65 - H i c k e y ?

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Era dia vinte e sete de dezembro e eu estava indo para casa de Lisa.
Ela me dissera para esperar, porque ela precisava desfazer as malas e todas essas coisas de viagem, mas eu sinceramente não ligava; eu só queria a ver. Eu estava morrendo de saudades.
Nós havíamos passado cinco dias sem nos ver e aquilo parecera o maior tempo do mundo para mim. Eu sei que parecia extremamente exagerado, mas era tudo verdade, eu sentia uma dorzinha no fundo do meu peito, toda vez que pensava no tempo que havia ficado sem sentir o cheiro dela. Um cheiro inconfundível de flores. Flores primaveris.
- Victor!
- Oi.
Ela pulou da porta para mim e eu a agarrei.
Ela grudou em mim, como um bicho preguiça e eu estava rindo quando ela me deu um beijo.
Mas não foi qualquer beijo.
Aquele beijo estava envolto em alguma coisa que eu não soube explicar.
Tinha algo como tempo e correr contra ele.
Eu só fechei meus olhos e deixei meus lábios sentirem os dela repuxarem os mesmos; deixei ela me guiar, porque eu sabia que ela queria.
Eu entreabri a boca bem lentamente, para que ela pudesse entrar; ela fez o mesmo.
Nossos rostos se encaixavam, se alinhando como a órbita de algum planeta imaginário.
Eu tentei avançar junto com ela, mas tudo que eu consegui fazer foi bater nossos dentes.
Ela parou o beijou e saiu dando altas gargalhadas por aquilo; eu só fiquei parado, sem saber o que fazer, porque eu me sentia um tonto de ter batido meus dentes aos dela.
- E aí? O que fez no natal? - ela perguntou me levando para dentro.
- Passei com Sebastian. E como foi o seu?
- Legal. - ela pegou uma bolsa roxa e pediu para que eu pegasse outra.
- Olá, senhora e senhor Sandle. - cumprimentei ambos com um aceno de mão. - Sua tia está melhor?
- Sim. Na verdade ela ficou feliz de ver a gente. - eu assenti e pousei as bolsas no chão do seu quarto. - Espera, eu tenho algo para você. - ela saiu correndo e remexendo dentro de várias sacolas que pareciam de lojas variadas.
- Eu... Anh... Eu...
- ACHEI! - ela deu um grito e eu me assustei. Recuei involuntariamente. - Seu presente de natal. - ela me entregou um embrulho prata.
- Ah. - eu fui abrir o embrulho.
Era uma camiseta verde, muito bonita. Ela tinha algumas listras que me fizeram lembrar da de Sebastian, e um bolso pequeno. - Eu adorei, obrigado. - eu a dobrei e coloquei de volta no embrulho.
- Ok, e o meu presente? - ela perguntou, inteiramente animada.
Otávio pulou na cama e miou, se esgueirando todo, como se estivesse me ameaçando por comprar outro bichinho de estimação para ela, ou só chamando a atenção para si.
Mas eu não havia comprado um bichinho para ela.
Eu só não havia comprado algo para ela.
- Lisa, eu... Eu não... Não comprei um presente de natal para você.
- Por quê? - a decepção era pálida em seu tom e em seu rosto.
- Esse mês de dezembro foi complicado e não sobrou dinheiro para minha mãe, então...
Nós gastamos todo o dinheiro numa lanterna amarela para o papai.
Mamãe até me perguntou, se tudo bem não comprar presente para ela, mas eu só não sabia que um presente era tão importante.
- Ah, tudo bem.
- Me desculpe, eu queria ter comprado...
- Já disse que tudo bem. - ela deu de ombros e se levantou para continuar desarrumando as malas.
- Quer ajuda? - ela apenas assentiu.
Fiquei chateado.
Mas eu realmente não tinha noção que um presente faria tanta falta.
Se eu soubesse, teria ao menos a dado uma flor.
- Victor, pega aquela bolsa, por favor? - ela apontou para uma pequena bolsinha azul com listras verdes.
Eu peguei a bolsinha e fui abrir para a ajudar a guardar suas roupas:
- Victor!
- Me desculpa. Eu não sabia. - soltei a bolsa e tapei os olhos.
Eu devo ter corado.
Era sua malinha de roupas íntimas.
Não foi maldoso da minha parte; eu só quis ajudar.
Logo, a risada dela sequenciou tudo.

- Lisa? - ela virou o rosto para mim e me encarou. - Me desculpe, por não ter a dado o presente. Eu não sabia que você queria tanto.
- Deixa pra lá. - ela encostou mais perto de mim, e deitou a cabeça no meu peito; passei meu braço pelos seus ombros. - Eu senti sua falta.
- Eu também senti a sua, bastante na verdade. - eu disse, a encarando.
- Victor?
- Hum?
- Me beija, por favor?
Ela não precisou repetir, porque eu sabia exatamente qual era a reação que eu tinha que tomar para aquilo.
Eu a beijei, num toque leve, e aos poucos o beijo foi ganhando um norte; meu rosto foi encaixando calmamente no dela e a boca dela delicadamente sobre a minha.
Eu passava o indicador sobre os contornos do seu rosto, numa abrangência mútua.
Lisa sempre guiava nossos beijos e eu não me importava muito com isso, porque se ela se sentia bem fazendo aquilo, para mim estava perfeito.
Eu só queria que ela se sentisse confortável, mesmo que eu não me sentisse; o que importavam eram os sentimentos dela.
Percebi que as coisas ficariam pouco mais intensas, então eu me desliguei e apenas senti.
Eu rodei pra cima dela, sem a menor intenção, mas foi como se o meu corpo já estivesse inteiramente no automático.
Eu estava com muita vontade de fazer uma coisa, então eu parei, acariciei uma mecha de seu cabelo para trás e olhei nos seus olhos:
- Será que eu posso beijar o seu pescoço, Algodão Doce?
Ela deu um sorriso bobo:
- U-hum.
Eu continuei beijando sua boca rosa por um início e depois fui me distanciando, travando bem no seu pescoço.
Eu passei a boca suavemente por ali; Sebastian me dissera que o pescoço era a chave, seja lá o que isso significasse.
Eu afastei seu cabelo e comecei a beijar com um pouco mais de toque; eu tinha medo de acabar a machucando, então eu só fiquei dando pequenos beijinhos por ali.
- Victor? - ela chamou e eu me voltei ao seu rosto. -Pode fazer com um pouco mais de pressão?
Eu a olhei e assenti, mas eu não tinha a mínima noção do que ela estava querendo dizer.
Então eu voltei lá e continuei distribuindo beijinhos mais demorados; ela começou a rir:
- Agora você esta fazendo cócegas. - eu me sentei na cama, um tanto desapontado comigo mesmo. - Será que eu poso mostrar como é? - ela me perguntou, se sentando em frente a mim.
- Hum... Claro. - mas eu continuei prostrado lá. - Eu preciso deitar?
- Não, tudo bem. Só fique quieto e tenta não fazer barulho, ok?
Eu fiquei pensando no que ela quis dizer com "fazer barulho" e eu ia perguntar, mas aí eu fui tomado por uma onda de alguma coisa que não sei explicar.
Eu só senti o meu corpo todo emaecido e era como se eu flutuasse, quando ela levou seus lábios ao meu pescoço e começou a repuxar a pele entre seus lábios inferior e superior, fazendo pequenas pressões em certos pontos.
Ah, então era aquilo que era fazer pressão?
Meu Deus, aquilo era delicioso!
Eu acabei fechando os olhos e ela começou a repuxar de modo mais intenso, fazendo pequenas erupções de êxtase percorrerem meu corpo todo, enquanto firmava as mãos nos meus ombros, para tet mais apoio.
Eu levei a minha mão à sua cabeça rosa e ela continuou; eu não queria que ela parasse.
Eu me sentia quase inconsciente.
Soltei um chiado. Foi involuntário. Passou despercebido.
Meu coração estava acelerado.
Eu comecei a ficar com medo daquela sensação fumegante acabar me matando. Será que aquilo matava?
O que era aquela coisa gostosa que ela estava fazendo no meu pescoço?
Ela se sentou do outro lado e começou a fazer a mesma coisa no outro canto do meu pescoço.
Mais um pouco de chiados, só que esses mais sequenciais e altos.
Ela parou o que estava fazendo e me olhou com um sorriso elétrico:
- Me desculpa, eu... Eu....
- Tudo bem. Pode continuar, só não faça tão alto, ok? - ela me pediu e eu só assenti.
Então Lisa se voltou ao meu pescoço e minhas mãos começaram a percorrer seus cabelos, sem eu nem mesmo notar:
- Nossa... Isso - eu mordi o lábio para conter um chiado. - Isso é realmente bom.
- U-hum. - ela emitiu o som com a boca ainda contra a minha pele.
E minhas mãos desceram e se firmaram nas suas costas, quando ela se afastou:
- Eita. - ela calculou bem devagar a palavra.
- O que foi? - eu comecei a olhar assustado e fiquei meio confuso; eu não entendia o que poderia ter dado errado.
Ela me entregou um espelho e eu levei o reflexo ao pescoço. Haviam duas manchas, irregulares e muito visíveis na minha pele opaca.
- MEU DEUS DO CÉU! COMO ISSO FOI PARAR AÍ? COMO É QUE VOCÊ FEZ ISSO? - eu perguntei, só um pouquinho desesperado.
- É, acho que marcou um pouco. - ela ria, em quanto a minha cara era de total pânico.
Eu não entendia como ela tinha machucado meu pescoço daquele jeito, se a única coisa que ela fez foi fazer pressão ali.
- Isso... Isso vai inflamar? Isso pode me matar? - eu sabia que tinha muita chances de ser uma pergunta boba, mas eu realmente fiquei com medo.
Meu pescoço estava vermelho, quase roxo.
- Está tudo bem, você não pode morrer por isso. - mas o sorriso se tornou complicado. - Eu acho.
- Isso vai sair? - eu esfregava a marca inutilmente.
- Aham.
- Quando?
- Uns cinco dias, uma semana. - ela deu de ombros, sem dar muita importância.
Eu peguei minha blusa de frio e fechei o capuz.

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