Eu não quero pensar em nada que não seja o Zarid. Não quero deixar-me distrair para não ser apanhada. Eu não quero magoar a Cátia, porque gosto dela, mas se ela não me ajudar a obter o quero serei obrigada a magoa-la.
Chego perto dela e corto uma mecha do cabelo dela e coloco num saquinho, enquanto ela dorme. Chamo o menino que vai entregar o envelope em que coloquei o saco na casa do meu avó e entrego-lhe.
A espera é frustrante, não consigo concentrar-me enquanto espero.
— Ken... - Uma voz sonolenta me desperta.
— Cátia não te movas por favor. - Digo assim que vejo-lhe tentar levantar mesmo fraca.— Eu... Co... Co... Como... É... Que eu... - Ela tenta falar mais continua fraca a recuperar os sentidos.
— Cátia não te preocupes, não faças nada por favor não quero magoar-te. Eu preciso que me ajudes por favor. - Digo-lhe e deixo-lhe tentar recuperar sem dizer nada.Um telemóvel começa a tocar, o que foi bem estranho, mas depois lembrei que havia colocado aquele número no envelope para que o meu querido avó me contactasse.
— Alô! - Digo assim que atendo.
— Kenya, o quê que você fez com a Cátia? - Ele pergunta furioso.
— Nada, mas posso fazer alguma coisa se você não me der o que quero John. - Aviso.— Não estou a gostar dos teus jogos, se você não devolver a Cátia em menos de 15 minutos Kenya, eu aviso-te...
— Avisas o quê? Que vais me matar? Tal e qual como fizeste com todos os que te desobedeceram? Terias coragem de matar-me? Eu sou tua neta, sangue do teu sangue. Filha da tua filha. E então avó ainda me queres matar?
— Não me provoques Kenya.— Responde! Ainda assim terias coragem de matar-me? De deixar as minhas tripas de fora? De arrancar-me o coração? De dar-me um tiro na cabeça? De arrancar-me a cabeça? De perfurar-me o cérebro e não ter remorso algum? Eu sei que não terias coragem John, mas eu sei que você sabe que eu teria e tenho coragem para fazer tudo isso. Eu não tenho coração, porque você tirou-mo quando te apeteceu e eu tirarei o teu quando me apetecer porque é assim que funciona. O meu coração batia, parou de bater quando eu dei espaço para você entrar na minha vida. Ele só voltou a bater quando o Zarid entrou na minha vida e agora você quer fazê-lo parar de bater outra vez tudo porque você se sente confortável com isso e acha normal. Dessa vez eu não vou chorar, dessa vez farei tudo que estiver ao meu alcance como eu sempre fiz para salvá-lo, não permitirei que o mates, nem que para isso tenha que me matar primeiro avó.
Corto a ligação e atiro o telemóvel na parede destruindo o mesmo, tal como havia feito com o primeiro.
Por um momento senti-me fraca. Senti que podia cair aí naquele momento se eu não conseguisse salvar o Zarid, mas eu tinha que tentar ao menos.
Logo que virei-me para a Cátia vi-lhe tentar chegar numa arma que havia deixado na mesa. Logo puxei a arma que tinha no cós das calças e mirei nela.
— Cátia, não te atrevas ou eu disparo. - Aviso.
A mulher a minha frente arregala os olhos e volta a sua posição inicial.
— O quê que tu queres de mim Kenya? - Ela pergunta vencida.
— De ti?! Nada. Do meu avó, eu quero a cabeça até se for possível.
— Do quê que tu estás a falar?
— Não te faças de desentendida, eu sei que tu sabes. Por favor diz-me. Ajuda-me!
— Eu não sei muito Kenya. Não sei como te ajudar...
— Por favor... Tenta.
— Eu só sei que tem alguém que vai matar o Zarid nas próximas horas e acho que tu estás a perder muito tempo comigo.Quando ela disse "nas próximas horas„ quis chorar. Meu coração começou a bater com mais intensidade e em ritmo acelerado. Era como se estivesse a acontecer agora e eu tivesse muito ocupada ali.
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NURD
РазноеEla era tão inocente, mas tão inocente que de inocente não tinha nada. Ela era cheia dos mistérios. Mistérios esses que se escondiam por trás de um par de óculos enorme, um cabelo super desarrumado, uma saia compridona e umas camisas de mangas com...