Eu desci do vagão e a contemplei de costas para mim.
Ela estava longe, mas Deus! Eu nunca me senti tão seguro por a ver.
- Lisa!
E eu também não sei qual foi o ímpeto que me fez conseguir gritar seu nome tão alto no meio de várias pessoas quietas na estação, mas eu o fiz, e ela se virou para mim, como uma onda que se vira para a costa.
- Victor! - ela gritou e saiu correndo.
Eu também corri e nós nos encontramos ali no meio, enquanto eu a segurava num abraço no meio do ar.
- Eu fiquei com medo. De você ter ido embora. - exatamente como Sebastian descrevera.
- Eu nunca iria embora. Não da sua vida. - ela disse cercando meu rosto com suas mãos. - Você é uma das coisas mais importantes que eu já tive.
Eu a apertei mais forte e mergulhei o rosto no seu pescoço, porque eu não queria que as pessoas vissem que eu estava chorando.
- Vem - eu disse, saindo do seu abraço, quando consegui me recuperar. - Vamos pra casa. - eu entrelacei meus dedos aos dela.
E assim que começamos a andar, um barulho estalado começou a se manifestar por dentre as pessoas.
Não entendi até olhar em volta, onde grupos de pessoas aqui e ali aplaudiam. Era óbvio que tinha sempre alguém resistente, mas a maioria delas sorria e aplaudia, e eu só entendi que aquilo era para mim e para Lisa, quando vi aquela moça de vestido florido, aquela mesma do metrô, ela nos aplaudia e estava sorrindo também. Ela ajeitou os óculos e continuou aplaudindo.
Ela usava uma correntinha que Parecia de ouro, e eu só não entendi o porque das pessoas estarem nos aplaudindo.- Por que aquelas pessoas estavam nos aplaudindo, Algodão Doce? - eu perguntei segurando no ferro do trem.
- Eu não sei. - ela disse e encostou a testa no meu peito, fechando os olhinhos.
Ela parecia um tanto cansada com seu semblante esmaecido.
- Você está bem?
- Estou com sono. - ela disse coçando os olhinhos que pareceram bem pequenos. - Você pode dormir hoje comigo?
- Não sei se seu pai vai gostar muito da idéia. - ela desbotou um sorriso de sono.
- Tudo bem. - ela soltou do ferro e abraçou meu corpo.
Soltei um braço também e a abracei como pude, enquanto contemplava o quão lindos eram seus olhos, mesmo que eles tivessem carregados de sono e mais sono.
Ela se esgueirou em seu tamanho para me dar um leviano selinho, então eu me inclinei e beijei a ponta do seu nariz.
Ela soltou uma risada e coçou o nariz:
- Faz cócegas. - e ela estava com seu sorrisão aberto para mim.
Ela cercou meu pescoço e seus lábios moldaram os meus, de forma bonita.
Tomei uma atitude arriscada e me soltei totalmente do ferro, ficando apenas encostado no mesmo, tendo apoio.
Eu cerquei sua cintura e nossos rostos se encontraram em seus pontos, como se não tivessem vários desconhecidos se perguntando o que era aquilo.
Talvez alguns assistissem, nos achando corajosos, por tentar aquilo num vagão turbulento; talvez não; talvez eles só estivessem com medo de ter uma freada brusca e nós cairmos e nos machucarmos.
Até que a freada aconteceu e eu não sei como consegui segurar Lisa pela cintura e me agarrar ao ferro ao mesmo tempo.
Ela olhou para minha cara e nós rimos.
Rimos como se na noite passada ela não tivesse dito "eu te amo".
Rimos como se na noite passada eu tivesse retribuído.
Nós rimos, como se ela não pudesse quebrar meu coração a qualquer momento e eu não estivesse morrendo de medo disso acontecer.
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U m a P r i m a ve r a Q u a l q u e r
Roman d'amour"Eu só queria uma resposta. A resposta do que é o amor. Eu queria encontrar uma definição num livro, na internet, mas a única definiçao que eu podia encontrar, era em mim mesmo e aquilo me dava medo, porque... E se eu nunca encontrasse?" - Victor...