cílios ensopados e conversas sobre corações partidos

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 Liam olhava de um lado para o outro, sem saber o que fazer.

Harry murmurava algo baixinho, mas as palavras que ele dizia eram intercortadas pelos soluços que o garoto dava, ao mesmo tempo em que aquele som era devidamente abafado pelas mãos de Harry, que estavam enterradas contra o próprio rosto, numa tentativa de conter as lágrimas que escorriam pelas bochechas brancas e macias do garoto dos olhos verdes.

— Calma, baby, calma... – o melhor amigo de Harry dizia, abraçando o corpo do garoto e apoiando seu queixo no topo da cabeça do mais novo, enquanto suas mãos acariciavam os braços daquele menino desamparado, que tentava não chorar tão alto, já que aquele banheiro do colégio parecia conseguir fazer ecoar alto qualquer tipo de som minúsculo reproduzido ali.

— Liam... Liam... – Harry chamava em meio aos soluços. – Ele... O Louis... O Louis não gosta mais de mim...

O melhor amigo de Harry fechou os olhos com força, não sabendo o que fazer. Liam estava sem saber o que falar, o que pensar ou até mesmo sem saber como agir diante daquela situação. Tudo porque ele não fazia ideia do que estava acontecendo entre Louis e Harry, ou porque ele poderia estar ciente, se não estivesse passando tempo demais prestando atenção em Zayn e tudo o que o rapaz moreno dizia.

Era nessas horas que Liam desejava ser como Zayn, já que ele sabia que o melhor amigo de Louis era mais do que experiente em resolver situações envolvendo derramamento de lágrimas e corações partidos.

— Ele... Ele gosta sim. Louis gosta muito de você.

Harry resmungou alto, enquanto suas mãos voavam para o peitoral do melhor amigo e começavam a tentar afastar Liam dali, de perto dele.

Liam franziu o cenho, assustado.

— Não, ele não gosta! – o mais novo exclamou alto. – Pare de mentir para mim! Pare de falar essas coisas só para me fazer sentir melhor!

O melhor amigo de Harry arregalou os olhos, recuando um pouco. Observava o garoto mais novo com atenção, com sua testa enrugada e os olhos quase marejando.

Liam simplesmente odiava ter que encarar uma cena daquelas, ainda mais se ela envolvesse Harry triste, por qualquer que fosse o motivo. E naquele momento, o melhor amigo do garoto mais novo sentia seu coração derretendo aos poucos, ao mesmo tempo em que Harry fungava alto e piscava fortemente na direção do rapaz mais velho.

Seus cílios ensopados eram apenas uma ajuda extra para o acumulo de lágrima na área de seus olhos verdes, que agora mantinham uma cor brilhosa, como se Harry estivesse estupidamente feliz. Isso se, de fato, houvesse um sorriso no rosto do garoto.

Contudo, os lábios de Harry estavam pressionados um contra o outro, numa linha reta e quase invisível. As bochechas estavam extremamente coradas e os rastros de lágrimas marcavam pequenas linhas desuniformes que iam desde a região de seus olhos, até a ponta de seu queixo.

O cabelo cacheado estava bagunçado e a manga da blusa de moletom que o mais novo vestia estava com sua ponta molhada e amassada, por conta de todas as vezes que Harry acabou apertando aquela região com força demais, ou usou aquele pequeno e específico pedaço da roupa para limpar o rosto cheio de lágrimas.

Liam cruzou os braços, parecendo estar bravo e magoado ao mesmo tempo.

Curly, tenha calma! Você precisa entender de uma vez por todas... – Liam dizia, começando a se aproximar de Harry novamente e agarrando seus ombros com as mãos, prendendo seus dedos ali com certa força, para ter a certeza de que Harry não desviaria seu olhar, ou não perderia o foco no meio de toda aquela conversa profunda sobre corações partidos, no meio do banheiro masculino do colégio. – Quantas vezes eu já não te pedi para acabar com esse seu namoro e ficar com Louis?

Harry ficou quieto.

— Eu até mesmo modifiquei aquela merda do nosso manual para você! Mas seu coração... – Liam parou, rindo de forma nasalada e chacoalhando sua cabeça, como se não acreditasse no que estava prestes a dizer. – Seu coração é tão grande, que você abre mão da sua própria liberdade, só para fazer outra pessoa feliz! Você é especial e, eu entendo a maneira como você pensa, eu entendo o que Michael passou, mas... Qual é, baby? Você também já passou por coisas ruins, eu também já passei por coisas ruins! – Liam dizia, arregalando os olhos. Harry mantinha-se calado, apenas absorvendo cada palavra dita por aquele seu melhor amigo. – Quando eu e Sophia terminamos, eu... Eu achei que fosse morrer, mas você estava lá para me ajudar.

— Liam, por isso mesmo. Michael não tem ninguém!

— Michael tem você. Mas não você por completo. Michael ainda tem a sua amizade, mas não o seu amor. Pare de se subestimar tanto por outras pessoas, Harry. Comece a pensar mais em você!

— Mas...

— Não tem nada de 'mas' aqui, entendeu? Eu cansei de ouvir você se lamentando por um namoro que nem ao menos pode ser considerado um namoro. Eu cansei de ver você e Louis de um lado pelo outro, escondidos, porque simplesmente não podem pegar um na mão do outro e dizerem 'olhem só para nós, estamos namorando!'. Porra, o que há de tão difícil nisso?

Harry já estava fungando novamente, mordendo os próprios lábios para evitar que mais lágrimas voltassem a escorrer sobre seu rosto.

— Eu só não quero magoar mais ninguém...

Liam suspirou fundo, puxando Harry para um abraço.

— E eu não quero te magoar, mas se eu não te disser isso, ninguém mais dirá, né? E você sabe que essa é a única verdade que existe aqui, entre nós. Só basta você querer.

— Mas o Michael...

— Harry! Esquece o Michael. Que se dane o Michael.

— Liam! – o mais novo parecia repreender seu melhor amigo, afastando-se daquele pequeno e suave abraço.

— Entenda de uma vez por todas. Você não precisa necessariamente estar namorando Michael para ajudar ele... – Liam dizia, encarando Harry com seriedade em seu olhar.

Harry ficou alguns instantes em silêncio, suspirando fundo.

— Mas... Agora já não dá mais tempo.

— Tempo para que? – Liam perguntou, parecendo confuso.

— Para fazer Louis gostar de mim de novo. – Harry confessou, sussurrando baixo.

— Harry. – o amigo do garoto mais novo chamou.

— Hm?

Liam revirou os olhos.

— Quando é que você vai entender que Louis nunca deixou de gostar de você?

excuse me? // larry stylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora