Capítulo 58

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CAROLINE VICENTE

Acordo e vejo que a cama continua arrumada como nos outros passados dois dias, hoje é o terceiro dia que a Kenya não aparece aqui. Agora estou realmente preocupada, a última vez que vi-lhe ela me tinha dito que estava a ir para o Café onde o Michael trabalha que fica bem aqui perto do Campus. O Michael disse que ela esteve lá e depois foi-se embora. Nesse mesmo dia liguei imensas vezes para ela e não fui atendida, deixei milhares de mensagens e idem. Nesse mesmo dia fui até o quarto do Ryan ver-lhe já que agora eles falam razoavelmente bem e ele também não estava, liguei para ele inúmeras vezes e também não fui correspondida exactamente como a Kenya, hoje é terceiro dia que não vejo o Ryan e isso está a dar-me cabo.

No princípio nem liguei pensei que os dois pudessem estar bem ocupados e que lhes estava a atrapalhar, mas ela não me disse nada, nem mesmo ele. Não me preocupei durante dois dias, mas hoje é o terceiro e já não consigo não me preocupar.

Coloco uma calça olímpica da Adidas e uma t-shit da Adidas também, calço os meus chinelos e vou até a recepção falar com a mulher que fica lá.

— Bom dia! - Digo meio agitada.

— Bom dia menina Vicente! O que deseja? - A mulher responde-me educadamente como sempre.

— A minha colega de quarto não dorme aqui há três dias, já liguei para ela milhões de vezes e ela não atende, deixei mensagens e ela não responde. - Digo meio desesperada.

— Há três dias e menina só vem falar hoje? - Ela pergunta.

— Eu pensei que ela estivesse ocupada a fazer coisas de adultos se é que me entende. - Digo.

— Pensou? - A mulher continua com as perguntas parvas.

— Pensei po... - Travo as minhas palavras respiro fundo e continuo. — Por acaso eu não posso pensar? - Pergunto a ela.

— Claro que pode. E agora ela está ou não está a fazer tais coisas? - Ela pergunta. Por um momento quis rir mas manti-me séria.

— Eu não sei, como eu já disse ela não diz absolutamente nada. - Explico.

— Okay, eu vou chamar a polícia. - Abanei a cabeça afirmativamente e sentei-me a espera.

Logo que a polícia chegou a mulher recepção vai ter com eles e explica algo que não sei porque não ouço. Quando eles terminam de falar com ela se dirigem a mim.

— Bom dia menina! - Eles dizem. — Podemos falar com a menina?

— Podem sim. - Respondo e sento-me outra vez.

— Então há quanto tempo a sua amiga está desaparecida? - Eles perguntam.

— Há exactamente três dias. - Digo.

— Ela não disse-lhe nada antes de desaparecer? - Eles continuam o interrogatório.

— Não, ela apenas despediu-me a dizer que estava a ir ao Café que fica a dois minutos do campus. - Explico.

— Ela não tem amigos aqui na cidade? - Eles perguntam.

— Não, ela é nova por aqui. Ela nem se quer vivia nesse país. - Continuo a explicar.

— E já avisaram a família? - Eles perguntam.

— Não, eu não sei como falar isso para o pai dela. - Digo e as lágrimas começam a cair. — Por favor achem ela. - Peço aos homens que me dão um sorriso gentil e vão ter com a mulher da recepção para pedir o número do pai da Kenya e avisarem.

Mr. VAZ

— Alô! É possível falar com o senhor Vaz? - Um homem pergunta.

— Sim, está a falar com ele. - Respondo.

— Senhor Vaz daqui fala a polícia, nós queríamos avisar-lhe que a sua filha está desaparecida há três dias. - O homem diz e eu levanto da cama.

— Como? - Pergunto em alto e bom tom.

— Amor o quê que se passa? - A Mónica pergunta preocupada.

— Não sabemos senhor, tudo o que sabemos é que ela despediu a dizer que ia ao Café que fica frente ao campus universitário e daí não voltou mais para a casa. - O homem explica.

— Há três dias que a minha filha desapareceu e só fico a saber hoje?! Cambada de incompetentes. Eu vou já para aí. - Desligo o telemóvel sem dar tempo de o homem continuar a explicar.

— Amor o quê que foi? - A Mónica pergunta preocupada.

— A Kenya está desaparecida há três dias, saiu do maldito campus universitário para ir a um café e desapareceu. Há exactamente três dias, e esses imbecis só me avisam hoje. - Grito em frustração.

— Amor! Amor! Amor calma! - A Mónica diz e solto um riso irónico.

— Mónica não me peça para ter calma, só porque você não pode ter filhos não significa que eu não tenha, é a minha única filha que está desaparecida numa outra parte do mundo, só porque você não é mãe dela não precisa fingir que não se importa. - Falo e vejo a minha mulher abandonar o quarto apenas de robe.

Talvez eu tenho sido muito duro com ela, mas eu estou nervoso porque minha filha desapareceu, a minha única filha, tudo o que me restou da mãe dela. Nesse momento eu só queria saber onde estava a minha filha.

"Quando eu achar a Kenya, ela nunca mais vai sair daqui de perto de mim. Ela nunca mais vai viajar sozinha ou estudar sei lá aonde eu não esteja, ela vai ter que voltar a andar com os seguranças que ela recusou querendo ou não„

"Será que ela foi sequestrada e as pessoas querem dinheiro?„ Não me importaria quanto, eu pagaria para ter a minha filha de volta. Volto a sentar na cama e as lágrimas são inevitáveis.

JARED LETO

Desde que a Caroline ligou para mim a chorar a dizer que a Kenya desapareceu eu não voltei a pregar o olho. Liguei para o Zarid mas o telemóvel dele está desligado, exactamente há três dias que o Zarid não põe os pés no colégio, já liguei para ele o telemóvel está desligado, já liguei para ambas as casas dele, mas as respostas são sempre as mesmas, que ele desapareceu há três dias e não disse nada a ninguém tal como faz as vezes, nem a Candace sabe nada.

Eu estou parado a tentar entender o que aconteceu, porque eu liguei para a Kenya e ela não me atendeu, não respondeu as minhas mensagens. Eu liguei para a Bonnie que é a melhor amiga dela e disse que também estava a tentar falar com ela e não obtinha resposta. Hoje quando acordo vejo a Caroline a ligar e a primeira coisa que me diz é que a minha amiga desapareceu, simplesmente sumiu, evaporou.

"Onde você se meteu Kenya?„ 

NURDOnde histórias criam vida. Descubra agora