- Vamos voltar para o acampamento; precisamos nos arrumar para voltar para a escola. - disse a professora de biologia com um sorriso maroto.
- Ah, eu estou cansada. - disse Lisa desabando no meio da mata.
- Não sente em qualquer lugar assim, Lisa. - disse Sebastian a ajudando a se levantar.
- Mas minhas pernas doem! - ela protestou.
- Tudo bem. - eu disse e me virei de costas. - Eu levo você.
Ela soltou um leve sorriso e saiu correndo, até saltar nas minhas costas e prender as perninhas finas ao meu redor e os bracinhos nos meus ombros.
- Ah sim! Bem melhor.
- Folgada. - sorriu Sebastian.
- Fique queito, Sebastian! - ela começou a se balançar tentando acertar ele, mas ele desviou.
- Ai Lisa, não se balance tanto, se não nós dois caímos. - eu avisei, tentando me equilibrar no meio de alguns galhos intrincados.
- Me desculpa, Principezinho. - ela amarrou mais ainda as mão ao redor do meu pescoço, mas tomando o cuidado, de não me enforcar.
- Ei, Victor.
- Hum? - virei o rosto para Sebastian.
- Vamos apostar corrida?
- Quê?
- Até o acampamento? - ele sugeria, com um sorriso astuto demais, para demonstrar inocência.
- Mas é injusto, você não está com ninguém nas costas.
- Tudo bem. Não importa. - o sorriso dele aumentou, quando eu concordei.
E eu sabia que as chances de eu ganhar eram nulas. Eu sabia que Sebastian chegaria bem mais rápido do que eu; não só pelo fato dele estar sem uma pessoinha nas costas, mas também pelo fato de suas pernas serem mais longas e dele ser mais habilidoso.
E eu não me importava se ele ganhasse...
- 3... - ele me deu uma encarada. - Tchau.
Ele disparou na frente, sem aviso prévio e eu sai depois:
- Não vale! Ele trapaceou! - Lisa tinha um olhar bravo, que a fazia ficar rabugenta, mas aquilo só aumentava suas bochechas, o que a deixava mais fofa ainda.
- Tudo bem, Algodão Doce. Tudo bem. - eu arrumei as pernas dela de um modo melhor e continuei a correr.
Eu consegui alcançar Sebastian e quase o passei:
- Você é um bobão, Sebastian! - Lisa gritou para ele.
- E você é pequena! - ele deu um sorriso com o palito de dentes na boca.
- EU O QUÊ? - ela deu um pulo das minhas costas e saiu correndo até ele.
Ela parecia um fogo de artifício, prestes a estourar no céu.
Senti dó de Sebastian, quando ela o alcançou e o deu um cascudo no alto da cabeça:
- Ai. - ele disse, levando a mão a cabeça. - Isso doeu.
- Eu sei. - ela se orgulhou.
- Lisa, olha o seu ombro. - e ela o fez.
Havia uma pequenina joaninha em seu ombro; ela estava estacionada ali, como se sentisse confortável.
E quando Lisa a olhou, ela bateu as minúsculas asas e pousou em seu nariz.
Ela começou a rir, com os olhos fechados, enquanto batia palmas, mas foi bem momentâneo, porque logo ela soltou um espirro, o que assustou a joaninha, a qual saiu voando.
Uma cena tão pequena. Durou por segundos. E fez meu olho brilhar.- Acho que deveria falar com ela. - ele disse do nada, enquanto recolhiamos nossas coisas na barraca.
Eu me virei para ele, esperando que ele apresentasse alguma reação que me fizesse entender sobre, mas ele só continuou dobrando suas roupas e as colocando polidamente na mala.
- Do que você está falando, Sebastian?
- Da garota de cabelos rosas e os seus olhos brilhantes. - senti meu rosto queimar e eu soube que estava ficando vermelho. - Gosta dela, não gosta?
- Eu... eu... Eu... - suspirei e abaixei a cabeça. - Gosto.
- Por que não diz isso á ela? - ele perguntou com um sorriso esbanjando.
A pergunta do universo para mim. Eu sabia.
- Eu... Eu... - suspirei novamente, mas dessa vez sem tanta energia. - Não sei.
- Está na cara que ela gosta de você.
- Você acha?
- Eu sei. - ele terminou a mala e era incrível como tudo estava em perfeita ordem. - Vi o jeito que os olhos dela sorriem quando você está perto.
Eu colocava minhas coisas na mala:
- Pelo amor de Deus, Victor. Você quer ajuda com a mala? - ele encarava o amontoado de roupa, agoniado.
- Pode ser.
Ele veio para o meu lado e tirou tudo o que eu havia posto na mala.
Sebastian tinha uma certa obsessão por manter as coisas em ordem; ele realmente odiava bagunça, por isso tudo sobre ele era extremamente impecável.
- Você não pode deixar isso passar. Não é todo dia que você se apaixona desse jeito por alguém. - ele disse quando terminou de arrumar minha mala e saiu da barraca.
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U m a P r i m a ve r a Q u a l q u e r
Romance"Eu só queria uma resposta. A resposta do que é o amor. Eu queria encontrar uma definição num livro, na internet, mas a única definiçao que eu podia encontrar, era em mim mesmo e aquilo me dava medo, porque... E se eu nunca encontrasse?" - Victor...