Capítulo 30

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Zarid Raider Malik POV

Eu continuo a olhar para os documentos e as fotos bem na mesa a minha frente. A Louíse está completamente assustada, por causa dos gritos do meu pai. Minha mãe está completamente sem reacção, tal como eu, e o meu pai, bem, o meu pai está completamente furioso e eu juro que não sei o que fazer.

Levanto a cabeça com calma e olho para o meu pai.

- Não sei.  - Respondo e vejo ele se levantar da mesa furioso.
- Como é que não sabes? - Ele pergunta, enquanto  me agarra pela camisola e me levanta da cadeira.
- Não sabendo. - Depois de dar essa resposta senti um soco bem na minha face. Caio no chão da sala e gemo de dor, enquanto a Louíse corre para mim a chorar e a minha mãe grita.
- PAI! PAI! Pai, para por favor. O senhor está a machucar o Zarid. - A Louíse grita entre o choro, enquanto faz carinho no meu machucado.
- Tirem a Louíse daqui. - Ele grita e vejo uma das empregadas correr e tirar a Louíse de perto de mim. A Louíse grita imenso, mas ninguém pode fazer nada. - Eu não quero mais ninguém aqui dentro, só eu e o Zarid! - Ele grita e me encara furioso, enquanto eu continuo no chão a gemer.

- Eu não sairei daqui até saber o que se está a passar! - A minha mãe diz. De repente a sala fica completamente vazia. 

- Levanta desse chão e me encara como homem que pensas que és Zarid! - Ele diz. Eu não vou ceder as provocações baratas do meu pai. Levanto com a ajuda da minha mãe, pelo menos isso ela ainda consegue fazer.

- Se o senhor quiser continuar a me bater, só tenho uma coisa para dizer-lhe ''força'', porque eu não irei reagir. Se me cegar, o peso de consciência será seu e não meu, caro papá! - Logo que termino de falar vejo ele me encarar com mais raiva. É tão engraçado como as nossas semelhanças são evidentes, quando ele fica em fúria os olhos dele também escurecem como os meus. Ele dá-me um soco na barriga e vou para trás, dessa vez a dor é bem mais intensa. Deito-me no chão e fico a gritar e gemer de dor. Minha mãe cerra os olhos e olha para o meu pai meio assustada.

- Chega! Vamos conversar como uma família normal, pode ser? - Ela pede, enquanto corre até mim. Seus olhos estão cheios de lágrimas, mas ela tenta se manter forte.

- Família? Normal? Família normal? Se é algo que nós não somos é uma família, imagina tentar ser uma ''família normal'' a essa altura do campeonato, tarde demais. - Digo mesmo a gemer de dor.

- Eu só quero entender o que está a acontecer aqui, porquê que o Zarid está a apanhar e porquê que tu lhe estás a bater Malik. - Minha mãe falou e em seguida acabou de me ajudar a sentar no chão.

- Esse miúdo é uma vergonha para a nossa família. Nós te demos tudo e olha o teu pagamento para nós. Se a pessoa que nos enviou isso sabe, imagina quem mais sabe. - Ele abanou a cabeça.

- Juro que continuo sem entender, me façam entender! - Minha mãe grita e vejo que é minha obrigação fazer-lhe entender, tendo que o meu pai tem vergonha, só me resta eu explicar-lhe.

- Sou uma vergonha porque sou um drug dealer? Sabe quantos drug dealers já deram de comer famílias? Se enche aqui para dizer que nos deu tudo, agora eu pergunto, tudo o quê papá? Casa? Eu também dei a pessoas carentes com o meu dinheiro das drogas. Comida? Ah... Isso eu também fiz com pessoas que necessitavam. Educação? Você nunca nos deu isso! Amor? Isso nunca recebi vindo de ti... - Fiz uma pausa não muito longa, porque lembrei das únicas pessoas que me tratavam com amor sem esperar receber nada em troca, e o quão elas eram poucas. Eram apenas as minhas duas irmãs, o Álvaro, o Jared, a Kenya e talvez a Candace. - Se me desse mesmo o que era necessário, como pai exemplar que nunca foi, eu não teria me tornado nesse mal feitor, traficante, inconsequente, delinquente e etc que sou hoje. - Levantei com a ajuda da minha mãe e comecei a me arrastar pelas paredes e  antes que saísse da sala resolvi proferir mais algumas palavras. - E ahnm... Rezo todos os santos dias para não ser um pai igual a você.

Logo que acabei de dizer aquelas coisas senti o meu corpo ser jogado contra a parede e socado sem eu poder fazer nada. Foram uns 5 minutos a apanhar até a minha mãe conseguir chamar os seguranças. Logo que nos afastaram vi o chão da sala sujo de sangue tal como a mão dele, e antes que me levassem para o quarto ainda disse-lhe: - Já ouviu dizer que a fruta quando está madura demais corre o risco de apodrecer se ninguém comer ela antes que isso aconteça? Mas acontece que o senhor não está maduro, o senhor está mesmo podre, por isso ninguém te vai comer, porque fruta podre é para ser jogada no lixo. - Ele tenta se aproximar mais de mim, mas os seguranças o impedem.

- Sabe o que mais, cansei de fazer de tudo por vocês e só receber ingratidão, fora da minha casa. Espero que quando voltar para A MINHA CASA você já não esteja! - Ele gritou.

- Malik... - Antes que a minha mãe pudesse acabar a frase o meu pai corta-lhe.

- Nada de Malik, eu quero ele fora da MINHA CASA! - Dito isso ele pega na pasta e vai trabalhar.




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