53 - S o a p

3 3 0
                                    

As risadas se instalavam perpétuas pelo perímetro do banheiro de azulejos azuis piscina.
- Eu nunca achei que lavar um banheiro pudesse ser tão divertido. - ela disse ainda gargalhando.
Eu soltei um sorriso.
- E vai ficar mais.
- O quê?
Peguei um balde de água com espuma e sai na direção dela.
- Victor, não! Não faz isso! - a boca dela se abriu num "O" perfeito.
Eu ri e joguei a agua em cima dela.
- AHHHHHH, EU VOU MATAR VOCÊ! - eu ri, e tentei patinar no sabão do chão, enquanto ela fazia a mesma coisa atrás de mim.
Ela caiu sentada no chão e começou a rir:
- Ai meu bumbum! - eu ri também e me sentei do lado dela, observando seus olhos, que eram lindos aquários marrons.
Eu passei uma mecha de seu cabelo por trás de sua orelha e Cerquei seu rosto:
- Eu senti sua falta.
- Eu também.
O olhar dela desceu para minha boca e eu tive certeza que morangos tinham o mesmo gosto da boca dela quando a beijei naquele dia.
Levei minha outra mão, que estava cheia de sabão, a sua nuca, e ela envolveu minhas costas com seus braços.
- Gosto muito de você, Principezinho. - ela parou o beijo, para dizer isso, olhando nos meus olhos. - Eu sinto muito por ter sido tão boba. - foi a quinta desculpa do dia.
Eu assenti e nossos lábios voltaram a se encontrar, enquanto eu me inclinava cada vez mais ao chão, até ela estar deitada por cima de mim.
Nenhum sentido meu estava aguçado. A única coisa que eu podia sentir eram os lábios de Lisa nos meus, se deslocando leve e livremente de um lado para o outro.
Eu abri passagem na minha boca, e senti que ela tinha me envolvido os lábios.
Minhas mãos desceram e eu segurei firme em sua cintura, enquanto ela fazia carinho com sabão nos meus cabelos claros.
Eu a virei no chão de espuma e dei uma leve repuxada nos seu lábios.
Ela envolveu meu pescoço e eu saí da extensão de seus lábios e beijei o canto deles, indo para a bochecha e descendo mais um pouco para seu pescoço.
Eu destinei vários beijinhos por ali e depois me voltei para mais um selinho rápido e central na sua boca.
Eu me levantei do chão e a ajudei a levantar.
Encaramos nossas situações e ela deu aquela sua risada alta:
- E agora? - isso devido o fato de estarmos cobertos de espuma.
- Vem cá. - eu dei a mão para ela, e a guiei até meu quarto.
- O que a gente tá fazendo aqui? - ela me deu um olhar de futuro pânico e eu não entendi o que ela quis dizer.
A entreguei uma das minhas blusas cinzas:
- Você pode ficar com ela até seu vestido secar.
- Ah, tá. - o olhar dela relaxou mais um pouco e ela pegou a blusa.
- Vou terminar de lavar o banheiro e aí você se troca. - ela assentiu e eu voltei para o banheiro.

- A comida estava ótima, senhora Winters. - Lisa disse, enquanto secava e guardava o último prato.
- Obrigada, querida. - minha mãe sorriu. - Victor, eu vou subir para dormir, porque estou muito cansada, então só tranque tudo quando ela sair, ok?
- U-hum. - eu assenti e mamãe subiu. - Então o que você quer fazer? - eu perguntei pegando na sua mão e a girando, como se estivessemos dançando.
- Eu não sei. - ela disse, seguindo algum ritmo que nem existia.
- Já sei. - eu a peguei no colo e sai correndo pelas escadas, enquanto ela gargalhava sem nenhuma prudência.
- O que você vai fazer?
- Quero te mostrar uma coisa.
Eu a coloquei no chão e fui até meu guardas roupa.
Eu a entreguei uma foto e me sentei na ponta da cama, enquanto ela barrava os olhos atenciosamente pela foto.
- Quem é esse? - ela apontou um homem de bermuda e barba na fotografia.
- Meu pai.
Sua boca fez uma expressão um tanto complicada e ela sentou do meu lado. Ela deitou sua cabeça no meu ombro, ainda encarando a foto.
- Sinto muito mesmo.
- Falo com ele todas as noites. - eu dei um sorriso suspeito. - Ele diria que você é muito bonita e que eu não deveria fazer você chorar. - ela sorriu e se encolheu num gesto tímido de dentinhos espaçados.
- Olá, senhor Winters. - ela passou o dedo pela fotografia, me encarou, e nós continuamos olhando a fotografia.

U m a   P r i m a ve r a   Q u a l q u e r Onde histórias criam vida. Descubra agora