49 - A G r e e n B a l l o n

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- Eu realmente queria que isso fosse interessante? - Lisa dizia com uma cara de tédio, observando o tio Robert e sua namorada se beijando.
- Esqueça dela. - eu dei de ombros. - Por que eles vieram com a gente? - eu dizia enquanto passava geléia de uva numa torrada.
- Porque ela se convidou. - Lisa revirou os olhinhos e ela parecia querer a descascar com o olhar.
- Olha, eu gostei da sua família. - resolvi dizer algo para quebrar o clima precipitado.
- Sério? - ela instantaneamente se animou.
- Sim. - eu mordi minha torrada. - Eles são bem interessantes.
- Lisa, tome conta do seu gato. - Regina trouxe o gatinho para perto da gente e colocou (de forma não tão delicada assim) no chão.
- Não seja estúpida com meu gato.
- Então cuide dele. - o olhar da mulher loira queimou sobre o dela e Lisa o sustentou até que ela desviasse.
- Quer dar uma volta?
- Eu quero arranhar a cara dela. - ela apontou.
- Vem, vamos. - eu a guiei.
- Eu não gosto dela.
- Eu sei.
- Você gosta dela?
- Quê? - arregalei os olhos. - Não.
- Se você mentir eu vou saber. - ela cemicereou os olhos.
- Por que eu sentiria alguma atração por ela?
- Tá. - ela cruzou os braços e se virou para o lago.
Fiquei pensando no que aquele "tá" significava e pensei em como o tom dela parecia me matar aos poucos, toda vez que eu me pergunta sobre ele.
Ela estava brava, não estava?
Então eu tive uma idéia.
Eu a deixei em frente ao lago por alguns segundos e aí saí correndo. Ela me deu um olhar, meio irritado, meio desprovido de preparação para a minha impulsividade.
- Moço, me dá um balão? - eu já ia pegando o um real que estava sendo requisitado no papelão.
- Meu filho, esse balão é para aquela mocinha que está olhando para o lago? - ele apontou para o seu cabelão rosa e seu vestido branco rodado.
- U-hum.
- Então pode levar de graça. - o senhor sorriu. - Que cor você quer?
- Hum... Verde. - foi o que mais me chamou a atenção.
Achei aquele tom bonito.
- Tome aqui. - ele me entregou um dos seus balões verdes.
- Obrigado. - ele deu mais um sorrisinho em seu bigode e seu chapéu.
- Olha, eu trouxe um balão para você. - eu o ofereci à ela, que pegou o balão e o ficou encarando.
- Por quê?
- Porque você estava brava.
- Toda vez que eu ficar brava, você vai tentar me comprar? - ela empregou com um segmento brincalhão.
- Toda vez que você ficar brava, eu vou tentar fazer você não ficar brava. Pelo menos não comigo.
- Tudo bem. - ela trocou o balão de lado e me olhou.
- Será que posso segurar a sua mão. - eu pedi.
- Já que você insiste tanto. - ela deu de ombros, orgulhosa.
Eu deslizei meus dedos do pulso dela até eles entrelaçarem com os seus e eu sentir um encaixe confortável.
- Não há mais ninguém que chame a minha atenção como você chama. - eu disse, encarando o grande lago á nossa frente.
Ela deu um sorriso fechado que fez suas sardinhas pularem e deu um beijo tímido na minha bochecha, enquanto deitava a cabeça no meu ombro.

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