Capítulo 39

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Depois da pergunta errada ou certa o clima que se instalou não foi um dos melhores. Ela reagiu super mal a minha pergunta e recusou-se a responder-me, utilizou argumentos super pesados para disfarçar, mas se ela pensa que eu não dei conta aí é que ela se engana. Sabe tudo de todo mundo, mas tem medo que as pessoas saibam coisas sobre a vida dela e é isso que me faz querer saber mais.

Nesse momento estou sentado na minha cama, enquanto ela se encontra trancada no banheiro. De repente ouço algo entre os lençóis, era o telemóvel dela. Um número desconhecido ligava sem parar e ela não saía do banheiro, resolvi atender.

— Alô! - Falo educadamente, algo que quase não faço.

— Passa o telemóvel a dona. - Uma voz masculina se faz ouvir e a maneira rude então como falou, eu queria era rebentar a cara dele e mais nada, mesmo sem saber quem era.

— Eu não vou passar a porra do telemóvel a ninguém e já agora faz o favor de te identificares, apetece-me fazer-te uma visita. - Falo furioso.

— Desculpa mas eu não sou gay, eu prefiro mesmo vagina okay? De preferencia a da Onika. -
— Eu vou te matar... - Antes que terminasse a ligação é cortada.

''Quem era esse filho da p**a?'' - É a pergunta que não quer sair da minha mente.

Vejo a Kenya sair do banheiro e decido comunicar-lhe que alguém lhe tinha ligado.
— Ligou um teu amiguinho. - Digo entregando-lhe o telemóvel, mas consigo notar o nervosismo da menina quando me ouve.

— E quem te deu autorização para atender o meu telemóvel? - Ela pergunta furiosa.
— Ninguém, atendi porque quis e não acho nada de mau. - Seu rosto fechado deixando escapar uma mensagem não muito agradável para mim.
— Não acha mau porque não é o teu telemóvel. 

— Se fosse o meu você podia atender a vontade querida, eu não ia fazer esse espetáculo que tu estás cá a fazer.

— Mas o meu você não pode atender, e quanto aos espetáculos são meus, tal como o telemóvel. Não quero que mexas e pronto!
— E porquê?

— Porque é privado, respeita a minha privacidade que eu respeito a tua.

— Privado? Eu acho que você não sabe o significado de respeitar a privacidade dos outros.

— O quê que estás a tentar dizer com isso?

— Eu só acho engraçado você falar de privacidade quando na verdade quem viola é você, fazendo investigações e o caraças da vida dos outros.
— Eu... Eu...
— Melhor calar, você sabe que não há explicação.

O ambiente já estava tenso e quando o telemóvel dela volta a chamar as tensões só aumentaram. Ela olhou para o telemóvel vezes e vezes sem conta, mas não atendia o que me estava a deixar completamente furioso.

— Não vai atender? - Pergunto para ela que me encara séria.

— Não sei. - A resposta é rápida e fria.

— Okay, se não sabe então me dá o telemóvel que eu vou atender. - Falo para ela que parece incrédula com as palavras proferidas de minha boca.

—Claro que eu não farei isso zarid. - Ela fala chateada.

— Então atende e coloca no viva voz. - Digo sem paciência.

— Não sei o quê que te deu hoje, mas eu não vou ceder. - Ela diz como se estivesse a medir forças comigo. Tiro o telemóvel da posse dela recebo a chamada e logo coloco no viva voz, obrigando-lhe a  falar.


— Alô! - Ela diz. Consigo sentir que carrega um pouco de medo e ódio na voz, mas as vezes eu preciso agir assim com ela se não vai continuar tudo na mesma e ela vai estar sempre a mentir.
— Onika meu amor, que saudades! - A voz do outro lado da linha responde e ela fica quieta por um bom tempo, como se estivesse a processar quem era ou se reconhecia, mas acontece que eu reconheci a voz, era a mesma da primeira chamada.

— Com... - Ela dá uma pausa, parecia completamente nervosa. - Com... quem falo? - Ela pergunta.
Oh meu amor, eu não acredito que você já me esqueceu, daqui é o Vinny. Lembra que eu disse que te encontrava em qualquer lugar boneca? - Vejo-lhe a congelar depois de ouvir esse nome. Esse nome que não me é estranho. 
— Alô? Alô? Alô? - Ele continuava a falar, enquanto ela estava estática sem falar absolutamente nada. Eu nunca tinha visto a Kenya assim, completamente pálida. Depois de tanto insistir por fim desligou o telemóvel.


— Kenya! - Chamei por ela e não obti resposta alguma. Cheguei bem mais perto dela e toquei-lhe no ombro, fazendo-lhe despertar do transe.
— Me leva para a casa, se você não me levar eu vou sozinha. - Ela diz se dirigindo para a porta com a mochila.

— O quê que aconteceu? Quem é esse tal de Vinny? - Pergunto e vejo-lhe revirar os olhos.

— Eu quero ir para a minha casa, dá para me levar sem fazer perguntas? - Ela diz.

Eu não sei quem é esse Vinny, mas para lhe deixar assim boa coisa ou pessoa não é.

No carro o silêncio se manifestava de uma forma que eu não podia imaginar. Ficou chateada por causa de uma pergunta, discutimos por eu atender o telemóvel dela, e para terminar o dia e explicar o porquê do silêncio um tal de Vinny ligou para ela e ela ficou completamente desmoronada. 

Logo que o carro parou em frente a casa dela, ela saiu sem nem dizer adeus.

Eu entendo que nós tenhamos brigado e ela ficou chateada, tanto quanto eu que quase sempre sou o lesado da história, mas isso foi completamente desnecessário.



OBS: Por favor deem uma checada no meu perfil tem uma obra nova intitulada ''Why did I marry with a rapper?''

NURDOnde histórias criam vida. Descubra agora