Férias de verão de 2011

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(Quinn)

"Quinnie, que tal Cleveland?" Mamãe estava tentando procurar um lugar para passar as férias. Algo que a gente pudesse pagar.

Ela deixou papai depois que descobriu que ele a traia com uma mulher tatuada. Não tive a oportunidade de ver ainda a tal para dizer se a forma atroz com que é descrita por mamãe condiz ou não. O processo do divórcio entre os dois estava quase concluído depois de uma curta negociação. Minha mãe ficaria com a casa e o carro e uma pensão que não seria grande coisa. Certo é que o dinheiro seria curto e não teríamos como manter o padrão de vida em que estávamos habituadas. Pode ser que teríamos inclusive de nos mudar para uma casa mais modesta só para ter uma sobra para qualquer emergência. Tudo passou a ser contado.

Aos poucos, mamãe começou a entrar na nova realidade. A gente não podia mais pagar empregadas, consumir como antes, e vender a casa por uma menor entrou em discussão. Mas ela ainda queria fazer um sacrifício e pagar uma viagem para comemorarmos meu aniversário de 17 anos. Talvez para amenizar a culpa que sentia por ter me abandonado durante minha gravidez.

"Ou talvez a gente pudesse economizar o dinheiro. O que acha?" Sugeri já aborrecida com aquela conversa.

"Nada disso. Vamos viajar juntas, pegar a estrada. Merecemos depois deste ano." Olhou mais uma vez as opções na tela do computador. "A gente não conhece Niagara Falls. Não fica tão caro passar uma semana na cidade e podemos ir de carro e ainda conhecer o Canadá."

Encarei a minha mãe. Ela estava determinada a fazer essa viagem a qualquer custo e era bem possível que pagasse a passagem a um boneco inflável com o meu nome escrito nele só para fazer valer o seu ponto: de que precisava fazer aquilo, não importava minha opinião. Entendido isso, suspirei derrotada.

"Que tal Pittsburgh? É uma grande cidade não muito distante para ir de carro e deve ficar em conta."

Mamãe voltou à tela do computador e digitou o nome da cidade no Google.

"É uma boa idéia!"

Tudo que gostaria era de ficar no meu canto. Queria simplesmente não pensar no que aconteceu comigo nas últimas semanas: parir uma filha, segurá-la, olhar para o rostinho dela e ter de entregá-la para adoção foi uma das coisas mais difíceis que fiz na vida. É uma dor pior do que a do parto. Dores físicas passam rápido. Essa dor da ausência leva uma vida. Nesse ponto, simpatizava com Shelby Corcoran, que adotou minha Beth. Simpatizava porque a dor que sinto é a mesma que ela deve ter carregado todos esses anos por ter aberto mão de Rachel e Santana. Por mais que ela estivesse sob um contrato, por mais que ela tivesse recebido dinheiro, sentir uma vida dentro de você muda tudo. O amor que você sente é inacreditável. Entregar Beth talvez seja o início do meu carma e o final do dela.

Puck desapareceu depois que as aulas encerraram. Não deu nenhum telefonema. Nada. Se era assim que ele me amava, imagine se me odiasse? As únicas pessoas do coral que perguntaram como eu estava passando depois que as aulas encerraram foram Mercedes e Santana. O telefonema de Santana foi uma surpresa, aliás. Não achava que ela ainda se importaria depois que nosso pacto foi rompido. Acabamos por rir pelo fato da mãe dela ter adotado justo a minha filha.

As coisas na minha família também não eram melhores. Meus avós ainda estavam chateados comigo, primeiro por causa da gravidez fora do casamento. Depois por ter entregado minha filha para adoção. Minhas tias e primos raramente falavam comigo. Frannie me ligou duas vezes. Ela disse que só passaria uma semana em Ohio para me ver e minha mãe. Ainda não a perdoei por ter virado as costas para mim durante o ano. Também não poderia me surpreender: Frannie sempre ficou do lado do meu pai, por mais errado que ele estivesse.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora