# Capitulo 131 #

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<Pensamento Emma*On>

Para o primeiro dia em Holmes Chapel até que acho que está a correr bem.
Começamos o dia muito animados, a família estava toda entusiasmada por ir passear pela vila e eu gostava de ver a felicidade no rosto do Harry.
Ele tinha tudo planeado na sua cabeça, ele sabia quais os lugares onde queria ir, quem queria ver e o que me queria mostrar. Finalmente, ele começara a ganhar vida.
Pensei que pelo menos, o inicio seria complicado para ele, ter que enfrentar os lugares, as pessoas... mas do nada ele mostra-se alguém confiante e cheio de vontade de correr esta vila de uma ponta à outra.
Saímos os quatro de casa, logo a seguir ao pequeno-almoço, e fomos andando por aquela pequena vila.
Pequena, talvez não tão pequena, porque andamos bastante. A mão do Harry esteve todo o caminho entrelaçada com a minha o que era reconfortante. Estava um dia frio, aqui é um local muito húmido, e eu tinha sempre as minhas mãos frias, mas também tenho um super namorado que cuida sempre de mim. Sou uma miúda de sorte.
De manhã, eles mostraram-me sítios muito bonitos, jardins, a igreja que é como que o centro das atenções daqui, mostraram-me a escola onde o Harry e a Gemma andaram e eu não parava de rir porque eles tinham mil e umas histórias a contar. Conheci o parque onde o Harry aprendeu a andar de patins e para onde ele fugia atras da irmã e dos amigos. Conheci o centro de boxe onde o Harry andou em pequeno e ele olhou para aquele local com saudade. Emocionei-me por ver como, os seus olhos grandes e verdes, olhavam para aquele local já um quanto degradado e abandonado pelo tempo.
E ai eu entendi uma coisa, o boxe não foi só um escape para ele, era uma paixão. Apoderaram-se dessa sua paixão para tomar partido da sua habilidade. Continuo a não gostar que ele lute, mas eu agora entendo que isto é algo maior do que querer magoar alguém ou se magoar. Isto tornou-o mais forte, só usou a sua força no sentido errado da palavra.
Não sabia o que dizer quando ele olhava para aquele espaço, calado. Abracei a sua cintura e beijei o seu pescoço enquanto os seus braços me aconchegavam contra o seu corpo. Estava tudo bem.
Fomos almoçar ao restaurante de uma amiga de longa data da Anne. A Anitta, a dona do restaurante, aparentava ser da mesma idade que a Anne e ela era um mulher muito divertida e simpática. Ela lembrava-se de muitas historias sobre o Harry e a Gemma e não se conteve em conta-las enquanto almoçava connosco.
Apesar da comida ser ótima, o meu apetite não era grande. Enquanto remexia a comida do meu prato, eu observava aquelas pessoas que falavam e riam, e riam, e como era bom ver esta família a rir novamente.
Não foram momentos fáceis para o Harry, mas quando uma pessoa não esta bem, inconscientemente leva outras pessoas consigo. O Harry não tem noção, mas estes também não foram momentos fáceis para a sua mãe e para a sua irmã.
Final, como se consegue ajudar alguém que não quer ser ajudado? Bem, ele precisava de ajuda, mas acomodou-se ao seu estado de solidão que não percebeu que o amor da sua família o poderia salvar. O amor da sua família é que o está a salvar e eu vejo isso no seu sorriso, ele não morreu uma única vez desde que o dia de hoje começou.
Durante a tarde fomos visitar alguns familiares do Harry e eu senti-me nervosa. É algo ainda novo para mim, tenho de lidar com muitos lugares novos e pessoas desconhecidas, mas estou a dar o meu melhor.
A certa altura, deixamos a Anne e a Gemma para trás. O Harry fechou-se em copas e pediu só para ir com ele a um lugar.
Eu assim fiz, com a minha mão entrelaçada na dele, segui-o com total confiança.
Paramos em frente a uma padaria e ele respirou fundo enquanto observava todos os cantos da mesma.
