intrusos e namoros repentinos

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Harry virou a cabeça repentinamente na direção da porta, suspirando de forma assustada, desejando que a pessoa que adentrava o banheiro não tivesse sido capaz de presenciar qualquer cena envolvendo Louis e Harry a ponto de darem um beijo.

Louis e Harry beijando era algo que Louis queria. E Harry também. Mas Louis e Harry beijando deveria ser algo supersecreto.

Se o rapaz dos olhos azuis não estivesse ocupado com a imagem que tomava conta de sua visão, com o calção que estava vestindo e insistia em subir alguns centímetros, deixando cada vez mais sua coxa descoberta, ou com o curativo em seu joelho incomodando a pele machucada, certamente usaria a melhor desculpa para sair dali o mais rápido possível.

Harry tinha a quase certeza de que poderia continuar aquilo tudo logo que o intruso inesperado usasse o banheiro e fosse embora. Olharia para Louis novamente e diria que achava melhor ir também, pois estava mais do que atrasado para voltar para sua sala de aula.

Mas Harry ficou. Assim como aquele intruso, que passou a se aproximar cada vez mais do rapaz dos olhos azuis.

O garoto mais novo percebeu que talvez existisse algo de errado ali quando Louis suspirou alto e abriu um sorriso.

— Oi. – o rapaz dos olhos azuis começou.

— Atrapalho alguma coisa? – perguntou o outro, arqueando suas sobrancelhas.

— Não, não. – Louis chacoalhou a cabeça. – O que foi que aconteceu? – franzia o cenho.

— Acho que quem deve fazer essa pergunta sou eu.

Louis sorriu.

Harry semicerrou os olhos.

O outro garoto continuou:

— Está tudo bem?

Deu um passo à frente.

— Foi algo sério?

Tombou a cabeça para o lado.

— Eu te machuquei muito?

Pousou a mão sobre um dos joelhos de Louis.

Harry mordeu a própria língua por dentro da boca, antes de arregalar os olhos.

— Está tudo bem. – Louis respondeu, mexendo a perna para os lados, livrando seu joelho das pontas dos dedos do garoto.

Por algum motivo, Harry suspirou em alívio.

— Você tem certeza? – o outro insistiu.

— Sim, Luke. Eu tenho certeza.

Louis revirou os olhos. Harry resmungou baixo.

— Cara... – o garoto parado de pé à frente de Louis começou, fazendo uma careta e levando a mão para trás da cabeça, coçando algumas partes dali. – Não foi a intenção. Acho que me empolguei mais do que devia... – comentou, soltando uma risada forçada. – Você sabe como é. O campeonato está chegando, temos que dar o nosso melhor para conseguirmos passar por todas as fases.

— Eu sei, eu sei. – Louis chacoalhou a cabeça. – Só tome mais cuidado da próxima vez ao marcar alguém. Aquela minha caída foi digna de cartão amarelo. – o rapaz riu, sendo acompanhado pelo outro. – Mesmo que só tenha causado um pequeno corte no joelho.

— Eu sei, desculpa. Foi mal mais uma vez. – Luke respondeu, balançando os braços no ar numa série de movimentos estranhos.

Louis assentiu.

Harry nada dizia. Apenas observava tudo, com seus olhos verdes que brilhavam em forma de atenção e desespero. Sentia vontade de esticar seus braços e chacoalhar as mangas largas do seu moletom roxo no ar, justamente para chamar a atenção daquele outro garoto parado à frente de Louis.

Ei, você. Você machucou o Louis. Você é o culpado pelo band-aid colorido no joelho do Louis. Você está feliz com isso? Porque eu não estou.

Mas Harry continuava em silêncio. Sentia até medo de ser notado.

Mesmo sabendo que já havia sido notado.

— Então... – Luke começou, de alguma maneira dando mais outros passos na direção do rapaz dos olhos azuis.

— É. Tudo bem. Já foi. Nem está doendo mais. – Louis deu de ombros.

Harry revirou os olhos.

— Harry me ajudou com o curativo. – Louis continuou, jogando sua cabeça para o lado.

Harry abriu um sorriso.

— Hm... – Luke murmurou, entortando os lábios, como se aprovasse a ação do garoto mais novo. – Isso é bom.

Harry fechou a cara.

Luke encarou Harry.

— Você é o Harry?

Harry cruzou os braços. Louis o encarou.

Vamos, diga alguma coisa, ou ele vai acabar achando que você é mudo. Diga, diga. Diga alguma coisa. Mas... Por favor, tudo menos... "O que você acha?". Por favor.

— O que você acha? – Harry esganiçou, no mesmo momento em que levou uma de suas mãos até a própria boca, tapando-a. – Sou. – respondeu novamente, murmurando baixo.

Louis sorriu.

— Que bom, Harry. Fico feliz por você ter cuidado do Louis enquanto eu não estava aqui. – Luke abriu um sorriso, quase tão largo quanto seus dentes.

Harry franziu o cenho.

— Como?

Luke soltou uma risada. Louis pigarreou alto.

— Eu disse que você fez bem em cuidar do Louis para mim, enquanto eu não estava presente. Mas agora que estou, você já pode voltar para a sua aula, eu suponho... – Luke franziu o cenho. – Você tem cara de primeiro ano. Eu nunca te vi aqui antes... Você está no primeiro ano? – perguntou, elevando seu tom de voz, instantes antes de virar-se para encarar o rapaz dos olhos azuis. – Você se lembra de quando estávamos no primeiro ano?

Harry virou-se para encarar Louis, que mantinha seus olhos colados nos do menino mais novo. Os lábios estavam curvados e os ombros arqueados para frente. Algo como: eu-não-sei-o-que-dizer.

O mais novo assentiu, motivando-se.

— Escuta, mocinho... Se você estivesse realmente preocupado com ele, já estaria aqui há tempos. Assim como eu fiz. – abriu um sorriso, dando um passo à frente.

Luke franziu o cenho.

Harry não sabia de onde tirava coragem para falar algo naquele momento, e não apenas abanar as largas mangas de seu moletom pelo ar.

— E a minha aula pode esperar. Eu sei que estava fazendo coisas mais importantes. Como, por exemplo, cuidando de Louis. – Harry continuou, colocando-se à frente do rapaz dos olhos azuis, e bloqueando totalmente a passagem que Luke teria para chegar até o outro.

Colocando os braços na própria cintura, o garoto continuou:

— Agora, se nos der licença, eu tenho que estudar, e o meu namorado tem que descansar, para tentar se recuperar de um corte no joelho que você o deu!

Luke arregalou os olhos.

— Namo–

— Sim.

Louis deu de ombros, sendo arrastado para fora dali por Harry, que segurava seus dedos com força e os puxava para frente, a fim de afastar-se do garoto alto e loiro, enquanto tentava andar o mais rápido possível.

Levava a caixinha metálica debaixo de um de seus braços, enquanto mantinha o outro esticado. Virava sua cabeça de instante em instante, justamente para ter a certeza de que Louis ainda estava enroscado por entre seus dedos.

Suspirou alto, observando a porta do banheiro cada vez mais perto.

Sentiu-se aliviado, o que o fez abrir um sorriso. Harry nunca deixaria aquele intruso levar o seu Louis machucado para longe de si.

excuse me? // larry stylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora