14 de setembro de 2013 - Canabis

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(Santana)

Assim como em acontecia em várias universidades do país, os estudantes se alojavam em dormitórios condizentes à realidade econômica de cada um. Alguns desfrutavam o luxo das fraternidades. Outros tinham apartamentos ou dormitórios muito bons com quartos individuais. Outros, como Izabella Richards e Lucy Watson, moravam num quarto-sala alugado de um prédio velho entupido de estudantes. Isso não impedia de acontecerem pequenas festas dentro desses espaços.

Depois de uma sexta-feira dramática, não estava disposta a sair. Cumpri minha obrigação doméstica, só queria sentar no sofá e assistir algum filme. De preferência um bem chato para que pudesse dormir no meio. Uma pena que o meu celular tocou tantas vezes. E a maior parte delas eram ligações de Matt. Ele insistiu tanto que resolvi sair. Afinal, nas palavras dele, a minha vida universitária só teria sentido com um pouco de festa e de amor livre. Peguei o metrô para Manhattan e cheguei ao apartamento de Izabella e Lucy perto das nove da noite.

Todos os amigos mais próximos de Columbia estavam por ali e outros mais que conhecia de vista. Tocava "I Can See Clearly Now", versão de UB 40, que considerava mais atraente do que a de Jimmy Cliff. Algumas pessoas dançavam no meio da pequena sala, e outro bom bocado conversava e bebia no corredor. Um detalhe sobre esse tipo de festa: a maior parte dos estudantes que moravam no mesmo andar costumavam participar. Era uma forma de evitar brigas e desentendimentos. Havia cerveja num latão com gelo, comprada depois de uma vaquinha que aconteceu mais cedo. Cumprimentei meus amigos e Brian me ofereceu uma lata para entrar no clima. Não hesitei em aceitar. A cerveja estava geladíssima, uma delícia que desceu bem. Não estava ainda com espírito para dançar. Fiquei encostada num canto do corredor observando a festa que tomava conta do andar.

"E a nossa princesinha chegou!" Comemorou Matt erguendo uma lata de cerveja. Ele estava dançando muito próximo com outra menina e não sei dizer bem como o par dele sentiu ao ver o cara que estava cumprimentar outra com tanto entusiasmo.

Matt me chamava de princesa porque a minha família era a que tinha melhor situação financeira de todo nosso grupo de misfits. Mal sabia ele o que estava tendo de passar. Andava quase que literalmente só com o cartão do metrô no bolso e o dinheiro para comer no restaurante da universidade, porque era tudo que dava para pagar com a, meu Deus como era humilhante, mesada que a minha irmã me dava para esse fim. Minha situação só não era ainda pior por causa do cartão de crédito limitadíssimo que meu pai se dispôs a pagar.

"Não vai dançar?" Andrew perguntou e eu ainda não estava no espírito, continuei com a cerveja. "Achei que você curtia a julgar por aquela festa." Ele se referia à primeira em que fui antes mesmo das aulas começarem.

Era uma recepção para os calouros onde conheci todos os colegas até agora mais próximos da universidade. O comitê de boas-vindas costumava organizar uma festança no campus em plena luz do dia com a presença dos novatos. Era uma cordialidade antes do período de trotes. Eu simplesmente estava feliz por ter conseguido ficar em Columbia e por isso agi tão empolgada na festa de recepção.

"Curto dançar. Mas não agora!" Degustei um pouco mais da cerveja e depois me voltei para Izabella, que se aproximou dos amigos para descansar um pouco. "Você não costuma trabalhar nos fins de semana?"

"Não hoje, baby! Trabalhei ontem!"

"Sábado não é um bom dia para se ter grana extra?" Pelo menos era a lenda que corria entre os strippers.

Aliás, foi a própria Izabella, que era bolsista, que contou sem o menor receio que conseguia se manter na cidade fazendo tal trabalho. Disse que era melhor lidar com a verdade do que se constranger com boatos que ela sabia ser verdadeiros. Aliás, ela devia conseguir um bom dinheiro dançando pelada diante de uma platéia de homens com pau duro, além de algumas mulheres com vaginas molhadas. Era alta, talvez um pouco mais alta do que Brittany, tinha longas e lindas pernas, seios bonitos, cabelos castanhos ondulados e longos: era linda. Até eu colocaria uma boa grana no sutiã de Izabella se a visse dançando num palco.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora