- Filho?
- Mãe? - meu rosto sofreu um contraste drástico.
- Filho.
- Mãe. - engoli em seco.
- Oi, querido. - ela veio me dar um abraço, mas eu mal consegui interagir. - Tá tudo bem? Você está com febre? - ela colocou a mão na minha testa e colocaria no meu pescoço, mas eu esquivei.
- Não. É só que lá fora tá ventando.
- Ah, sim. - ela juntou as mãos. - Filho, você quer sair pra jantar comigo e com o Renê...
- Na verdade, eu comi na casa da Lisa. - eu só conseguia ficar com um olhar pasmado no abajur da sala.
- Tudo bem, então. - ela deu de ombros; parecia um pouco chateada por eu ter recusado o convite. - Vou me arrumar.
- Aham.
- Você quer alguma coisa? - ela perguntou já subindo as escadas.
Eu só movi a cabeça de um lado para o outro, feito um louco. - Ok, então. - ela terminou de subir.Eu tinha acabado de comer um pão com peito de frango e agora eu estava deitado na minha cama, de barriga para alto, pensando no que acontecera hoje.
Eu fiquei me sentindo culpado pelo que tínhamos feito.
No momento soou ótimo e de fato, eu não entendi o que estava acontecendo, na verdade eu gostei, porque a sensação foi ótima e eu só não quis parar. Mas depois que Sebastian me explicou, eu fiquei me sentindo tragicamente feio, por causa do que aquelas coisas significavam.
Eu tinha certeza que se a mamãe visse aquilo, ela me mandaria para lua. Mamãe sempre foi contra esse tipo de exposição; ela era muito restrita e ela sempre me disse que se um dia eu aparecesse ou fizesse aquilo á uma garota, as coisas ficariam muito feias para mim, porque ninguém merecia ser tão exposto.
Mas aquilo não estava no pescoço de Lisa, estava no meu.
Pensei sobre a reação de Sebastian. Ele agiu como se aquilo fosse um mero machucado, como aqueles que você podia fazer ao cair de bicicleta; ele agiu com tanta normalidade e não como se aquilo fosse primordialmente um erro.
Eu queria poder agir com a naturalidade dele, mas eu só me sentia culpado.
Lisa também agira como se fosse uma mísera lembrança a ser esquecida.
Aquilo me fez pensar no que Sebastian falara sobre o tempo e experiências; talvez Lisa já tivesse feito aquilo antes.
Pensar aquilo me deixou um tanto triste; pensar que alguém já tocara o mesmo lugar que eu ficara no seu pescoço, me fez retroceder um pouco.
Ela foi a primeira que tinha tocado meu pescoço; eu deixei ela me machucar, num ato confortável e inocente; sem ter a mínima noção desses outros fatores.
Eu me encolhi um pouco na cama e girei o olhar para as minhas longas cortinas.
Pensar aquilo não estava me ajudando, porque eu sabia que não fazia o menor sentido de ficar me remoendo por algo que já acontecera em uma época que ela nem conhecia.
Aquilo me fez pensar em mais uma coisa, "Geralmente isso acontece nas preliminares...". O que aquilo significava exatamente? Será que Lisa estava pensando em algo desse tipo?
Minha cabeça deu um nó, e meu estomago embaçou.
Será que ela queria fazer aquelas outras coisas...
Minha cabeça começou a doer e eu quis parar de pensar naquilo, mas não consegui.
Eu não queria fazer aquilo agora. Eu tinha medo de fazer um bebê vir ao mundo. E eu também não havia parado pra pensar naquilo e se um dia isso viesse a acontecer com a gente, eu queria que fosse legal para ela, porque dizem que primeiras vezes são complicadas...
Mas... Será que seria a primeira vez dela?
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U m a P r i m a ve r a Q u a l q u e r
Romance"Eu só queria uma resposta. A resposta do que é o amor. Eu queria encontrar uma definição num livro, na internet, mas a única definiçao que eu podia encontrar, era em mim mesmo e aquilo me dava medo, porque... E se eu nunca encontrasse?" - Victor...