09 de maio de 2012 - Nova York

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(Rachel)

As competições nacionais eram feitas em três dias, aonde 15 equipes de todo país iriam se combater. A primeira etapa, realizada na quinta-feira, era a competição técnica. Os jurados olhavam unidade, postura, harmonia de vozes. Não era bom negócio fazer uma música inteira solo, porque o conjunto conta mais pontos nesta parte do que a individualidade. Dali, dez grupos voltam para casa. Na sexta-feira as coisas se complicam porque entra o valor artístico, mas com ainda grande enfoque na técnica. Imagine fazer um espetáculo como os das regionais sabendo que o caráter dele é apenas eliminatório? São dez grupos nessa fase, para sobrar apenas cinco na grande final.

Sábado é o dia do espetáculo. A casa tem todos os acentos ocupados, o público está sedento por diversão. Além de esbanjar talento, os corais finalistas precisam se comunicar bem, emocionar, ganhar a platéia que influencia diretamente a opinião dos jurados-celebridades. Esse é ponto aqui, porque tecnicamente todas as cinco equipes restantes se equiparam: já são as melhores do país. Há mais coisas em jogo. Diretores e produtores da Broadway assistem à competição. Eles buscam os melhores solistas, as pessoas mais interessantes, os melhores intérpretes para estar em espetáculos off-off-Broadway que servem para testar um determinado conceito para um espetáculo maior. Há atores que dão mais sorte ao começarem no elenco de espetáculos pequenos e, ao mesmo tempo, integram o elenco de suplentes de peças maiores.

Em resumo: era a minha primeira grande chance.

Era também a última grande apresentação do atual grupo do Novas Direções. Noah, Mike e Lauren iriam se graduar naquele verão. Mike foi aceito na OSU e devia cursar engenharia civil, ou algo assim, Lauren iria tentar a sorte na Community College e Noah ia sobreviver de alguma forma. Havia Brittany: o pai dela se mudou para Los Angeles, e ela a irmã e a mãe estavam de malas prontas Mara mudar assim que o ano da escola terminasse. O senhor Pierce era jornalista e cartunista. Como jornalista ele era o editor-chefe do jornal da cidade Lima Post. Como cartunista, fazia trabalhos para a The New Yorker e até publicou uma ghaphic novel independente muito legal que era uma crônica sobre a guerra no Afeganistão. O Los Angeles Times o chamou para coordenar a editoria de arte. Era a primeira oportunidade do senhor Pierce num jornal grande e recebendo um salário respeitável. Não tinha mesmo como deixar passar. Ainda havia Santana que iria para Stuyvesant. Minha irmã moraria em Nova York primeiro que eu.

Considerava este um final melancólico para o coral. No próximo ano letivo, teríamos de recomeçar a trabalhar duro para reconstituir o grupo com o mínimo de 12. Até para isso as nacionais eram fundamentais para o futuro do Novas Direções. A revelia do professor Schuester e de Finn, o coral fechou as músicas para as três etapas dentro de um grande tema: drogas, sexo e rock'n'roll. Não era incomum para os profissionais do meio, mas tinha ousadia se vinda dentro de um grupo de adolescentes de high school. Um fator favorável foi que o Vocal Adrenalina ganhou um campeonato nacional com "Rehab" e "Mercy". Planejamos três atos distintos: drogas, sexo e rock'n'roll. Claro que tínhamos um plano "B" na manga caso a gente não possa colocar o primeiro em prática, é uma precaução que tomamos depois de termos aprendido a lição na nossa primeira competição.

"Será que essa sua idéia maluca vai dar certo?"

"É um risco, Quinn. Mas a gente precisa se diferenciar dos outros corais de alguma forma. Este é um meio muito competitivo, e considero a possibilidade de posições mais rigorosas no que diz respeito à criatividade por se tratar da terra da Broadway e um dos lugares com os melhores profissionais..."

"Ok, ok... já entendi!" Quinn revirou os olhos e depois sorriu. "Você já rezou essa missa milhões de vezes."

Eu estava cada vez mais enfeitiçada por aquele sorriso, e os olhos. Quando soube que ela terminou com Sam por minha causa, para mostrar que não estava mais disposta a fazer joguinhos de sedução, achei que o mundo fosse acabar ou que ela só poderia estar de gozação com a minha cara num plano muito perverso. Disse que me daria espaço em prol da competição nacional. Isso foi importante para que pudesse me concentrar nos números. A gente ensaiou todos os dias por três horas. Fiquei satisfeita em ver que todos encaram aquilo com o maior profissionalismo, apesar do humor de cão da minha irmã. Mas na hora de embarcar no trem, sabendo que Finn ocupava duas poltronas na frente por causa das pernas compridas, Quinn não hesitou em viajar ao meu lado.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora