Capítulo 62

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Quero fugir, quero sair daqui, quero me esconder, quero desaparecer e ir para bem longe, longe o suficiente para que ninguém me encontre, longe o suficiente para que não consiga sentir seus toques outra vez na minha pele, longe o suficiente para não sentir sua respiração, longe o suficiente para que ele não me magoe outra, e outra e mais outra vez assim como tem feito.

Eu tenho nojo de mim mesma, as vezes nem tenho vontade de abrir os olhos por saber que quando os voltar abrir ele vai dizer que me ama e depois vai voltar a magoar-me. Estou farta dessa merda, estou farta desse doente querer tocar-me, abusar-me e depois agir como se nada tivesse se passado. Confesso que estou a ficar louca e preciso sair daqui.

Ouço passos se aproximando, olho para os lados e tento ver algum lugar para me esconder e não vejo nada. A cada segundo os passos são mais intensos e isso me deixa louca, completamente alucinada. Eu não tenho noção de quanto tempo estou aqui, eu só sei que amanhã de manhã não lembrarei de metade das coisas, porque ele me injecta qualquer merda e daí eu apago.

— Amor! - Ele abre um sorriso enorme assim que entra no quarto.

Não pronuncio nenhum som, nenhuma palavra sai da minha boca.

— Como é que passaste o dia amor? - Continuo sem responder, sem dizer merda alguma. Apenas tenho olhar fixo nele, nos movimentos e em tudo.

— Não dizes nada? - Mantenho-me calada mais uma vez. —Ouve, estou a tentar que sejamos felizes novamente, mas tu não estás a ajudar.

— Eu não preciso que você tente me fazer feliz, não irás conseguir. - Digo rancorosa.

— Não fales assim bebé, essa noite irei provar-te que tua felicidade é ao meu lado. Que eu posso te fazer feliz e muito mais Onika. - Ele faz um carinho no meu rosto e uma lágrima escorre.

— Se queres me fazer feliz, me deixa ir embora, por favor. Eu prometo que não conto nada a ninguém, não faço queixa a polícia. Apenas me deixa ir, é tudo que peço. - Imploro e tenho o rosto todo molhado.

— NÃO ONIKA! - Ele grita e no mesmo instante parece buscar forças para acalmar-se. — Se quiseres iremos visitar a tua família depois de nos casarmos amor. - Ele coloca a mão no meu queixo e tenta me beijar.

— NUNCA! Eu nunca vou casar-me contigo, seu doente. Isto que tens é deficiência mental, obsessão. Vai tratar-te! - Chuto-lhe entre as pernas e ele se afasta. Vejo a raiva dele crescer assim que se levanta, encolho-me na cama a espera que ele me bata, mas ele apenas sai do quarto fechando a porta com força.

Caminho até a porta e bato muitas vezes de forma a chamar-lhe a atenção.

— POR FAVOR, ME TIRA DAQUI! - Grito inúmeras vezes até me cansar, mas em nenhum momento ele voltou. Ele ignorou-me completamente e eu fracassei.

Sinto alguém tocar-me na perna e logo abro os olhos. Logo que abri os olhos afastei-me e arregalei os olhos.

— Desculpa, eu não quis te acordar, eu vinha buscar-te para tomar banho, mas tu estavas tão linda a dormir que eu não te quis acordar. - Ele diz e eu encaro-lhe assustada. Sento-me na cama com a cabeça baixa sem dizer nada e vejo-lhe tentar se aproximar, me afasto mais uma vez sem dizer nada e ele foca em mim.

— O quê que foi? - Ele pergunta.

"O quê que foi? Como ele se atreve a perguntar-me isso? Ele prendeu-me aqui, afastou-me da minha família, dos meus amigos e de tudo, bateu-me, violentou-me e agora pergunta-me o quê que foi?! Não foi nada filho da puta, desgraçado!„ - Pensei eu naquele momento.

NURDOnde histórias criam vida. Descubra agora