Capítulo 42

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— Menina Vaz passasse alguma coisa? - O professor se dirige a mim.
— Quando digo que ela é maluca você não acredita, ainda há tempo de desistir. - A Candace diz para o Zarid.

— Cala a boca! - Ele responde e os olhares continuam sobre mim a espera que eu diga alguma coisa.

— Meninos já chega! Menino Frederic sente-se ao lado da menina Vaz e vamos começar a aula. - O professor ordena. 

Ele sorria para a turma, enquanto olhava para mim. Eu estava completamente aterrorizada e sem saber o que fazer na minha cabeça só haviam duas opções ''correr ou morrer'', confesso que naquele momento eu preferia a última, porque parecia que se corresse ele me acharia e me faria mal outra e outra vez, mas se morresse ele podia até saber onde estava, mas nunca faria nada comigo.

Despertei dos meus pensamentos medonhos quando ouvi o barulho da cadeira do lado ser arrastada, meu coração acelerou. Ele sentou-se e virou-se para mim como se nada tivesse a acontecer, se calhar nada estava mesmo a acontecer era só o meu estuprador a tentar meter conversa comigo, o que mais havia de errado?

— Olá! - Ele diz sorridente. Eu gritava interiormente, porque no exterior eu não tinha coragem e mesmo que tivesse, a minha voz nem sequer sairia. — Sentiu saudades? - Ele morde o lábio inferior e  num movimento rápido coloca a mão sobre as minha pernas e acaricia. Logo que senti a sua mão pesada sobre mim levantei e saí da sala a correr abandonando todos os meus pertences. 

Corri até a parte de trás do colégio tentei me acalmar o máximo, mas eu sabia que precisava sair daí porque não ficava muito difícil de ele me achar, como não conseguia mesmo ficar calma abandonei o colégio sem pensar duas vezes. Tudo o que eu sei é que eu corri, corri e corri, quando dei por mim eu já estava em casa deitada na cama encolhida a tremer compulsivamente.

Já estou fechada no banheiro a mais de duas horas a chorar sem controle. ''Eu só quero ir embora. Eu só quero desaparecer ou pelo menos que ele desapareça''. - Meus pensamentos se repetem. Estou sentada no chão com a saia e o casaco manchados e já não raciocínio da mesma forma. Estou com uma lamina na mão e com o braço a sangrar de repente a porta da casa de banho se abre e a gritaria começa.

— Mas... que porra é essa Kenya? - O Zarid grita ao me ver no chão toda suja de sangue e com um dos braços a sangrar. Ele parece bem assustado, acho que ele nunca havia visto algo parecido, então ele corre até mim e começa a gritar outra vez como se ele tivesse razão, mas ele tem essa é a verdade. — Você está maluca? - Ele grita e eu me desespero. — O quê que se está a passar me explica, por favor. - Agora ele parece bem mais calmo, talvez por eu me ter desesperado a pouco.

— Eu... Eu... Eu não sei. - Depois de me acalmar um pouco consigo responder-lhe.

— Por favor me diz o que você tem, eu não vou gritar contigo, eu não farei absolutamente nada, eu só preciso entender essas mudanças de comportamento... - E de repente faz-se um silêncio. — Eu vou te ajudar, me diz por favor. - Ele parece um pouco desesperado, mas eu não sei se devo. Eu tenho vergonha. E o quê que ele vai pensar depois? 

''Eu vou dizer tipo assim, o novo rapaz na turma já namorou comigo e o namoro acabou porque ele me violou e me espancou e eu acabei em coma e tive que inventar uma história para não dizer a verdade as pessoas e agora eu vivo aterrorizada porque ele me anda a perseguir... e depois no final ele vai me dizer a valentona não conseguiu se defender, claro que eu não vou contar, ele vai rir de mim e não vai me ajudar''. - Esses pensamentos estão a dar cabo de mim.

— Eu tive um momento depressivo e por isso estou assim. Lembrei do jantar de ontem e da morte da minha mãe e tudo isso fez-me entrar em depressão. - Minto para ele que me abraça com força, fecho os olhos e consigo ouvir a sua respiração.

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