22 de julho de 2015 - Vá para Lima

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(Quinn)

"Precisamos estabelecer algumas regras aqui!"

Só não revirei os olhos por doía. Minha ressaca havia atingido proporções colossais e um pequeno gesto como esse apenas ia piorar. Mike nos reuniu assim que acordei e fiquei mais ou menos disposta lá pelo meio da tarde. Johnny, coitado, nem foi trabalhar e ver as coisas dele em ordem à convocação suprema de Michael Chang, o ator. Começava a odiar atores.

"Nada de bebidas dentro desta casa até as coisas voltarem à normalidade!" Decretou. Só faltou bater literalmente o martelo.

"Sei que o meu voto não vale nada porque sou apenas um inquilino, mas eu não concordo." Jonnhy falou com a usual calma, porém com uma seriedade que não lhe era muito característica. Por isso mesmo, chamou a atenção de Mike. "Cara, verdade que esse apartamento é seu e você faz dele o que quiser, mas olha só porque você está decretando esse tipo de coisa? Estão aqui nesta sala três pessoas maiores de 21 anos, criadas e vacinadas. Não somos crianças. Cada um é responsável pelos próprios atos e vontades. Posso chegar para um amigo meu e dar um toque caso ache que uma certa atitude dele não esteja certa. Se acho que isso pode te prejudicar, eu tenho a obrigação de ser honesto. Mas a verdade é que eu não sou pai de ninguém. E nem vocês são os meus pais. Sem mencionar que existe uma coisa chamada bom-senso." Ainda ponderando a voz, continuou encarando Mike. "Proibir bebida dentro de casa não resolve o problema da Quinn. Trancá-la em um apartamento também não... aliás, foi uma das atitudes mais estúpidas que vi você tomar em todo esse tempo, Bro. E você Quinn..." Foi a minha vez de sentir o peso do semblante de Johnny. "Eu te adoro e entendo a sua dor. Sou solidário. Mas encher a cara não vai fazer Rachel te perdoar e nem vai fazer as coisas ficarem melhores. Digo mais: você deu sorte porque o barman foi um sujeito camarada demais em ligar para as pessoas pedindo um endereço. Você deu sorte que o taxista era um sujeito decente que não te estuprou no meio do caminho. E posso te garantir que seria muito fácil um sujeito desses encostar o carro numa rua qualquer e fazer miséria contigo antes de te deixar no endereço determinado."

"Eu não queria causar problemas a vocês..." Sussurrei cabisbaixa.

"Relaxa, ok? Eu não vou dizer o que você deve ou não fazer, Quinn. Não quero que você se sinta mal. Não vou deixar de gostar de você caso decida detonar outra garrafa minha de whisky daqui a meia hora. Mas o meu recado está dado. Aí é contigo."

Mike ficou com tanta raiva do discurso do Johnny que eu achava que nosso amigo se tornaria um sem-teto em dois tempos. Mas tudo que ele fez foi bater na própria perna e entrar para o quarto. Senti ainda mais culpada por causar problemas entre eles dois. Ele entrou no banheiro com roupas em mãos e saiu de lá mais ou menos arrumado.

"Diz pro Mike que eu vou chegar tarde."

"Mulher?"

"Quem dera. Tem esse amigo do Brooklin que está procurando alguém para rachar o aluguel com ele. Eu vou lá conversar, tomar uma cerveja e ver o que rola."

"Boa sorte."

"Valeu, Quinn."

Johnny me deu um beijo na testa e saiu. Eu me vi sozinha naquela sala que estava começando a odiar. Peguei o meu celular e conferi mensagens e ligações. Tinha algumas da minha mãe e de colegas. Havia uma de Alex, talvez para falar de algum trabalho novo, mas sinceramente não estava disposta a fazer coisa alguma. Queria responder ninguém. A pessoa que mais queria receber uma mensagem ou um telefone havia me esquecido. Mas eu não me esqueci dela. Cliquei no nome de Rachel e deixei a mensagem pela enésima vez.

"Sinto muito. Por favor, me perdoa. Eu te amo" – Quinn

Depois cliquei novamente em outro nome: Satan.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora