Capítulo 50

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KENYA ONIKA VAZ POV

Eu odeio me sentir da maneira que me estou a sentir. Eu só queria que ele me entendesse, se calhar eu fui sim egoísta, porque eu só pensei em livrar a minha pele mesmo que isso custasse a nossa separação. Mas eu tentei falar com ele, eu tentei que ele me entendesse mesmo sem explicar os reais motivos, mas ele não quis saber nem de me escutar. Eu liguei, eu pedi desculpas, eu tentei e mesmo assim ele se recusou a ouvir-me.

Antes do avião decolar eu liguei para ele uma última vez só para dizer adeus, sinceramente eu já estava à espera que ele não atendesse ou desligasse a chamada, mas acontece que ele atendeu, eu disse alô e ele não respondeu, parecia que ele estava a falar com o Jared, eu ouvi-lhe dizer que a namorada dele era a Candace e era com ela que ele ia casar, porque estava à espera de um filho dele, logo que ouvi aquilo desliguei o telemóvel e passei a viagem toda com lágrimas nos olhos.

Logo que cheguei em Sidney, apanhei um táxi que me deixou na porta do campus e de lá apanhei um autocarro que me deixou na porta da universidade. Meus olhos estavam completamente inchados, e a minha cara não estava nada agradável. Logo que entrei fui até a recepção apresentar-me, depois daí a mulher deu-me um formulário que eu podia entregar no dia seguinte e levou-me até um quarto provisório que ficava no primeiro andar. No dia seguinte logo que acordei tomei banho e depois liguei para o Jared.

Peguei no telemóvel e disquei o número do Zarid e depois apaguei. Ouvi baterem na porta e fui até lá.

- Bom dia menina! - A recepcionista de ontem a noite me cumprimenta.

- Bom dia sim, senhorita. - Cumprimento de volta.

- Eu vinha pedir o formulário e avisar-lhe que já pode ir para o seu quarto oficial. - Ela dá-me um sorriso, enquanto eu vou até a cama pegar o formulário.

- A senhorita podia levar-me até o meu quarto? É que eu não sei onde fica. - Ela concordou com a cabeça.

Peguei nas minhas coisas e fui atrás da senhora com cabelos pretos. Subimos no elevador e ela apertou nos botões, o elevador parou no sexto andar e nós saímos. Ela levou-me até o quarto 608, abri com a chave que tivera recebido. O quarto era grande, haviam duas camas de solteiro maior, as paredes eram vermelhas, duas escrivanias uma em cada lado do quarto, dois guarda-fatos e mais afrente havia uma casa de banho. A minha cama era a do lado direito, porque a do lado esquerdo já havia alguém, só não sabia quem porque quando entramos não havia ninguém aqui.

- A menina fique a vontade e as suas aulas começarão depois de amanhã, se precisar de mais alguma coisa é só me encontrar na recepção. - A senhorita avisa.

- Pode indicar-me um lugar para comer? É que estou esfomeada e não sei onde ir. - Ela riu-se.

- Pode ir a cafetaria que fica no segundo andar, ou pode sair do campus andar um pouco mais e verás um café, é um café bem aconchegante aposto que vais gostar, a maior parte dos estudantes lá vai. - Ela explicou.

- Obrigada. - Agradeci-lhe.

Arrumei os meus livros por cima da escrivania, coloquei a mala do lado da cama, peguei numa pasta coloquei a carteira e o telemóvel e saí do quarto. Caminhei até o elevador apertei no botão que me levava até a recepção, de lá saí da universidade e fui apanhar o autocarro que me levava até a porta do campus. Pedi mais algumas informações aos seguranças e comecei a andar até o café, como Sidney era bonito só o pouco que andei percebi a enorme beleza da cidade.

Cheguei no café e logo senti alguns olhares sobre mim, talvez por nunca me terem visto, talvez pelas minhas roupas ou pelo cabelo. Sentei-me numa mesa em um dos cantos para não chamar mais atenção do que já havia chamado.

- Oi, bom dia! - Um menino alto loiro, olhos azuis, musculado com um bloco e uma caneta se dirige a mim.

- Bom dia sim! - Respondo com algum receio.

- Posso fazer-lhe duas perguntas? - Ele pergunta.

- Se não for inconveniente, sim. - Respondo.

- Primeiro, é nova por aqui? E a segunda, o que vai desejar? - Ele perguntou com um sorriso.

- Sou sim, e vou desejar uma tosta, leite com café e uma maça, se tiver por favor. - Disse.

- O seu pedido já vai a sair. - Ele avisa e afasta-se.

Retirei o telemóvel da pasta e comecei a mexer, lembrei-me que havia esquecido de pedir algo. Levantei da mesa e comecei a caminhar até o balcão, enquanto caminhava alguém esbarrou em mim e deixou cair sei lá o quê no meu cabelo e na saia.

- Não sabes ver por onde andas? - Ele grita como se tivesse razão.

- Tu é que esbarraste em mim, olha o que fizeste com o meu cabelo? - Rebato. Retiro a mão do cabelo e encaro a figura da pessoa. Ele era bem alto, magro, mas nem tanto, tinha uma tatuagem enorme no braço, cabelos pretos.

- Mesmo com esses óculos do tamanho de um garrafão tu não vês, por acaso precisas que te aumente a graduação? - Ele grita de forma rude.

- Ouve lá tu... - Parei, voltei a olhar bem para ele. - Desculpa, mas eu não preciso de mais um Zarid na minha vida. - Peguei nas minhas coisas e saí do café. Notei que ele ficou confuso quando eu falei sobre o Zarid, nem eu sei porquê, se calhar a maneira rude com que ele falou comigo me fez lembrar dele.

Cheguei no meu quarto e parece que a colega de quarto ainda não havia chegado, fui para o banheiro lavei o cabelo, retirei a saia, a camisa, o casaco, os óculos e as meias. Coloquei um pijama de calça e uma blusa de mangas compridas, já que estava meio frio.

Sentei na cama, peguei no telemóvel e voltei a discar o número do Zarid, dessa vez deixei com que chamasse, ele havia atendido.

- Alô! - A voz grossa e meio rouca dele se fez ouvir. Quando eu ia falar alguma coisa, ouvi a voz da Candace "Amor, preferes brancas ou vermelhas?„. Era isso que ela havia perguntado para ele. Me entristeço, mas não desligo.

- Oi Zarid, daqui é a Kenya. Eu só queria saber se estavas bem. - Ouço a respiração dele pesar, por um momento pensei que ele fosse desligar na minha cara. Ele demorou um pouco para dizer alguma coisa.

- ...Ouve só miúda, para de ligar para mim, esquece que eu existo e volta para o teu mundinho imaginário cheio de livros e dessas coisas, eu vou me casar e a minha NOIVA não vai gostar de saber que nós falamos, por favor para de ligar. - Ele desligou o telemóvel.

NURDOnde histórias criam vida. Descubra agora