37 - A f t e r n o o n

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O apito demarcou o fim do jogo e a torcida invadiu a quadra.
4 x 3.
A primeira coisa que vi, foi uma coisinha azul de cabelos rosas vindo superfeliz na minha direção.
Tudo o que eu pude fazer foi abrir os braços e a esperar, pelo que pareceu durar anos-luz.
Ela pulou em mim e eu a agarrei e sai a girando, enquanto suas pernas faziam redemoinhos de ar e ela gargalhava abertamente:
- Eu sabia! Eu sabia que você conseguiria!
Ele veio a passos leves, logo depois que a multidão passou por mim.
Ele me deu um longínquo sorriso.
- Obrigado, Sebastian. - meus olhos estavam em um xadrez de estrelas.
- Talvez você até tenha precisado de mim, mas o que você mais precisava, era de você mesmo. - ele deu de ombros.
- Ei, o que vocês acham da gente ir no shopping pra comemorar? - Lisa se habilitou.
- Ótima ideia. Você vai pagar pra mim, Lisa? - ele provocou.
Eu só vi a mão de Lisa voando e acabando no alto da cabeça dele:
- Não abuse da minha bondade.
- Ai!
- Vamos, gente. - nós três saímos andando.

E enquanto nós comiamos nossos hambúrgueres, eu percebia o quanto tinha sido tolo de achar que Sebastian deixaria de ser meu amigo se eu perdesse um jogo.
E enquanto ele e Lisa discutiam sobre a importância dos picles, eu só conseguia sorrir, sendo grato por aquela felicidade instantânea que me circundava.
Ela e Sebastian brigando, já estava se tornando um hábito. Um agradável e paradoxo hábito. E eu nunca imaginei ter amigos com quem tivesse uma divertida rotina.
- Victor, você acha que picles são importantes ou não? - ela me perguntou, olhando no fundo dos meus olhos, como se fosse muito importante.
- Eu...
Na verdade, eu estava com muito medo de responder. Havia uma resposta certa para aquilo? E se eu dissesse que não e ela gostasse de picles? Será que ela enfiaria um picles na minha boca?
- Eu não gosto muito.
- Toma essa, bobão. - ela cemicerrou os olhos para ele, que mesmo sendo derrotado na discussão sorriu minimamente.
E eu pensei como aquele jeito dela era bonitinho. O fato de até as ofensas dela serem a coisa mais fofa que eu já me permitira ouvir.
- Filho? - minha mãe parou a caminhada e tentou focar os olhos.
- Oi, mamãe. - levantei e fui a cumprimentar com um beijo na bochecha.
- O que está fazendo aqui? - ela perguntava segurando sua bolsa beje.
- Vim comemorar com uns amigos a vitória da primeira etapa do interclasses.
- Vitória? - ela ergueu a sobrancelha clara.
- Sim. Seu filho é um excelente aprendiz, senhora Winters. - disse Sebastian me surpreendendo com seu tom.
- Eu sei. E você quem é?
- Sou Sebastian McCurry. Amigo do seu filho. - ele deu a mão para mamãe, que a apertou.
- Nina Winters. - ela deu um mediano sorriso para ele. - Olá, Lisa.
- Oi, senhora Winters.
- Então, você ganhou o Interclasses? - ela direcionou a pergunta a mim.
- Sim.
Lisa gargalhou mais.
- Então, o que vocês acham da gente comprar sorvete e ir lá pra casa? - mamãe convidou.
- Eu adoraria, mas eu tenho algumas coisas da escola para fazer. - Sebastian disse.
- Hum. Tudo bem. - mamãe ficou com o rosto pensativo. - Marcamos uma outra hora.
- Com certeza. - ele assegurou.
- Vou comprar o sorvete, já venho. - ela saiu entre as mesas e ficamos só nós três de novo.
- Então... - eu respirei fundo. - Lisa, eu queria te fazer um convite.
Talvez aquela fosse a quarta parada cardíaca naquele dia.
A primeira fora quando a vira hoje de manhã.
- Hum.
- Eu queria saber... Seu você quer ir comigo...
- Quero! U-hum. U-hum. U-hum. Que horas você passa para me buscar?
- Eu... Eu... - eu sorri. - Te busco no sábado ás quatro horas, tudo bem?
- U-hum. - ela respondeu bem humorada. - Espera, onde a gente vai mesmo? - ela se tocou de que nem me deixara terminar.
- Num parque de diversões.
Vi Sebastian dar seu tradicional sorriso de canto, se levantar e sair andando, despercebido, como costumava fazer.

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