Eu sai correndo feito um louco depois que ela passou pelo seu portão e eu não parei até estar dentro da minha garagem.
Meu coração estava disparado e eu não sabia se era porque eu tinha corrido, ou porque eu sabia seu nome.
Eu sabia que nunca tinha corrido tanto, nem nas aulas avaliativas de educação física. E eu também sabia que tudo que eu via, enquanto corria, era o borrão dos carros e as buzinas deles para mim.
Lisa. Não. Lisa Sandle.
Lisa Sandle.
Se parecia mais com um ataque cardíaco mesmo.Não sei quantas vezes eu passei o rosto dela na minha cabeça naquela noite.
O rosto dela era tão bonito. O cabelo dela... Ninguém podia explicar o jeito que ela era bonita.
E aqueles dentinhos! Ah, meu Deus. Aqueles dentinhos separados.
Ela era tão empolgada e quando ela pulava, parecia que as sardinhas dela pulavam junto com ela.
O rosto dela era tão interessante que eu poderia me perder no tempo só contando as sardinhas do seu rostinho oval.
Graças a Lisa, eu organizara meu guarda roupa inteiro, procurando pelo meu quinto volume de One Piece.
Já estava na bolsa e agora estava esperando por amanhã como eu nunca esperei uma coisa na vida.
Eu estava meio que estático na cama, olhando para o teto sem conseguir dormir.
Meu Deus do céu, que menina linda!
- Ela veio falar comigo. - eu ficava repetindo isso de três em três minutos.
Eu sabia que eu deveria ser um babaca por não ter ido puxar papo com ela, ou tomar alguma atitude e pela coisa mais sensata que eu consegui dizer ter dido "seu cabelo parece algodão doce". Mas nada disso importava agora, porque quando o despertador tocasse de manhã, eu ia levar o meu quinto volume de One Piece para ela.
Isso significava que eu ia falar com ela de novo.
Eu precisava pelo menos fingir ser um pouco interessante; não podia dizer coisas tão bobas para ela. Não queria que ela desistisse de mim.
Mas é que eu de verdade, não fazia a menor noção de como me comportar na frente de uma garota como ela.
Eu conseguia ouvir e sentir tudo no meu quarto. Era como se ela tivesse me aguçado.
Eu ouvia o TIC TAC incessante do meu despertador. Eu ouvia a minha mãe desligando o chuveiro do outro lado da parede. Eu ainda conseguia ouvir meu coração quando eu pensava em como as bochechas dela eram grandes.
Eu fiquei pensando no que ela estaria fazendo agora.
Olhei a hora. Eram dez e dez. Talvez ela já estivesse dormindo.
Para ser mais preciso, fiquei pensando em como ela se sentia; será que ela estava tão ansiosa para amanhã quanto eu? Será que ela estava encarando o teto do seu quarto, se perguntando se eu também estava fazendo isso?
Eu sabia que deveria parar com isso.
Era meio bobo da minha parte.
Eu me sentia como um garoto de 12 anos.
Mas ela parecia uma garota de 12 anos quando pulou mais cedo.
Eu enfiei um travesseiro na cara:
- Meu Deus do céu, o que está acontecendo comigo? - de novo, um ataque cardíaco?
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U m a P r i m a ve r a Q u a l q u e r
Romance"Eu só queria uma resposta. A resposta do que é o amor. Eu queria encontrar uma definição num livro, na internet, mas a única definiçao que eu podia encontrar, era em mim mesmo e aquilo me dava medo, porque... E se eu nunca encontrasse?" - Victor...