- Uma padaria? – Eu encarei-o, confusa.
- É mais do que uma padaria. Eu trabalhei aqui. – Ele confessou com um sorriso no rosto.
Eu não fazia a mínima ideia que ele tinha trabalhado numa padaria.
- Vamos entrar, linda. Quero que conheças alguém. – O seu braço caiu sobre os meus ombros, com a outra mão ele empurrou a porta, e entramos dentro do estabelecimento.
Senti logo um calor agradável, a temperatura subiu consideravelmente. O espaço estava vazio mas ouviam-se vozes para lá de uma porta situada ao lado do balcão. Passei a minha mão pela minha face, para desviar o meu cabelo, e pude sentir o meu nariz frio, o que me fez estremecer.
O Harry notou e soltou um pequeno riso, depois beijou o meu nariz, agarrando-me contra si. Agora sim eu estava a ficar com calor.
- Boa tarde, no que posso ajudar? – Uma senhora de cabelos grisalhos falou, quando entrou naquele espaço, com um cesto de pão na mão.
- Olá. – A voz rouca do Harry saiu e com ela um sorriso.
Os olhos escuros, daquela senhora de idade, arregalaram-se, enquanto na sua boca se formava um perfeito ‘o’. A cesta escorregou da sua mão, caindo no chão, enquanto ela continuava imóvel a olhar para o Harry.
- O meu menino. – A sua voz era fraca – És mesmo tu, Harry?
- Sou eu, Nana. – Ele sorriu com lágrimas nos olhos – Deixe-me ajuda-la. – Ele logo se apresou para alcançar o balcão e apanhar o pão que agora estava no chão.
- Deixa isso, filho. Vem aqui, dá um abraço a esta velhota que está feliz por te ver. – Ela entendeu os seus braços e depois de ele soltar um suspiro envergonhado, abraçou-a.
Ela era uma senhora baixa, a sua cabeça mal chegava ao peito daquele matulão, mas o carinho que ela tinha por ele era enorme, e isso notava-se perfeitamente.
- Como estás, meu rapaz? – Ela encarou-o com as suas mãos ainda agarradas à cintura do Harry e lágrimas em seu rosto.
- Feliz por estar de volta. – Ele sorriu envergonhado, tentando conter as suas lágrimas.
Eu não conseguia esconder a minha emoção ao ver aquele momento de afeto, como pode ele achar que não era amado? Eu vejo como esta mulher o olha, vejo no olhar dela amor, um amor igual ao de uma mãe, talvez avó.
- Rose! Rose, vem ver quem aqui está! – Aquela senhora gritou na direção daquela porta fazendo o Harry rir. Acho que é alguém também muito querido para ele.
Apareceu uma mulher, talvez ligeiramente mais velha que a Anne, e ela ficou de igual modo admirada a olhar para o Harry.
- Meu deus, és mesmo tu? Que saudades! – Ela logo correu e abraçou o Harry.
Foi ai que aquela senhora, a qual o Harry chamou de Nana, notou a minha presença. Enquanto o Harry e a tal Rose trocavam palavras, aquela senhora olhava para mim com atenção, enquanto um pequeno sorriso se formava no seu rosto.
- É tua namorada, Harry? – Ela falou para o Harry, olhando depois na minha direção.
- É, sim. – Ele respondeu um com sorriso no rosto e logo caminhou até mim.- Esta é a Emma, a mulher da minha vida. – Os seus braços voltaram a cair sobre os meus ombros e ele beijou o canto da minha testa.
Eu senti as minhas bochechas a corar, não só com as suas palavras, mas também por ter dois pares de olhos postos em mim.
- Amor, esta é a Nana e a sua filha Rose. Elas são como que da família, ajudaram-me muito quando trabalhei aqui com elas. – Ele concluiu as apresentações.
- Muito prazer. – Dirigi-me a elas com um sorriso no rosto.
A Rose cumprimentou-me com dois beijos mas a Nana não ficou por aí, os seus pequenos braços rodaram os meu corpo e eu logo correspondi ao seu abraço.
- Ela é uma moça muito bonita, Harry. – A Rose falou, deixando-me sem jeito.
- Obrigada. – Respondi sorrindo.
- É, não é? Ela é linda. – O Harry olhou para mim com os seus olhos brilhantes e eu juro que, se tivesse ali um buraco eu enfiar-me-ia lá dentro.
- Finalmente que me apresentas uma namorada, filho. – A Nana finalmente falou. Felicidade nítida no seu rosto.
- Não é uma namorada. É a tal, Nana. – Ele caminhou até ela sorrindo.
- Eu posso ver isso. – Ela olhou-me com carinho.
- Então e estás de passagem? – A Rose perguntou.
- Viemos passar cá uns dias. Trouxe a Emma para conhecer a nossa bela vila e para resolver a minha vida.
- Vejo que estás melhor. Pareces mais leve, feliz. – A Nana falou.
- E estou. Estou muito feliz, ela ajudou-me muito. – E agora ambos olhavam para mim.
- Eu não fiz nada, esse homem é que é uma pessoa muito especial. – Eu falei envergonhada. – E já chega, por favor, estou a ficar encavacada. – Ri, tapando a minha cara com as minhas mãos.
- Ela é sempre assim envergonhada? – A Nana gargalhou.
- As vezes, mas depois de estar à-vontade fala pelos cotovelos. – Ele riu enquanto me envolvia nos seus braços e eu pude esconder o meu rosto no seu peito.
- Espero que ela perca a vergonha no jantar lá em casa. Vão ter um tempinho para irem jantar connosco, não vão? O Simon ia adorar ver-te.
- Por mim fica combinado, Nana. Amor? – Os seus dedos acariciaram o meu ombro.
Encarei-o e sorri.
- Por mim, tudo bem.
- Boa! – Aquela senhora estava bastante feliz.
- A mãe e a mana também estão cá. – O Harry informou-as.
- A sério? – A Rose falou. – Que bom! Tenho saudades delas.
- O convite é para todos. Que tal amanhã? – A Nana questionou.
- Tenho de falar com a mãe, mas acho que é na boa.
- Ainda bem! Vou fazer aquele cozinho que adoras. – Ela estava bastante entusiasmada.
- Mal posso esperar!
Ficamos à conversa com aquelas duas senhoras, muito simpáticas, durante algum tempo mas depois vimos que já estava a ficar tarde e a Anne contava connosco para jantar.
Despedimo-nos delas, combinando o jantar de amanhã e dirigimo-nos à porta. Assim que o Harry abriu a porta um rapaz ia entrar, acompanhado de um carrinho de bebé.
O Harry ficou a segurar a porta, olhando para aquele rapaz, que deve ter um pouco mais que a nossa idade, com uma expressão dura.
O rapaz disse boa tarde e agradeceu o gesto do Harry mas ele nada disse, saiu simplesmente porta fora levando-me com ele.
As suas mãos agora estavam nos bolsos do seu casaco tal como as minhas. Ele não dizia uma única palavra enquanto caminhávamos.
- Quem era ele? – Eu percebi que ele é conhecido do Harry.
- Ninguém que importe…
- Amor, fala comigo. – Eu meti-me à sua frente, parando-o.
Os seus olhos encararam os meus e ele revirou-os, soltando um suspiro.
- Ele é o Derek. É meu vizinho, só isso.
Não era só isso e eu conseguia entender isso.
- Já entendi que não queres falar sobre ele. Eu respeito isso. – Beijei o seu rosto e comecei a andar.
Logo vi o seu corpo a caminhar ao meu lado e a sua mão voltou a se entrelaçar com a minha.
Eu sei que ele está aprender a lidar com muita coisa e de maneira nenhuma o quero pressionar. Vou deixar as coisas andarem, ele vai falar comigo quando conseguir aclarar tudo na sua mente, eu sei disso.
O jantar foi calmo, o Harry contou como foi na padaria mas não contou nada sobre o tal Derek. O Jantar estava ótimo mas quando me sentei à mesa a minha barriga contorceu-se toda e não consegui comer novamente. Sinto uma má disposição tão grande.
Depois de arrumarmos a cozinha fui até ao quarto, havia roupa do Harry por todo o lado. Às vezes a sua desarrumação deixa-me doida.
Dei por mim, a correr até à casa de banho e a pouco que comi ao jantar, tivera saído tudo para cá para fora. Uma tosse forte apoderou-se de mim, levando-me às lágrimas, sentindo uma enorme má disposição.
- Estás bem? – Ouvi a voz da Gemma ao meu lado.
- Sim…
Caminhei até ao lavatório, lavando a minha cara.
– Desculpa entrar assim, mas ouvi-te a vomitar e fiquei preocupada. – A sua cara mostrava essa mesma preocupação.
- Não faz mal. Eu estou bem, não te preocupes, foi só uma má disposição.
- Isto não é normal. Ambas sabemos que esta má disposição não é de hoje.
- Tem acontecido muita coisa. Ando preocupada com o teu irmão e isso mexe com o meu sistema nervoso.
Tomei caminho até ao quarto e ela foi atrás de mim.
- E se não for só isso? – Ela encarou-me com uma expressão estranha.
- Onde queres chegar?
- Bem… tu e o meu irmão são bastante ativos, eu sei. – Ela parecia um quanto constrangida – Vocês tomam as devidas precauções?
Demorei um segundo para perceber onde ela queria chegar.
- Eu não estou gravida, Gem! Eu tomo sempre a pílula, é impossível.
- Nem é tão impossível assim, não é cem porcento fiável, tu sabes isso. A tua menstruação, está em dia?
- Bem… sim. Mais ou menos… devia de ter vindo à uns dias mas não é nada de mais, já tive atrasos antes e não era gravidez.
Este assunto todo é uma grande palhaçada. Eu não estou gravida.
- Acho que, ao menos, podias meter essa possibilidade…
- Eu depois vejo isso. O Harry? – Mudei de assunto.
Ela suspirou em sinal de redenção.
Eu não quero pensar numa gravidez. Ainda somos novos, temos as nossas vidas de pernas para o ar e é muito cedo para o Harry ser pai. Esta notícia iria ser mais um problema na vida dele, nem imagino como ele poderia reagir. Mas para isso, esta ideia absurda teria de ser verdade, e não é.
- Ele está lá em baixo. Teve uma visita. – Ela respondeu-me.
- Quem?
- Um vizinho nosso.
- Derek? – Perguntei ao mesmo tempo que a minha mente processou a sua resposta.
- Conheces? – Ela olhou-me confusa.
- Vimo-lo hoje, quando estávamos a sair da padaria. O teu irmão não ficou muito bem. – Confessei.
- Pois, o Derek era Amigo do Austin. – A sua voz soou baixa.
E de repente tudo ficou muito mais claro.
Agora eu entendo o porquê do Harry reagir daquela maneira ao ver aquele rapaz. Certamente, ele está nas memórias negras do Harry.
Por momentos, a minha vontade era descer aquelas escadas e procurar aquele rapaz de cabelo loiro e olhos azuis. Iria faze-lo pagar por toda a dor que ele tivera causado no Harry!
Mas depois caí em mim, não estamos aqui para ajustes de contas. Estamos aqui para virar a página, e agora o meu coração ficou pequenino.
Só espero que o meu Harry fique bem depois disto.

Novo capítulo aqui!! O que acharam?? O que acharam da pequena visita por HC e à padaria? O que será que o Derek quer do Harry? Será que a Emma estará mesmo grávida??
COMENTEM MENINAS, QUERO MUUUUUITO SABER AS VOSSAS OPINIÕES!
No capítulo anterior recebi tão poucos comentários 😢 quero muito saber se estão a gostar ou se devo melhorar algumas coisas...

Beijinhos girls 😘❤❤❤

* Sweet Trouble *  (Acabada)Onde histórias criam vida. Descubra agora