Capítulo 15

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Chego em casa chateado e mal humorado. O caminho para à casa havia sido longo, tendo em conta que não abri a minha boca para falar com o Álvaro em algum momento. Caminho pela sala quando alguém aparece a minha frente a falar.

— Boa noite Zarid Raider Malik. - Minha mãe fala, enquanto me encara séria.

— Boa noite sim. - Respondo.

— O senhor não dorme em casa e ainda me chega aqui a essa hora, isso aqui não é hotel. - Ela diz.

— Por mim eu não voltava minha cara.

— E voltou porquê? - A Louíse aparece e salta para o meu colo.

— Porque eu não podia deixar a minha irmã nas mãos de uma bruxa como você por mais tempo.

— Zarid! - Ela grita e eu me dirijo até o elevador com a Louíse no meu colo.

Abro a porta do meu quarto com os pés, por ter os braços ocupados. Logo que entro me encaro com a Candace deitada sobre a minha cama. Depois de tudo o que passei hoje só queria um minuto de paz, mas parece que não vou conseguir tão cedo.

— Hey! - Cumprimento-a sem graça e coloco a Louíse no chão.

— Hey... - Ela respira fundo. - Precisamos de falar. - Ela diz enquanto endireitava o cabelo.

— Okay! Podes falar. - Dou de ombros. A Louíse vai para o colo dela.

— Ai Louíse estás-me a sujar! - Ela grita com a Louíse retirando-lhe imediatamente do colo.

— Hey! Não fales assim com ela, se não vais-te embora. - A Louíse se aproxima de mim. Dou-lhe um beijo na testa e volto a colocar-lhe no meu colo.

— Okay, desculpa. Podes levar a tua irmã lá para fora termos uma conversa decente. - Fico a olhar para ela uns minutos, depois ligo para que algum empregado ou as babás venham buscar-lhe.

O meu telemóvel vibra no meu bolso, retiro e vejo uma nova mensagem.

Número Desconhecido: Zarid, a sua mãe mandou avisar que ela e o seu pai estão de saída, vão para Los Angeles sem data de regresso, por favor olhar pela Louíse e se ela perguntar diz-lhe que a mamã já foi e mandou beijos.

OBS: Provavelmente não deves saber quem sou. Lola, a secretária da tua mãe.

- 22:04

Odeio tanto os meus pais. Mandam sempre os secretários fazerem os trabalhos sujos por eles. Minha mãe não percebe que às vezes ela precisa fazer o trabalho de mãe, como eu digo para uma criança que a mãe dela não quer nem saber se ela vai ou não ficar bem?

Bloqueio o telemóvel e atiro na cama com raiva. Retiro a mochila das costas e atiro no chão. Vou para o banheiro e lavo o meu rosto vermelho de raiva, limpo o rosto e volto para o quarto um pouco mais calmo.

— Podes começar a conversa.

— Tens certeza?

— Claro!
— Zarid, tu sabes que gosto de ti e tu simplesmente ignoras-me, diz-me o que há de errado em mim... Eu sou bonita, alta, inteligente, loira e tenho olhos azuis, o que mais você quer de mim?

— Mais orgulho, uma pele mais escura, cabelos cacheados e mais atitude. - Falo sussurrando.

— O que você falou? - Ela pergunta confusa.

— Nada, não falta nada em você. Você é perfeita tal como é, foi isso que eu falei.
— E então porquê que você não olha para mim do mesmo jeito que eu olho para você?
— Candace... - Suspiro.

— Fala. - A rapariga dos cabelos dourados tem os olhos marejados a minha frente.

— É complicado. Eu não quero me envolver, se é que me entendes. - Na verdade é que eu já estou envolvido, mas eu não quero saber disso...
— Você diz sempre isso, mas... - A rapariga a minha frente tem o rosto molhado de lágrimas. Me aproximo dela e abraço-lhe. Estou a abraçar-lhe mas estou com a cabeça na Kenya o que para mim é bem difícil de lidar. Ainda não me acostumei com isso de sentir coisas por uma...

A rapariga se acalma, me afasto dela. Retiro a minha t-shirt, o calção e vou para o banheiro. Entro no chuveiro e milhões de imagens passam-me pela cabeça e todas elas se resumem em uma KENYA. Saio do banheiro, limpo-me e coloco a minha boxer da Hugo Boss. Volto para o quarto e a menina dos cabelos dourados se encontra a dormir, tiro-lhe os sapatos, e endireito-lhe na cama. Apago as lâmpadas e me deito na cama ao lado dela.

NURDOnde histórias criam vida. Descubra agora