Louis dava passos demorados. Harry o seguia de forma ainda mais lenta.
Lado a lado, caminhavam devagar, encarando o chão, como dois garotos adolescentes decepcionados com algo. Ou confusos. Ou entristecidos.
Harry mordia parte de seu lábio inferior como forma de ajudá-lo a pensar. Pensava, pensava e não conseguia abrir sua boca para que o som de qualquer palavra pudesse sair dali. Apenas suspiros, ou resmungos baixos. Qualquer coisa que Louis não conseguiria entender, mesmo estando tão perto.
As aulas haviam acabado. Quando o último sinal do dia tocou, Harry juntou todo seu material o mais rápido possível antes de sair apressadamente pelos corredores, até encontrar Louis.
Ele precisava encontrar Louis. E ele o encontrou.
Lembrava-se de ouvir o rapaz dos olhos azuis dizendo que, depois das aulas, iriam para a sorveteria próxima à escola. A mesma em que Louis ia com Zayn e Niall em todas as segundas-feiras.
A diferença era que aquela era uma quarta-feira. E Niall, Zayn e até mesmo Liam, haviam sumido.
Não literalmente, do tipo que faria Louis agarrar papéis impressos com fotos dos amigos e sair pela cidade, distribuindo panfletos e colando cartazes em cada poste. Mas um sumiço que o lembrava de como Louis deveria aprender a mandar mensagens de texto no meio da aula, sem que qualquer professor percebesse.
Por aquele e mais alguns outros motivos, eram apenas Harry e Louis. Com um Harry agarrando as alças da mochila que carregava nas costas e um Louis chutando as pedrinhas que surgiam em seu caminho.
Pensando em determinado assunto por alguns instantes, Louis sentiu-se aliviado por estar ali, apenas com Harry, e não com Niall, Liam e Zayn. Estava com vontade de fazer algumas perguntas ao mais novo, e a presença dos amigos apenas dificultaria ainda mais o nervosismo que sentia por não saber como realmente começar.
Do começo, não é? Por que você não pensou nisso antes?
Porque, talvez, Harry acabou tendo a mesma ideia.
— Louis. – o mais novo chamou, de forma tão baixa quanto o barulho que os tênis de Louis faziam ao raspar contra o concreto da calçada. Um som abafado e miúdo, mas que fez com que o rapaz dos olhos azuis sentisse que aquele chamado era apenas o início de frases extensas e conversas sinceras.
— Harry.
Harry parou de andar. Louis o imitou.
— Eu preciso te fazer uma pergunta.
Harry confessou. Por algum motivo, Louis sentiu o coração acelerar.
A barriga também gelava, como se uma bola de neve fosse se acumulando aos poucos ali. Uma sensação tão incômoda, que acabou fazendo com que Louis demonstrasse o nervosismo sentido com a ajuda de uma careta estampada em seu rosto.
— Hm? – murmurou, tentando apressar Harry, enquanto sua mente trabalhava na missão de encontrar pistas sobre a pergunta que o garoto dos olhos verdes estava prestes a fazer.
Era sobre aquele quase beijo, não era? Tinha que ser. Aquele assunto era o mais provável na cabeça de Louis. E o mais marcante. Até mesmo Luke adentrando o banheiro e pedindo desculpas de forma provocativa não lhe chamou tanta atenção.
Luke. O loiro alto, com piercing nos lábios, sotaque forte e barba rala no queixo. A principal causa para o quase-beijo não ter acontecido.
Louis suspirou alto, pensando. Será que, se Luke não tivesse atrapalhado aquele momento, Harry ainda assim teria o beijado? Ainda sentia a mesma vontade depois do incidente, ou havia sido apenas algo passageiro?
Eu já sei. Vou tentar beijar Louis... Talvez o joelho dele melhore. Ou talvez ele pense que eu quero beijá-lo. Ou talvez eu o deixe ainda mais confuso do que ele já está. Pobrezinho.
— É muito, muito sério.
— Hm...
Harry encarou o rapaz. Louis mordeu parte da boca.
— Você ficaria muito bravo se eu te pedisse para me deixar ficar com o resto do seu suco? – perguntou, de uma vez só. Louis quase teve que pedir para Harry repetir a frase, mas acabou apenas permanecendo alguns instantes em silêncio, enquanto sua mente processava a pergunta confusa.
Depois de algum tempo, chacoalhou a cabeça de um lado para o outro, sorrindo. Encarou Harry, que mantinha um bico em seus lábios, como se estivesse quase certo de que a resposta havia sido um belo de um não.
— É que eu estou com sede... – tentou se explicar.
Louis riu novamente, encarando o garoto de forma séria enquanto sentia todo o desconforto saindo de seu corpo, como se a bola de neve na barriga e a ansiedade fossem uma pedrinha chutada pelo rapaz.
— É claro que pode.
Harry sorriu.
— Eba. – murmurou baixo, erguendo as sobrancelhas enquanto entortava seu corpo e seus braços, na tentativa de alcançar a garrafa de suco que estava guardada num dos cantos de sua mochila.
Louis soltou uma risada.
— Assim você nunca vai conseguir. – comentou ao observar Harry curvando os braços para trás e tateando parte de sua mochila, enquanto fazia careta e franzia o cenho. – Deixa que eu te ajudo. – disse, aproximando-se ainda mais do garoto.
Harry recolheu os braços para perto da cintura novamente, assentindo com alguns movimentos de cabeça antes de virar-se, ficando de costas para Louis.
— Onde ela está? – perguntou. Harry nada respondeu. – A garrafa do suco.
— Nessa primeira abertura. Ela deve estar junto com alguma toalha de rosto.
Louis franziu o cenho.
— Toalha de rosto?
— É.
— Quem precisa disso numa escola?
— Não é minha. – Harry logo respondeu.
— Então de quem é?
— Do Liam.
— Liam?
— Sim. – sussurrou, como se estivesse receoso e duvidasse se podia continuar ou não a explicação sobre a toalha. – Ele usa às vezes, para secar as mãos. Tem mania de dizer que papel-toalha quase nunca funciona com ele.
— E por que você a guarda aqui dentro?
— Liam é meio desastrado. Perde tudo muito fácil. Então eu guardo algumas coisas para ele, porque sabe que não vou perder.
Louis sorriu.
— Vou começar a fazer isso.
— Desde que eu ganhe algo em troca. – Harry deu de ombros.
— O quê? – o mais velho franziu o cenho.
— Isso nós decidimos depois.
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excuse me? // larry stylinson
Teen Fiction"Com licença... Você está comendo as minhas batatinhas." © studyrainballs