CAROLINE VICENTE
Acordo e vejo que a cama continua arrumada como nos outros passados dois dias, hoje é o terceiro dia que a Kenya não aparece aqui. Agora estou realmente preocupada, a última vez que vi-lhe ela me tinha dito que estava a ir para o Café onde o Michael trabalha que fica bem aqui perto do Campus. O Michael disse que ela esteve lá e depois foi-se embora. Nesse mesmo dia liguei imensas vezes para ela e não fui atendida, deixei milhares de mensagens e idem. Nesse mesmo dia fui até o quarto do Ryan ver-lhe já que agora eles falam razoavelmente bem e ele também não estava, liguei para ele inúmeras vezes e também não fui correspondida exactamente como a Kenya, hoje é terceiro dia que não vejo o Ryan e isso está a dar-me cabo.
No princípio nem liguei pensei que os dois pudessem estar bem ocupados e que lhes estava a atrapalhar, mas ela não me disse nada, nem mesmo ele. Não me preocupei durante dois dias, mas hoje é o terceiro e já não consigo não me preocupar.
Coloco uma calça olímpica da Adidas e uma t-shit da Adidas também, calço os meus chinelos e vou até a recepção falar com a mulher que fica lá.
— Bom dia! - Digo meio agitada.
— Bom dia menina Vicente! O que deseja? - A mulher responde-me educadamente como sempre.
— A minha colega de quarto não dorme aqui há três dias, já liguei para ela milhões de vezes e ela não atende, deixei mensagens e ela não responde. - Digo meio desesperada.
— Há três dias e menina só vem falar hoje? - Ela pergunta.
— Eu pensei que ela estivesse ocupada a fazer coisas de adultos se é que me entende. - Digo.
— Pensou? - A mulher continua com as perguntas parvas.
— Pensei po... - Travo as minhas palavras respiro fundo e continuo. — Por acaso eu não posso pensar? - Pergunto a ela.
— Claro que pode. E agora ela está ou não está a fazer tais coisas? - Ela pergunta. Por um momento quis rir mas manti-me séria.
— Eu não sei, como eu já disse ela não diz absolutamente nada. - Explico.
— Okay, eu vou chamar a polícia. - Abanei a cabeça afirmativamente e sentei-me a espera.
Logo que a polícia chegou a mulher recepção vai ter com eles e explica algo que não sei porque não ouço. Quando eles terminam de falar com ela se dirigem a mim.
— Bom dia menina! - Eles dizem. — Podemos falar com a menina?
— Podem sim. - Respondo e sento-me outra vez.
— Então há quanto tempo a sua amiga está desaparecida? - Eles perguntam.
— Há exactamente três dias. - Digo.
— Ela não disse-lhe nada antes de desaparecer? - Eles continuam o interrogatório.
— Não, ela apenas despediu-me a dizer que estava a ir ao Café que fica a dois minutos do campus. - Explico.
— Ela não tem amigos aqui na cidade? - Eles perguntam.
— Não, ela é nova por aqui. Ela nem se quer vivia nesse país. - Continuo a explicar.
— E já avisaram a família? - Eles perguntam.
— Não, eu não sei como falar isso para o pai dela. - Digo e as lágrimas começam a cair. — Por favor achem ela. - Peço aos homens que me dão um sorriso gentil e vão ter com a mulher da recepção para pedir o número do pai da Kenya e avisarem.
Mr. VAZ
— Alô! É possível falar com o senhor Vaz? - Um homem pergunta.
— Sim, está a falar com ele. - Respondo.
— Senhor Vaz daqui fala a polícia, nós queríamos avisar-lhe que a sua filha está desaparecida há três dias. - O homem diz e eu levanto da cama.
— Como? - Pergunto em alto e bom tom.
— Amor o quê que se passa? - A Mónica pergunta preocupada.
— Não sabemos senhor, tudo o que sabemos é que ela despediu a dizer que ia ao Café que fica frente ao campus universitário e daí não voltou mais para a casa. - O homem explica.
— Há três dias que a minha filha desapareceu e só fico a saber hoje?! Cambada de incompetentes. Eu vou já para aí. - Desligo o telemóvel sem dar tempo de o homem continuar a explicar.
— Amor o quê que foi? - A Mónica pergunta preocupada.
— A Kenya está desaparecida há três dias, saiu do maldito campus universitário para ir a um café e desapareceu. Há exactamente três dias, e esses imbecis só me avisam hoje. - Grito em frustração.
— Amor! Amor! Amor calma! - A Mónica diz e solto um riso irónico.
— Mónica não me peça para ter calma, só porque você não pode ter filhos não significa que eu não tenha, é a minha única filha que está desaparecida numa outra parte do mundo, só porque você não é mãe dela não precisa fingir que não se importa. - Falo e vejo a minha mulher abandonar o quarto apenas de robe.
Talvez eu tenho sido muito duro com ela, mas eu estou nervoso porque minha filha desapareceu, a minha única filha, tudo o que me restou da mãe dela. Nesse momento eu só queria saber onde estava a minha filha.
"Quando eu achar a Kenya, ela nunca mais vai sair daqui de perto de mim. Ela nunca mais vai viajar sozinha ou estudar sei lá aonde eu não esteja, ela vai ter que voltar a andar com os seguranças que ela recusou querendo ou não„
"Será que ela foi sequestrada e as pessoas querem dinheiro?„ Não me importaria quanto, eu pagaria para ter a minha filha de volta. Volto a sentar na cama e as lágrimas são inevitáveis.
JARED LETO
Desde que a Caroline ligou para mim a chorar a dizer que a Kenya desapareceu eu não voltei a pregar o olho. Liguei para o Zarid mas o telemóvel dele está desligado, exactamente há três dias que o Zarid não põe os pés no colégio, já liguei para ele o telemóvel está desligado, já liguei para ambas as casas dele, mas as respostas são sempre as mesmas, que ele desapareceu há três dias e não disse nada a ninguém tal como faz as vezes, nem a Candace sabe nada.
Eu estou parado a tentar entender o que aconteceu, porque eu liguei para a Kenya e ela não me atendeu, não respondeu as minhas mensagens. Eu liguei para a Bonnie que é a melhor amiga dela e disse que também estava a tentar falar com ela e não obtinha resposta. Hoje quando acordo vejo a Caroline a ligar e a primeira coisa que me diz é que a minha amiga desapareceu, simplesmente sumiu, evaporou.
"Onde você se meteu Kenya?„
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NURD
عشوائيEla era tão inocente, mas tão inocente que de inocente não tinha nada. Ela era cheia dos mistérios. Mistérios esses que se escondiam por trás de um par de óculos enorme, um cabelo super desarrumado, uma saia compridona e umas camisas de mangas com...