quando acho ouço a porta do quarto abrir. Olho imediatamente para a porta e vejo o Vinny. Meu coração acelera, eu tenho medo , mas o objectivo aqui é não mostrar.

- Hey, como te sentes? - Ele vem na minha direcção disposto a sentar na cama.

- Não me toca. - Aviso.

- Uau... Eu só quero saber se já te sentes melhor. - Ele senta-se na cama e eu me afasto um pouco.

- Estou óptima, agora vai embora por favor. - Falo rude.

- Tens medo? - Ele encosta mais e eu me afasto mais.

- Medo de? - Meus olhos estão inquietos percorrendo o quarto.

- De mim é claro. - Ele se aproxima mais.

- Claro que não, estás parvo? - Eu tento me afastar e ele agarra o meu braço com força.

- Que história é essa de estar namorando? - Seus olhos cor de meu estão focados em meus olhos castanhos. Meu medo é bem mais forte que eu e ele consegue notar.

- Isso não é da tua conta. - Tento me desfazer dos braços dele.

- Tu sabes que tudo que tem a ver contigo é da minha conta, tua sabes que eu gosto tanto de ti minha Onika baby. - Ele se aproxima mais e tenta beijar-me. Meu medo e raiva falam por si, empurro-lhe e levanto da cama.

- Seu desgraçado, nunca mais encosta em mim! - Grito e sinto uma lágrima querer cair, respiro fundo e me acalmo.

- Para com isso, pra quê tanta mágoa?

- Rhum... porra já não basta me teres traumatizado o suficiente? Me deixa em paz. - Imploro, enquanto limpo as minhas lágrimas.

- Tu sabes que eu gosto muito de ti. Posso até dizer que te amo, e tudo que aconteceu é passado, afinal foi só um correctivo, porque até estavas a pedi-las. - É engraçado isso que ele falou.

- Tu me espancaste, me deixaste em coma. Me deixaste marcas no pescoço e no braço, sem falar das marcas inapagáveis que estão na minha memória e você diz que me ama e que estava a pedi-las?

- E estavas.

- Filho da puta! Até para a minha mãe eu te apresentei e você foi capaz de me espancar, o mais engraçado é que eu nunca contei para ninguém porque gostava de você, fui capaz de inventar que um carro passou por cima de mim, só para não ter que dizer que foste tu. Eu gostava muito de você, até você me obrigar foder com você e depois me espancar, aí eu ganhei nojo e ódio...

- Não era suposto ser assim se fizesses tudo como eu te disse para fazer. Tu foste parva quando te importaste mais por uma mala e uns saltos, do que com as minhas vontades.

- Eu não sou escrava seu... Eu nem quero olhar na tua cara, olha no que você me transformou?

- Eu transformei você num ser melhor, eu consigo ver isso...

- Tu nada! Fora desse quarto, a próxima vez que nos cruzarmos não olha para mim, não fala para mim, nem respira do meu lado seu nojento, se não eu mesma te fuzilo.

- Hoje você está nervosa, amanhã com mais calma eu irei até a tua casa meu anjo e nem te atrevas a não estar, até no inferno eu te acho. - Ele beija a minha testa e sai do quarto.

Limpo as minhas lágrimas e tento respirar fundo, procuro o telemóvel na cama e logo que acho dou conta que o Zarid ainda estava em linha. ''Agora o quê que eu faço?'' - Pensei logo que vi a chamada a contar. Peguei no telemóvel e coloquei na orelha sem pronunciar nenhuma palavra.

- Kenya! Kenya! Kenya! Eu sei que você está aí eu consigo ouvir a tua respiração. - O Zarid chama-me várias vezes.

- Sim Zarid? - Tento disfarçar.

- Ele te bateu? - Ele pergunta.
- Zarid não quero entrar em detalhes sobre a minha vida.

- Responde o que eu perguntei.

- Não vou responder nada, cuida da tua vida.

- Okay, avisa a esse tal que eu vou lhe achar e vou fazer com ele muito pior do que ele fez contigo.

- Zarid! - Chamo por ele, mas ele já havia desligado.

''Merda!''. - Saio do quarto da Bonnie já recomposta e vou ter com os pais dela pedir alguém para me levar para a casa. Eles disponibilizam o motorista para me levar para a casa. Me despeço deles e também da Bonnie. Entro no carro e sou levada para a casa.

- Já voltaste? Tão cedo meu amor. - A minha avó diz para mim.

- Sim avó, não me sinto muito bem. Preciso ir para casa agora mesmo, desculpa eu vou arrumar as minhas coisas.
- O quê que se passa? - Ela me segue até o meu quarto, onde pego nas poucas coisas e coloco na pequena mala.

- Desculpa mesmo. - Beijo-lhe na testa e saio do quarto.

A viagem é bem longa daqui para a casa. Adormeço várias vezes até chegarmos ao meu real destino. Quando chego já são 3h da manhã. Olho para o relógio e peço um táxi. Entro no carro com a pequena mala, chego ao meu destino em 15 minutos.

Agora no meu relógio marcam 3h30. Eu estou sentada em uma das cadeiras do quarto com a visão direccionada para a cama. Minhas pernas estão cruzadas , as luzes do quarto apagadas, mas a luz da janela que atravessa o quarto reflecte a minha imagem.

Ele move-se na cama várias vezes até abrir os olhos. Olha para a janela e consegue ver minha imagem reflectida pela luz.

- Quem é você? - Ele pergunta com uma voz ensonada.

- ... - Da minha boca ele não obtém resposta.

- Kenya é você? - A visão dele já está melhorada, tal como a voz.
- Sim Zarid. - Respondo.

- Como você conseguiu entrar aqui? - Ele pergunta. A Louíse se mexe um pouco na cama e ele levanta e vem na minha direcção para não incomodar a Louíse.

- Essa é uma pergunta muito estúpida, para mim não existem lugares difíceis de aceder. - Respondo.
- Ás vezes você me dá medo. - Ele fala enquanto se coloca a minha frente com as boxers da Calvin Klein pretas.
- Você faz o mesmo comigo. - Os meus olhos estão mais focados no volume por de trás das boxers do que no rosto dele.
- Como é que estás? O quê que queres a essa hora? - Ele pergunta e coça a cabeça a seguir. Meus olhos percorrem seu corpo tatuado até chegar ao rosto.
- É possível sentir sentir a tua língua entre as minhas pernas? - Ele me olha pasmo a procura da resposta.


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