13 - P a r t y

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Minha mãe estava tentando me convencer durante a tarde inteira a ir à festinha que Sophia me convidara.
E eu passei a tarde inteira dizendo pra ela que eu não tinha nenhum amigo:
- Por que não convida a Lisa?
- Ela não vai.
- Já tentou.
- U-hum.
Não era uma mentira. Era uma meia verdade. Eu perguntara se ela iria, mas ela disse que não, então eu achei que não havia porque insistir.
- E você vai ficar fazendo o que, aqui sozinho?
- Eu não sei. Acho que vou desenhar.
- Tudo bem. - ela pegou a bolsa e o casaco. - Se precisar, tem dinheiro na cestinha.
- Eu não quero ir à festa.
- Tudo bem, então use para comprar sorvete. - ela me deu um beijo na testa. - Tchau, filho. - e saiu pela porta.

Eu queria ver Lisa.
Eu não queria ir à festa.
Mas eu não podia simplesmente aparecer na casa dela, assim sem nenhum motivo.
O que eu diria? Provavelmente alguma coisa bem boba, da qual ela riria com os ombros encolhidos. E isso me faria pensar mais ainda sobre como o sorriso dela era o mais impressionante de todos.
Mas a mamãe estava certa. O que eu ficaria fazendo?
Não tinha definitivamente nada pra fazer. Nem dever. Eu fizera tudo ontem.
Bufei e fui tomar um banho, porque me sentia meio obrigado a ir.
Depois que saí do banho, olhei o endereço da festa. Ótimo, pelo menos eu não teria que pegar um ônibus.
Eu não gostava particularmente de pegar ônibus, porque isso me obrigava a ter um contato simultâneo com pessoas.
E eu realmente torcia para que elas não se sentassem do meu lado, e quando isso acontecia, eu levantava e ia pra perto da porta.
É, eu realmente evitava gente.
Escolhi uma bermuda qualquer e uma blusa branca.
Era uma noite devidamente quente. O que me fazia pensar, que mesmo que estivesse frio não faria diferença, eu levaria um casaco.
Festas pada adolescentes são como fogo para a gasolina. É combustível. Acaba esquentando.
Tentei dar um jeito no meu cabelo castanho claro, quase loiro; pensei em passar gel, mas ia ficar muito esquisito e o que eu menos precisava agora, era ser notado.
Eu me encarei no espelho. Eu puxará os olhos castanho-escuro de mamãe e eles eram bem grandes, com uma renca de cílios. Tive um pensamento cômico, de que eu poderia emprestar um pouco á Lisa.
A semelhança com a minha mãe começava e acaba nos olhos; minha pele era parda e eu tinha uma boa estatura num corpo muito magro.
Não era como se eu fosse atlético, mas eu nunca me importei.
Desci as escadas e peguei o dinheiro em cima da cestinha.

Eu deveria ter ficado em casa. Deveria ter ido dormir mais cedo, pelo menos, eu recuperaria meu sono atrasado.
O cheiro do suor predominava na pista de dança improvisada, enquanto o som de corpos balançando era ouvido. A gritaria era evidente, enquanto alguém enchia copos de refrigerante.
E eu continuaria analisando os detalhes da festa, se não tivesse sido interrompido:
- Você veio. - eu assenti para a garota de cabelos castanhos. - Quer um refrigerante?
- Não, obrigada. Eu estou bem.
Ela assentiu. Parecia satisfeita.
- Você já viu a atração principal da festa? - eu neguei com a cabeça. - Quer ver?
Eu pensei. Não tinha nada interessante acontecendo, então eu não perderia nada.
- Eu...
Mas aí a coisa mais interessante que poderia acontecer, aconteceu.
- Sophia, me dá licença. - disparei pelas escadas. Pulando alguns degraus para chegar mais rapido até o chão.
Dizer que ela estava linda, era pleonasmo.
Ela usava uma blusinha rosa de mangas e um jeans justo. Ela também usava sapatilhas lilas e estava com um olhar meio deslocado.
Era incrível como ela conseguia ser a luz, mesmo estando tão simples. Sua blusa nem tinha desenho:
- Lisa?
- Ah meu Deus do céu! Que bom que você veio! - ela pousou as mãos nos meus ombros e abaixou a cabeça. - Eu estava para começar a chorar.
- Eu vim porque não tinha o que fazer. - eu sabia que não era tão interessante assim.
- A minha mãe me obrigou mesmo. - ela disse, enquanto andavamos pelo comprimento da casa. - Eu acho meio desnecessário.
- Eu também.
- Olha, tem uma garota olhando para você. - ela apontou.
E foi aí que aprendi mais uma coisa sobre ela. Ela era muito indiscreta. E ela não estava nem aí; ela simplesmente era do jeito que era e não se importava se não gostassem.
- Ela é sua namorada? - foquei no rosto dela.
Ela estava com a boca numa simples linha fina, que deveria ser neutra.
- Não. Eu não tenho namorada.
- Acho que ela gosta de você. - ela me ignorou por meio minuto.
- Você tem namorado? - então, eu também a ignorei.
Sophia não era importante.
- Não. - ela juntou as mãozinhas brancas e as encarou. - Eu não gosto desse lugar...
- Esta afim de dar uma volta?
Na hora ela ergueu a cabeça para mim e eu pude notar sua pupila indo e voltando.
- Eu quero sim. - ela voltou a ter aquele brilho comum.

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