45 - B i r t h d a y !

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Eu estava tomando um banho depois da escola e eu estava um tanto desapontado. Comigo mesmo.
Eu nem sabia do aniversário dela.
O fato de eu ser um namorado desnaturado me deixava um pouquinho chateado.
Eu não lembrara nem de a perguntar sobre seu aniversário.
E se o Sebastian não tivesse me dito? E se eu chegasse lá de qualquer jeito e ela ficasse brava comigo?
E o que eu podia a dar de presente? O que eu poderia comprar para ela?
Geralmente se compravam chocolates e ursinhos de pelúcia, não era?
Não. Isso era no dia dos namorados.
- Mamãe, o que eu dou de presente para uma garota no dia do aniversário dela? - perguntei descendo e parando no pé da escada.
- Depende. - ela largou o jornal e tirou a caneta da boca, para anotar alguma coisa. - Essa garota é uma garota normal ou a sua namorada?
- Minha namorada.
- Então... - ela se levantou, jogando a caneta na mesa e me encarando. - Tem que dar algo que vá tocar o coração dela como nenhum presente poderia.
Eu pensei em a dar uma estrela. Me repreendi por ter uma imaginação tão fértil.
- Algo que você saiba que a vá sensibilizar. - então uma luzinha insinuante explodiu na minha cabeça.
Eu já sabia o que ia a dar. E soube melhor ainda quando um sininho de carro de doces retumbou na minha rua.

Bati no portão branco e quem abriu foi o senhor Sandle com um aspecto mais risonho que o normal.
- Victor! Tudo bem? - ele disse me embraçando para dentro.
- Tudo sim, senhor Sandle. - eu empurrei aquela coisinha para dentro da sacola pela zilhonézima vez na tarde.
- O que é isso? - ele apontou para a sacola rosa com branco.
- O presente de Lisa.
- Ah, sim. Ela está lá dentro dançando como uma louca. - e assim que eu ia abrir a porta: - Victor, o que está prestes a ver nunca mais poderá ser desvisto. Tem certeza que quer entrar?
Eu soltei um sorriso bobo.
- Toda certeza do mundo, senhor Sandle. - ele deu de ombros e abriu a porta.
Ela realmente dançava. E realmente como uma louca. Não tinha absolutamente nada de encantador em sua dança, mas a espontaneidade de seus gestos era maravilhosa e a fazia ficar cada vez mais bonita e majestosa.
Seus cabelos batiam ora no seu rosto, ora em qualquer lugar e ela estava com aquele vestido. Aquele mesmo vestido que tínhamos comprado no outro dia no shopping.
Ela fez um giro e enquanto batia seus cabelos, ela abriu o olho num trisco e conseguiu me adquirir em seu campo de visão.
- Er... Oi. - um sorrisão largo e cheio de cabelos rosa grudados no rosto veio.
- Victor! - ela saiu correndo e grudou no meu pescoço. - Oi!
- Oi. - disse com um sorrisinho, quando nossos olhos se curvaram.
- Isso deve ser meu presente, não é? - ela apontou a sacola rosa atrás de mim.
Eu assenti e a entreguei a sacola.
Ela pegou, com uma abreviatura curiosa em seus olhos e abriu.
Ela soltou um grito.
E soltou a sacola no chão.
- MEU DEUS! É UM GATINHO! VICTOR, VOCÊ ME DEU UMA BOLINHA DE PELOS SUPERFOFA! - ela disse tudo isso segurando o filhote com as duas mãos e o olhando como se ele fosse a coisa mais impressionante do mundo inteiro.
- EU NÃO ACREDITO! - ela arregalava cada vez mais os olhos.
Comecei a ficar preocupado dela ter um infarto ou qualquer uma dessas coisas. Eu queria que ela ficasse feliz, e não que fosse parar no hospital.
- Eu também não. Não sabia que você sabia cozinhar. - Sebastian entrou na sala, comendo um sanduíche com patê.
Lisa segurou o pequeno gatinho em seu braço claro e jogou a sacola rosa em Sebastian.
- Foi um elogio, Lisa.
- Aham. Sei. - ela o observou de canto de olho.
- Então, você gostou. - era a alegação mais segura que eu podia fazer depois daquilo.
- Eu sempre quis um gatinho. Desde os 6 anos! - ela sorria, o segurando admirada. - Obrigada, obrigada. - então eu e o gato sofremos um abraço coletivo com tanto carinho, que era possível sentir isso correndo junto ao oxigênio e monóxido de carbono na atmosfera.
- Já escolheu um nome pra ele?
- Vai ser Otávio. - ela disse olhando para o gatinho.
- Por que Otávio? - Sebastian fazia uma careta de discordância nítida.
- Porque ele tem cara de Otávio, ué. - ela falou, num tom óbvio.
- Ah, é.
- Sebastian cala boca, se não vou fazer você engasgar com essa coxinha.
Ele deu língua para ela.
- Obrigada. Foi o presente mais fofo que eu já ganhei. - ela disse, soltando Otávio no chão e me dando mais um abraço, de ponta de pé.
- E o que você ganhou de Sebastian?
- Nada. - ela o olhou com desprezo evidente.

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