Capítulo 75

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Eu não quero pensar em nada que não seja o Zarid. Não quero deixar-me distrair para não ser apanhada. Eu não quero magoar a Cátia, porque gosto dela, mas se ela não me ajudar a obter o quero serei obrigada a magoa-la.

Chego perto dela e corto uma mecha do cabelo dela e coloco num saquinho, enquanto ela dorme. Chamo o menino que vai entregar o envelope em que coloquei o saco na casa do meu avó e entrego-lhe.

A espera é frustrante, não consigo concentrar-me enquanto espero.

— Ken... - Uma voz sonolenta me desperta.
— Cátia não te movas por favor. - Digo assim que vejo-lhe tentar levantar mesmo fraca.

— Eu... Co... Co... Como... É... Que eu... - Ela tenta falar mais continua fraca a recuperar os sentidos.
— Cátia não te preocupes, não faças nada por favor não quero magoar-te. Eu preciso que me ajudes por favor.
- Digo-lhe e deixo-lhe tentar recuperar sem dizer nada.

Um telemóvel começa a tocar, o que foi bem estranho, mas depois lembrei que havia colocado aquele número no envelope para que o meu querido avó me contactasse. 

— Alô! - Digo assim que atendo.

— Kenya, o quê que você fez com a Cátia? - Ele pergunta furioso.
— Nada, mas posso fazer alguma coisa se você não me der o que quero  John.
- Aviso.

— Não estou a gostar dos teus jogos, se você não devolver a Cátia em menos de 15  minutos Kenya, eu aviso-te...
— Avisas o quê? Que vais me matar?  Tal e qual como fizeste com todos os que te desobedeceram? Terias coragem de matar-me? Eu sou tua neta, sangue do teu sangue. Filha da tua filha. E então avó ainda me queres matar?
— Não me provoques Kenya.

— Responde! Ainda assim terias coragem de matar-me? De deixar as minhas tripas de fora? De arrancar-me o coração? De dar-me um tiro na cabeça? De arrancar-me a cabeça? De perfurar-me o cérebro e não ter remorso algum? Eu sei que não terias coragem John, mas eu sei que você sabe que eu teria e tenho coragem para fazer tudo isso. Eu não tenho coração, porque você tirou-mo quando te apeteceu e eu tirarei o teu quando me apetecer porque é assim que funciona. O meu coração batia, parou de bater quando eu dei espaço para você entrar na minha vida. Ele só voltou a bater quando o Zarid entrou na minha vida e agora você quer fazê-lo parar de bater outra vez tudo porque você se sente confortável com isso e acha normal. Dessa vez eu não vou chorar, dessa vez farei tudo que estiver ao meu alcance como eu sempre fiz para salvá-lo, não permitirei que o mates, nem que para isso tenha que me matar primeiro avó. 

Corto a ligação e atiro o telemóvel na parede destruindo o mesmo, tal como havia feito com o primeiro.

Por um momento senti-me fraca. Senti que podia cair aí naquele momento se eu não conseguisse salvar o Zarid, mas eu tinha que tentar ao menos.

Logo que virei-me para a Cátia vi-lhe tentar chegar numa arma que havia deixado na mesa. Logo puxei a arma que tinha no cós das calças e mirei nela.

— Cátia, não te atrevas ou eu disparo. - Aviso. 

A mulher a minha frente arregala os olhos e volta a sua posição inicial.
— O quê que tu queres de mim Kenya? - Ela pergunta vencida.
— De ti?! Nada. Do meu avó, eu quero a cabeça até se for possível.
— Do quê que tu estás a falar?
— Não te faças de desentendida, eu sei que tu sabes. Por favor diz-me. Ajuda-me!

— Eu não sei muito Kenya. Não sei como te ajudar...
— Por favor... Tenta.
— Eu só sei que tem alguém que vai matar o Zarid nas próximas horas e acho que tu estás a perder muito tempo comigo. 

Quando ela disse "nas próximas horas„ quis chorar. Meu coração começou a bater com mais intensidade e em ritmo acelerado. Era como se estivesse a acontecer agora e eu tivesse muito ocupada ali.

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