Cap. 35- Limpando a dor

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Sei que não devemos nos apegar a pequenas coisas. Sei também que tudo na vida é passageiro e acreditem em mim. Eu sei!!

O que eu não sabia é que guardar em caixas de papelão todas as coisas que lutei para conseguir, não é nada fácil. Algumas poucas coisas eu vou voltar a vê-las no novo apartamento e muitas outras não.

Essas "outras não" por exemplo, estão na cozinha como o copo de alcinhas que o Henry tomava seu achocolatado todas as manhãs. A bicicleta dele que fica na área de serviço. Dentre varias outras coisas que estão nessa lista.

Eu as olhava e tentava me manter serena, mesmo meu coração estando em frangalhos. Algumas coisas eu rio com gostosas lembranças e outras saio de perto para não desabar.

- Você está bem?

Ele pergunta e estamos agora deitados no meu quarto no apartamento da Sammy. Viemos para almoçar e estamos descansando, já que a equipe de limpeza já começou o trabalho, só faltando o quarto do Henry para eu entrar.

-Quando comprei esse apartamento, foi com o que recebi pela indenização da morte do meu pai. Foi um dos dias mais feliz da minha vida porque eu ia começar a minha família e comecei.

Falo deitada de lado na cama, de frente para ele que limpa minhas lágrimas com os dedos.

-Ali meu filho nasceu, deu seus primeiros passos, falou a primeira palavra. Tudo na minha vida era envolta do Henry e foi nesse apartamento. Mas agora vou me desfazer dele. É o certo, mas é tão doloroso.

-Vai ser melhor pra você. Você vai poder lembrar de tudo com saudade e amor. Se continuasse aqui não ia conseguir dar continuação na vida.

Ele fala e apesar de saber que está certo, eu não consigo jogar fora esse sentimento que está me rasgando por dentro.

-Vamos?

Ele chama começando a levantar e o puxo para um abraço, permitindo o choro que segurei por toda a manha.

- Eu acho que não vou conseguir, amor.

Choro sentindo meu coração parecer que vai explodir, com tantos sentimentos misturados de uma só vez.

- Vai sim! Você é mais forte do que pensa. -Fala se afastando para me olhar nos olhos e esse olhar me passa confiança. Levanto da cama e com ele, seguindo para a sala onde estão as meninas.

- Se precisar estaremos aqui? -minha prima fala na sala ao lado da tia Stacy, com os olhos vermelhos de tanto chorar e a agradeço, saindo do apartamento dela rumo ao meu.

Abro a porta do quarto do meu filho e como rajadas de uma forte ventania, as lembranças vem com tudo, sorrio sentindo minhas lágrimas no rosto.

"Não precisa mamãe, eu sei por a minha roupa sozinho."

Essa lembrança é uma forte, pois ele sempre falava sorrindo e rápido com toda sua agitação.

Abraço o Thom chorando muito e ele me aperta em seu braços.

-Você consegue!

Fala e me afasto olhando tudo em volta. Entro no closet e vejo no cabide a roupa do super homem que comprei pra sua festa de 5 anos. Já considerava um uniforme de tanto que a usava. Abraço a roupa, lembrando o momento que o abracei antes de ir pra festa e choro.

Meu RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora