— Menina Vaz passasse alguma coisa? - O professor se dirige a mim.
— Quando digo que ela é maluca você não acredita, ainda há tempo de desistir. - A Candace diz para o Zarid.— Cala a boca! - Ele responde e os olhares continuam sobre mim a espera que eu diga alguma coisa.
— Meninos já chega! Menino Frederic sente-se ao lado da menina Vaz e vamos começar a aula. - O professor ordena.
Ele sorria para a turma, enquanto olhava para mim. Eu estava completamente aterrorizada e sem saber o que fazer na minha cabeça só haviam duas opções ''correr ou morrer'', confesso que naquele momento eu preferia a última, porque parecia que se corresse ele me acharia e me faria mal outra e outra vez, mas se morresse ele podia até saber onde estava, mas nunca faria nada comigo.
Despertei dos meus pensamentos medonhos quando ouvi o barulho da cadeira do lado ser arrastada, meu coração acelerou. Ele sentou-se e virou-se para mim como se nada tivesse a acontecer, se calhar nada estava mesmo a acontecer era só o meu estuprador a tentar meter conversa comigo, o que mais havia de errado?
— Olá! - Ele diz sorridente. Eu gritava interiormente, porque no exterior eu não tinha coragem e mesmo que tivesse, a minha voz nem sequer sairia. — Sentiu saudades? - Ele morde o lábio inferior e num movimento rápido coloca a mão sobre as minha pernas e acaricia. Logo que senti a sua mão pesada sobre mim levantei e saí da sala a correr abandonando todos os meus pertences.
Corri até a parte de trás do colégio tentei me acalmar o máximo, mas eu sabia que precisava sair daí porque não ficava muito difícil de ele me achar, como não conseguia mesmo ficar calma abandonei o colégio sem pensar duas vezes. Tudo o que eu sei é que eu corri, corri e corri, quando dei por mim eu já estava em casa deitada na cama encolhida a tremer compulsivamente.
Já estou fechada no banheiro a mais de duas horas a chorar sem controle. ''Eu só quero ir embora. Eu só quero desaparecer ou pelo menos que ele desapareça''. - Meus pensamentos se repetem. Estou sentada no chão com a saia e o casaco manchados e já não raciocínio da mesma forma. Estou com uma lamina na mão e com o braço a sangrar de repente a porta da casa de banho se abre e a gritaria começa.
— Mas... que porra é essa Kenya? - O Zarid grita ao me ver no chão toda suja de sangue e com um dos braços a sangrar. Ele parece bem assustado, acho que ele nunca havia visto algo parecido, então ele corre até mim e começa a gritar outra vez como se ele tivesse razão, mas ele tem essa é a verdade. — Você está maluca? - Ele grita e eu me desespero. — O quê que se está a passar me explica, por favor. - Agora ele parece bem mais calmo, talvez por eu me ter desesperado a pouco.
— Eu... Eu... Eu não sei. - Depois de me acalmar um pouco consigo responder-lhe.
— Por favor me diz o que você tem, eu não vou gritar contigo, eu não farei absolutamente nada, eu só preciso entender essas mudanças de comportamento... - E de repente faz-se um silêncio. — Eu vou te ajudar, me diz por favor. - Ele parece um pouco desesperado, mas eu não sei se devo. Eu tenho vergonha. E o quê que ele vai pensar depois?
''Eu vou dizer tipo assim, o novo rapaz na turma já namorou comigo e o namoro acabou porque ele me violou e me espancou e eu acabei em coma e tive que inventar uma história para não dizer a verdade as pessoas e agora eu vivo aterrorizada porque ele me anda a perseguir... e depois no final ele vai me dizer a valentona não conseguiu se defender, claro que eu não vou contar, ele vai rir de mim e não vai me ajudar''. - Esses pensamentos estão a dar cabo de mim.
— Eu tive um momento depressivo e por isso estou assim. Lembrei do jantar de ontem e da morte da minha mãe e tudo isso fez-me entrar em depressão. - Minto para ele que me abraça com força, fecho os olhos e consigo ouvir a sua respiração.
VOCÊ ESTÁ LENDO
NURD
De TodoEla era tão inocente, mas tão inocente que de inocente não tinha nada. Ela era cheia dos mistérios. Mistérios esses que se escondiam por trás de um par de óculos enorme, um cabelo super desarrumado, uma saia compridona e umas camisas de mangas com...