33 - C a m p in g

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Nós estavamos no ônibus. Indo para o acampamento no horto florestal.
Lisa estava com fones de ouvidos e com sua jaqueta com a toca do pikachu.
Ela estava cantarolando com a cabeça encostada no meu ombro, enquanto eu encarava a fina chuva e o céu feio de Guarulhos.
- Ei, Victor... - algo se precipitou na cena, até eu perceber que era só Sebastian, pendurado no banco da frente, nos encarando. - Ah, Oi Lisa.
Ele estava com um gorro meio grande, mas pela primeira vez em algum tempo, eu o vi diferente.
Lisa, tirou os fones e o encarou com os grandes olhos que tinha:
- Oi, Sebastian!
- Oi. - ele ecoou de novo.
Foi estranho.
- Victor, você vai dividir a barraca com alguém? - eu neguei com a cabeça. - Será que posso ser seu par? A minha quebrou.
- Tudo bem. - eu respondi.
- Valeu. - ele voltou correndo para o fundo do ônibus.
Eu achei que ele fosse ficar. Nós éramos amigos agora. Amigos não ficavam perto? Eu não entendi.
- Lisa, - esperei ela olhar para mim. - Por que foi tão legal com ele?
- Ele está sendo legal com você, agora. - ela deu de ombros. - Não tem porque eu o tratar mal.
Naquela manhã nublada, eu aprendi com Lisa a ordem da reciprocidade.

Senti algo pinicando meu braço; sinceramente achei que fazia parte do sonho que eu estava tendo, até uma voz se seguir, e eu perceber que era algo externo.
Abri meu olhos, e contemplei Sebastian com o mesmo gorro de mais cedo.
- Até que fim.
- O que foi? - eu me sentei. - Aconteceu algo?
- Você está afim de ver uma coisa legal? - ele deu um sorriso que parecia algo interno, explodindo de forma positiva.
Eu assenti.
Eu estava meio desconfiado da probabilidade dar errado, enquanto caminhavamos para o lado do acampamento das meninas.
Eu mal sabia para onde estava indo. Eu nem era impulsivo, mas naquela noite de céu sem estrelas, eu fui impulsionado pelo sorriso do meu amigo Sebastian.
- Ei, Lisa. - eu falei baixinho, batendo de leve na sua barraca. - Lisa?
Eu estava rezando para ela estar só lá dentro.
- Victor? - ela colocou o pescoço para fora, enquanto coçava o olho, com seu rosto macio todo amassado; o sono dela parecia estar bom. - O que foi?
- Eu.. É.... O Sebastian...
As palavras estavam tão prontas na minha cabeça, mas de repente, elas foram morrendo, quando eu as quis proferir.
- O Victor quer que você venha a um lugar com a gente. - a voz de Sebastian roubou a cena e eu fiquei feliz por ele ser tão direito.
- Sério? - e mesmo morrendo de sono, o rosto dela se animou instantaneamente.
- Sim.
- Tudo bem. - ela soltou um grande bocejo. - Só vou pegar Meu casaco. - ela se voltou para dentro da barraca e depois saiu, revelando um pijaminha composto de unicórnio, o qual estava com o capuz levantando, ilustrando um chifre fofinho.
Ela colocou o casaco azul de pelinhos por cima, e nós três saímos andando.
Eu sinceramente, não tinha a menor noção de onde estavamos e graças a Deus, Lisa leu meus pensamentos:
- Ei Sebastian, onde estamos indo?
- Num lugar bonito. - foi a deixa dele de início, enquanto ele parecia a pessoa mais cautelosa do mundo.
Engraçado como tudo estava tão quieto e como o simples som de pisar num galho podia atravessar uma imensidão de decibéis.
- O bom de você repetir de ano - ele se abaixou para passar por debaixo de alguns galhos retorcidos. - É que você descobre algumas coisas. - Nós chegamos a uma área em que se lia "fique longe" e havia uma grade de proteção, que não lembrava tanta eficácia.
- Nós não podemos entrar, diz que é proibido. - eu disse, me sentindo menor que Lisa.
- O que tem aí? - a curiosidade dela aflorava.
- Vocês só vão saber se entrarem. - ele deu de ombros e pulou a grade de proteção.
- Você quer entrar? - eu a perguntei, enquanto Sebastian aterrissava do outro lado de uma forma não tão confortável assim. Feito um saco de batatas. O que fez Lisa rir.
- U-hum. - ela assentiu e o chifre de unicórnio balançou.
- Tudo bem. - eu entrelacei meus dedos aos dela.

U m a   P r i m a ve r a   Q u a l q u e r Onde histórias criam vida. Descubra agora