Eu estava na quadra. Jogando futebol. Não. Tentando jogar.
Eu só não conseguia, por mais que eu corresse; eu não sabia o que fazer quando a bola vinha para mim.
Eu não conseguia dominar e também não conseguia chutar.
O time inteiro estava ficando bem bravo comigo, de tanto coisa errada que eu estava fazendo e eu não sabia reagir muito bem á pressão.
A realidade é que eu nunca quis jogar, mas o professor me pediu para participar dessa vez; ele fez o jogo parecer tão amistoso, que eu aceitei.
Um garoto me deu um empurrão e eu cai, batendo os joelhos contra o chão gelado.
Eu estava tentando assimilar, me levantar para ver o estrago, quando uma mão surgiu na minha frente.
Eu ergui um pouco o olhar e vi Sebastian, estendendo a mão para mim, com um olhar bem desgostoso:
- Você está bem? - ele perguntou, quando me levantei com o auxílio de sua mão.
- Estou.
Então ele flagrou minha mentira evidente, enquanto olhava para os meus joelhos sangrando.
- Vai lavar isso, e deixa que eu assumo daqui.
- Tudo bem. - eu sai andando pela lateral da quadra para não atrapalhar mais ninguém.
E enquanto eu lavava os meus joelhos, eu me perguntava o porquê dele ter sido tão gentil comigo. Eu tinha que me lembrar de perguntar mais á Lisa, sobre ele.
Quando meus joelhos pararam de sangrar um pouco e eu finalmente, voltei para a arquibancada da quadra, ele tinha ocupado meu lugar na defesa.
E eu tinha que admitir: ele era o melhor da quadra.
Aquilo era futebol.
Parecia que havia uma estática entre ele e a bola, em que ela sempre acabava voltando para ele no fim das contas e deslizando entre seus pés.
Eu nunca vi ninguém jogar tão bem.
Era possível ouvir o pessoal do time gritando em um esquema tático de jogadas, enquanto ele ignorava todos, mais como se estivesse num jogo individual.
E quando ele atravessou a quadra inteira e marcou aquele gol, ele podia parecer egoísta para todo mundo, mas foi altruísmo o suficiente para mim.
Ele jogou o colete e estava saindo do campo.
Meu time não venceu, mas aquele gol, foi um prêmio de bônus.
Quando ele estava para dar o último passo, ele esbarrou num garoto loiro do meu time.
O mesmo garoto que me derrubara.
Ele sussurrou algo para ele, com um olhar penetrante, mas eu não pude ouvir, e então ele veio até mim:
- E aí? Como estão os joelhos?
- Tá tudo bem. - menti descaradamente. - Obrigado. Eu acho.
- Eu só não gosto de desrespeito. - ele disse, dando se ombros. - Já vi que você não curte muito futebol, não é?
- Eu gosto. Mas não deveria jogar...
- Não funciona assim. - ele puxou a camisa e se sentou do meu lado. - A quadra é de quem quer jogar. Quem tem vontade. Se você quer, faça.
- Mas eu sou horrível!
- Esteja aqui ás cinco, amanhã. - ele deu o recado e saiu andando.
- Pra quê? - mas ele me ignorou, enquanto eu andava atrás dele.
Eu não entendi.
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U m a P r i m a ve r a Q u a l q u e r
Romance"Eu só queria uma resposta. A resposta do que é o amor. Eu queria encontrar uma definição num livro, na internet, mas a única definiçao que eu podia encontrar, era em mim mesmo e aquilo me dava medo, porque... E se eu nunca encontrasse?" - Victor...