05 de maio de 2009 - Quinn considera Carmel

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(Quinn)

Era o último mês de aula no Junior High. Os estudantes estavam ansiosos com a High School que se iniciaria assim que terminasse as férias de verão. Os meus quase-amigos iam se espalhar em diferentes escolas. Não é que eles fossem fazer falta, mas eu perderia a referência de rostos familiares nos obscuros corredores de McKinley High. Era mais uma coisa que me prenderia à barra da saia de Frannie. Minha irmã estava determinada em fazer de tudo para que eu herdasse o reinado na colméia, desde que ela pudesse se despedir no topo, claro. Era isso que minha família e a micro-sociedade acadêmica secundarista esperavam de mim. Logo eu que só queria ficar quieta no meu canto. Meu futuro parecia desanimador.

Some o temor de um destino indesejado e inevitável com um dia tedioso na escola. Fomos obrigados a ir ao ginásio para assistir à palestra anual sobre primeiros socorros. Além de ouvir paramédicos falarem por meia hora e mostrarem vídeos grotescos, a gente ainda assistia alguns colegas selecionados ao acaso na platéia irem à frente tentar fazer massagem cardíaca e respiração boca a boca. Não há quem não fique nervoso sob os olhares de centenas às vezes indiferentes, às vezes curiosos, às vezes zombeteiros. O pior é que cada um deles falhou miseravelmente. O boneco morreu nas mãos dos cinco alunos-cobaias.

Após a palestra, fomos liberados para o intervalo e almoço. Eu tinha uma mesa cativa no refeitório. Gostava ocupar aquela que julgava ser a mais discreta no canto direito do salão. Era de onde podia observar todo mundo e, ao mesmo tempo, permanecer quase invisível. Poucas pessoas sentavam para fazer as refeições comigo, e quando isso acontecia, era porque tinham algum interesse: principalmente Kelly e Amy. Outras vezes era Sean que ficava por ali, especialmente quando precisava de uma ajuda qualquer. Às vezes garotos me abordavam e pediam para fazer companhia. Queriam um encontro ou algo assim.

Não era que fosse tão ingênua assim: eu tinha aprendido ao longo daquele ano a cobrar por certos favores.

Dois meses trás, aceitei sair com John Collins, que jogava no time de futebol. As meninas estavam pegando no meu pé porque todas namoravam, menos eu. Diziam que alguma coisa devia estar errada porque era impensável que uma menina bonita como eu (opinião delas, não minha) recusasse tantos garotos e fosse tão solitária. Então aceitei ir ao cinema com o primeiro cara que me pediu. Casou de ser John Collins, um sujeito bonito e corpulento para alguém de 14 anos. Ele pegou na minha mão no escuro do cinema e eu permiti. Depois, quando fomos tomar um sorvete, ele me beijou no roto e eu permiti. No final do encontro ele me deu um beijo nos lábios e eu permiti. Foi o meu primeiro beijo e senti nada demais. Marcamos um segundo encontro no outro fim de semana e mantivemos um namorico na escola: algo como pegar na mão, dar beijos no rosto e, às vezes, nos lábios.

No segundo encontro, para ver outro filme, John não pedia mais permissão para pegar na minha mão, para me abraçar ou para me dar beijos nos lábios. Em vez de sorvete, me levou até o parque onde ficavam alguns casais mais velhos. Ali, contra uma árvore, enfiou a língua na minha boca. Foi o meu primeiro beijo dessa natureza e não gostei. Passou a mão na minha bunda e também não gostei. O toque dele era duro e grosseiro. O corpo dele não se encaixava com o meu. Não conseguia sentir as famosas borboletas no estômago. Na segunda-feira seguinte ele pegava na minha mão e eu tinha vontade de puxar de volta, mas não fazia. Ele me beijava na boca e me esforçava para corresponder porque era isso que as pessoas esperavam. Ele colocava a mão na minha bunda e eu a puxava de volta as minhas costas. Até que, na quarta-feira, ele tentou tocar em um dos meus seios. Ganhou um tapa na cara e o meu primeiro namoro terminou ali: durou 10 dias.

Ao menos as meninas pararam de cogitar que havia algo de errado comigo.

Os cantos o refeitório eram sempre os últimos espaços ocupados e por isso mesmo eu não tinha pressa alguma em chegar para fazer o lanche: meu canto estava sempre disponível. Gostava dali.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora