18 de junho de 2013 - Na Espanha

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(Santana)

Papi tinha alguns propósitos não declarados com essa viagem à Espanha. Ele clamava que deveríamos manter a tradição de nossas viagens de verão com a família, mesmo com Rachel e eu morando fora de casa. Até aí, eu concordava. Acontece que a família passou a incluir Shelby e Beth. Era justo e estranho ao mesmo tempo. Rachel e eu tínhamos uma dinâmica própria com nossos pais. Não sabia o que esperar de uma viagem sem papai e com mais três elementos extras, contando com Quinn, que eu considerava ser o mesmo que uma bagagem extra.

Tentei encontrar razões para a tradicional viagem perdesse o ponto. A família agora era nova? Certamente. Shelby é minha mãe e namorava meu pai. Beth é a minha irmãzinha do coração. Mas tinha a sensação de que havia algo mais nessa história. Minha aposta: ele ia anunciar o noivado em algum programa clichê com todos nós, talvez num desses restaurantes com vista para uma paisagem de tirar o fôlego.

Papi queria que ficássemos o tempo todo juntos, mas Rachel mudou os planos. Ela e Quinn seguiram de trem para Barcelona no dia seguinte que desembarcamos em Madrid. Fiquei com papi, Shelby e Beth na capital e nós nos encontraríamos com o casal de coelhos desesperados apenas na semana seguinte. Por outro lado, foi melhor assim. Eu não consegui resolver todas as pendências que tinha com papi e Shelby, mas foi uma semana de paz onde pude esquecer um pouco mais os problemas. Fui assistir a um jogo de futebol com papi no estádio do Real Madrid, Shelby Beth e eu fizemos muitas compras. Vi uma peça de dança flamenca e fiz turismo regular junto aos meus pais. Enfim, aproveitei a cidade.

Na véspera de viajar a Barcelona para encontrar Rachel e Quinn, não estava com espírito bom para sai e passei o dia na piscina do hotel.

"Usted no debe beber, hija." Estava com uma caixinha tetra pack de vinho em mãos, igual aquelas de suco industrializado. Eles vendiam essas coisas boas em Madrid.

"Aquí se puede beber. Se permite desde hace 14 años." Ofereci uma bicada no meu vinho, mas meu pai se recusou.

"Es un país de locos."

"O de sábios." Rimos um pouco.

"Santana, qué pasa com usted?" Ele me encarou sério, de um jeito que derrubava qualquer muro que tentava construir para me esconder.

"No sé lo que estás hablando, papi."

"Tú no ir a divertirse, no busca hacer amigos, estar en mi compañía y su madre y Beth todo el tiempo. Esto no le es."

O vinho acabou mais depressa do que queria e precisava e meu pai ainda estava me encarando com rosto sério, mas com aqueles olhos que asseguravam que ele me amava incondicionalmente. Como era difícil manter as coisas para eu mesma em situações como aquela. E as quatro latinhas de vinho que tomei ao todo pouco ajudavam.

"No estoy segura se quiero ir a Harvard."

"Por qué no?" O tom de voz dele foi mais ríspido, surpreso.

"Tengo muchas dudas sobre lo que quiero para mi vida."

"Después de todo lo que me hiciste pasar, ahora me dise que tiene dudas?" Devia ter ficado com a minha boca fechada. Eu sabia que era melhor deixar o assunto para depois da viagem. "Por casualidad crees que las cosas son dáciles? Que basta chasquear los dedos y hacer su voluntad?"

"Papi..."

"Sabes qué? No voy a dejar que tú arruine mis vacaciones." Papi se levantou obviamente nada feliz. "Sólo habla conmigo otra vez cuando algo de sentido entrar en la cabeza."

Era oficial: estava com um problemão em mãos. Do jeito que papi saiu pisando duro para dentro do hotel, garanto que se zaide aparecesse naquele momento, os dois apertariam as mãos e se uniriam para aplicar qualquer castigo ou punição sem se importarem se eu era uma garota crescida, maior de idade, apta a tomar minhas próprias decisões. Fui ao bar e voltei com mais caixinhas de vinho. Depois da conversa com papi, decidi que beberia todas. Sairia daquele pátio de recreação do hotel miando, confundindo macaco com cachorro. Mas não tive a chance de ultrapassar o meu médio estado de embriaguez. Shelby foi ao meu encontro ficando a minha frente de braços cruzados, rosto fechado e um olhar de águia.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora