Zarid Raider Malik POV
Eu continuo a olhar para os documentos e as fotos bem na mesa a minha frente. A Louíse está completamente assustada, por causa dos gritos do meu pai. Minha mãe está completamente sem reacção, tal como eu, e o meu pai, bem, o meu pai está completamente furioso e eu juro que não sei o que fazer.
Levanto a cabeça com calma e olho para o meu pai.
- Não sei. - Respondo e vejo ele se levantar da mesa furioso.
- Como é que não sabes? - Ele pergunta, enquanto me agarra pela camisola e me levanta da cadeira.
- Não sabendo. - Depois de dar essa resposta senti um soco bem na minha face. Caio no chão da sala e gemo de dor, enquanto a Louíse corre para mim a chorar e a minha mãe grita.
- PAI! PAI! Pai, para por favor. O senhor está a machucar o Zarid. - A Louíse grita entre o choro, enquanto faz carinho no meu machucado.
- Tirem a Louíse daqui. - Ele grita e vejo uma das empregadas correr e tirar a Louíse de perto de mim. A Louíse grita imenso, mas ninguém pode fazer nada. - Eu não quero mais ninguém aqui dentro, só eu e o Zarid! - Ele grita e me encara furioso, enquanto eu continuo no chão a gemer.- Eu não sairei daqui até saber o que se está a passar! - A minha mãe diz. De repente a sala fica completamente vazia.
- Levanta desse chão e me encara como homem que pensas que és Zarid! - Ele diz. Eu não vou ceder as provocações baratas do meu pai. Levanto com a ajuda da minha mãe, pelo menos isso ela ainda consegue fazer.
- Se o senhor quiser continuar a me bater, só tenho uma coisa para dizer-lhe ''força'', porque eu não irei reagir. Se me cegar, o peso de consciência será seu e não meu, caro papá! - Logo que termino de falar vejo ele me encarar com mais raiva. É tão engraçado como as nossas semelhanças são evidentes, quando ele fica em fúria os olhos dele também escurecem como os meus. Ele dá-me um soco na barriga e vou para trás, dessa vez a dor é bem mais intensa. Deito-me no chão e fico a gritar e gemer de dor. Minha mãe cerra os olhos e olha para o meu pai meio assustada.
- Chega! Vamos conversar como uma família normal, pode ser? - Ela pede, enquanto corre até mim. Seus olhos estão cheios de lágrimas, mas ela tenta se manter forte.
- Família? Normal? Família normal? Se é algo que nós não somos é uma família, imagina tentar ser uma ''família normal'' a essa altura do campeonato, tarde demais. - Digo mesmo a gemer de dor.
- Eu só quero entender o que está a acontecer aqui, porquê que o Zarid está a apanhar e porquê que tu lhe estás a bater Malik. - Minha mãe falou e em seguida acabou de me ajudar a sentar no chão.
- Esse miúdo é uma vergonha para a nossa família. Nós te demos tudo e olha o teu pagamento para nós. Se a pessoa que nos enviou isso sabe, imagina quem mais sabe. - Ele abanou a cabeça.
- Juro que continuo sem entender, me façam entender! - Minha mãe grita e vejo que é minha obrigação fazer-lhe entender, tendo que o meu pai tem vergonha, só me resta eu explicar-lhe.
- Sou uma vergonha porque sou um drug dealer? Sabe quantos drug dealers já deram de comer famílias? Se enche aqui para dizer que nos deu tudo, agora eu pergunto, tudo o quê papá? Casa? Eu também dei a pessoas carentes com o meu dinheiro das drogas. Comida? Ah... Isso eu também fiz com pessoas que necessitavam. Educação? Você nunca nos deu isso! Amor? Isso nunca recebi vindo de ti... - Fiz uma pausa não muito longa, porque lembrei das únicas pessoas que me tratavam com amor sem esperar receber nada em troca, e o quão elas eram poucas. Eram apenas as minhas duas irmãs, o Álvaro, o Jared, a Kenya e talvez a Candace. - Se me desse mesmo o que era necessário, como pai exemplar que nunca foi, eu não teria me tornado nesse mal feitor, traficante, inconsequente, delinquente e etc que sou hoje. - Levantei com a ajuda da minha mãe e comecei a me arrastar pelas paredes e antes que saísse da sala resolvi proferir mais algumas palavras. - E ahnm... Rezo todos os santos dias para não ser um pai igual a você.
Logo que acabei de dizer aquelas coisas senti o meu corpo ser jogado contra a parede e socado sem eu poder fazer nada. Foram uns 5 minutos a apanhar até a minha mãe conseguir chamar os seguranças. Logo que nos afastaram vi o chão da sala sujo de sangue tal como a mão dele, e antes que me levassem para o quarto ainda disse-lhe: - Já ouviu dizer que a fruta quando está madura demais corre o risco de apodrecer se ninguém comer ela antes que isso aconteça? Mas acontece que o senhor não está maduro, o senhor está mesmo podre, por isso ninguém te vai comer, porque fruta podre é para ser jogada no lixo. - Ele tenta se aproximar mais de mim, mas os seguranças o impedem.
- Sabe o que mais, cansei de fazer de tudo por vocês e só receber ingratidão, fora da minha casa. Espero que quando voltar para A MINHA CASA você já não esteja! - Ele gritou.
- Malik... - Antes que a minha mãe pudesse acabar a frase o meu pai corta-lhe.
- Nada de Malik, eu quero ele fora da MINHA CASA! - Dito isso ele pega na pasta e vai trabalhar.

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NURD
DiversosEla era tão inocente, mas tão inocente que de inocente não tinha nada. Ela era cheia dos mistérios. Mistérios esses que se escondiam por trás de um par de óculos enorme, um cabelo super desarrumado, uma saia compridona e umas camisas de mangas com...