Capítulo 70

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Tudo caiu sobre os meus olhos no dia em que  aquela menina que eu detesto por ter sido parecida com ela um dia me atirou na cara que eu era má. Não me defendi porque ela tinha razão, independente dos motivos que a fizeram me chamar nomes.

Eu era má, eu não era, eu sou. Eu era aquela menina odiosa até ser espancada e colocada em coma, até a minha mãe morrer, mas quando ela se foi, tudo foi com ela. Eu me tornei num ser sem escrúpulos. Eu sei que ela não teria orgulho, mas eu não consigo traí-lo, ele me estendeu a mão quando tudo ao meu redor parecia cair. Naquele momento eu não pensei que seria assim, mas aconteceu tão de repente que...

Eu não consegui dormir a noite inteira só de pensar que o dia de hoje seria um inferno. O Zarid ligou-me a dizer que estava pronto, meu coração quase que saiu do lugar, mas eu manti-me firme e liguei para os outros. Ele não sabe, mas o encontro exige a presença de mais três pessoas.

Já são 4PM, preciso sair de casa para encontra-lo. Coloquei a minha mochila com alguns papéis e um computador nas costas, vesti umas calças jeans com uma t-shirt larga preta e calcei uns sneakers. Apresso-me em sair de casa sem que ninguém perceba, apanho um táxi e desço no meu famoso endereço, aquela casa velha, numa região humilde da cidade.

Logo que chego na casa retiro mochila os documentos e o PC, colocando-os na mesa. Sentei-me a espera que as pessoas decidissem aparecer. A campainha soou e fui abrir dando logo de cara com o Zarid.

— Hey! - Ele diz sorridente, mas um pouco nervoso.
— Hey! - Respondo sem emoção nenhuma de tão nervosa que estava e dou-lhe espaço para passar.

Ele aconchegou-se numa cadeira, respirou fundo e voltou a dirigir-se a mim.

— Tens certeza que queres fazer isso? - Ele pergunta, enquanto olha para mim que mantenho o rosto focado na tela de um computador.
— Tenho. - Respondo fria sem comentar muita coisa.
— Então, acho que devemos começar. - Ele diz.

— Não, precisamos aguardar algumas pessoas. - Digo sem desviar os olhos da tela a minha frente.
— Que pessoas? - Ele pergunta confuso e no mesmo momento ouço a campainha soar. Levanto e vou abrir a porta.  O Jared, com o passar do tempo a Bonnie e depois só faltava uma pessoa que estava estupidamente atrasada.

— Estamos a espera de quê para começar? E porquê que eles precisam cá estar? - O Zarid perguntou impaciente.

— Ainda falta-nos uma pessoa, que eu não tenho certeza se virá, mas por vias das dúvidas vamos aguardar mais cinco minutos. - Digo e ele concorda, voltando ao silêncio que se estabeleceu ali naquela mesa. Quase a bater cinco minutos e a campainha é ouvida, levanto e vou abrir a porta dando passagem a nova personagem do jogo.

— CANDACE??! - O Zarid e o Jared gritam falam ao mesmo tempo.
— Sim, eu. Qual é o problema? - Ela pergunta e puxa uma cadeira do lado do Zarid. — Espero bem que essa merda seja importante, eu não me coloquei nesse fim de mundo e borla, só vim porque disseste que depois disso, sairias da vida do Zarid para sempre. - Ela diz.
—O QUÊ?! - Ele grita.

— Acho que já chega dessa merda, vamos ao que interessa. Chamei-vos todos aqui, porque acho que precisam saber de algumas coisas...

— Posso ser o primeiro a perguntar? - O Zarid questiona. Assinto com a cabeça e ele dá continuidade. — Quem és? 
— Kenya Onika Vaz, uma adolescente. - Respondo e ele dá um riso sem graça.

— Tu sabes bem ao que me refiro. Essa Kenya descrita, é a que todos conhecem, nós queremos a verdadeira. O que aconteceu para teres as manchas que tens no corpo? Porquê que tens fichas nossas e das nossas famílias no teu computador? Qual é o teu objectivo? O que queres de nós? Porquê que estavas matriculada numa universidade em Sydney se aqui estudavas ou estudas num colégio ? Nós queremos tudo, queremos saber com quem estamos a lidar Kenya. - Ele diz raivoso e e os outros mantêm-se calados a espera que diga alguma coisa.

NURDOnde histórias criam vida. Descubra agora