02 de dezembro de 2011 - Lógica de Santana

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1º de dezembro de 2011

(Rachel)

Santana tirou a virgindade de Finn. Santana transou com Finn. Santana fez sexo com Finn num quarto de um hotel vagabundo uma semana depois de ele ter terminado comigo pela primeira vez. Santana e Finn. Por mais que tentasse enxergar argumentos lógicos do tipo: eu estava com Jess quando a tragédia aconteceu, o fato da minha própria irmã ter transado com o meu namorado sempre voltava à mente. Era revoltante! Era repugnante!

A bomba estourou da pior maneira possível. Tive a sensação do caos que seria instaurado no coral pelo sonho confuso e agitado na noite anterior. Primeiro Kurt nos abandonou por causa das ameaças de Karofsky. Depois o professor Schue anunciou que Barbie e Ken fariam o dueto da balada. Uma blasfêmia, uma burrice. Quinn tem uma voz doce e bonita, mas está longe de ser boa suficiente para ser solista principal em uma competição. E Sam? Um colírio para os olhos, mas era apenas a minha quarta opção de dueto atrás de Finn, Artie e Noah. Eu levava as competições muito a sério e tinha pouca paciência com a visão amadorística que o professor Schue frequentemente apresentava.

Lógico que briguei com o professor na frente do coral. Aquilo não fazia o menor sentido, sobretudo por se tratar de uma etapa vital para irmos às nacionais. Finn estava ao meu lado. Mesmo ele, que é lento, entendia perfeitamente quando era o momento de se usar as melhores armas do grupo. Eu até aceitaria o casal de gêmeos univitelinos na apresentação oficial do coral para um membro do corpo de jurados e para a escola. É o que chamamos de "convite": o que nos habilita a competir com outros corais no campeonato. Não era o caso.

Quando Santana chamou Finn de hipócrita. Foi a gota d'água para todas as pesadas agressões verbais que suportava nas últimas semanas. Então a chamei de burra nas entrelinhas, coisa que ela está longe de ser, mas tinha perfeita noção do quanto Santana era particularmente sensível a esse tipo de xingamento. Tudo por causa da Brittany. Minha irmã passou a vida escolar quase inteira defendendo a amiga dela por causa do aprendizado lento. Acho que Santana não pensou quando disparou o "segredo". Mas quando o fez, a voz dela era tão calma, que tremi na base da espinha.

O professor Schue interferiu e nos mandou parar com o assunto. Dois minutos depois, parecia que todos tinham esquecido a discussão e já estavam planejando a apresentação, o repertório. E eu ali, paralisada na cadeira. Nem consegui assimilar direto quando professor Schue anunciou Santana, logo ela, como solista de "Valerie", versão Amy Winehouse e Mark Ronson. Era o tipo do número planejado para ser vencedor. O mundo tinha virado e eu não sabia.

"Então hobbit". Santana usou o retro visor do carro para arrumar o batom. "Animada para o primeiro solo da sua irmã mais velha?"

"Você poderia ter a dignidade de não falar comigo?" Lutei contra as lagrimas.

"Como desejar." Ligou o carro e fomos para casa em silêncio.

Meu relacionamento com Finn entrou em crise. O que mais me revoltava era ver que Finn sorria e dava corda a cada pequena insinuação de Santana, que fazia questão de reforçar as provocações quando passava por mim no corredor. Eu me perguntava o que tinha feito para merecer o demônio dormindo no quarto ao lado? Minha vida estava um lixo. Até Noah rejeitou a oportunidade de tirar a minha virgindade. Aquele mundo era real?

A competição local aconteceu no auditório público de Lima, próximo a prefeitura. Era um lugar de destaque onde aconteciam os maiores espetáculos que chegavam à nossa pequena cidade. Não estava particularmente entusiasmada com a etapa: seria coadjuvante pela primeira vez e logo para pessoas que não tinha muito apresso naquele momento. A melhor coisa que aconteceu naquele dia foi ter encontrado Kurt, conversado com ele e ter percebido que sim, eu tinha um amigo.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora