26 de setembro de 2014 - Como Robert Rodriguez

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(Quinn)

"Quinn, você quer o quê?"

"Pela enésima vez, quero você estrelando o meu filme!" Mike às vezes tinha dificuldades de entender uma informação simples.

Estávamos num bar. Eu, ele e Johnny. Mike bebericava um conhaque enquanto eu tomava a minha habitual taça de vinho. Johnny bebia a tradicional cerveja. Era assim que nos encontrávamos quando precisávamos conversar. Mas eu não os convidei para o bar após o meu expediente para reclamar. Queria encontrar com meus amigos num momento de festividade após eu ter uma idéia de como usaria minhas horas livres de férias na produtora: fazendo um filme.

No início de dezembro acontece um tradicional festival de curta-metragem com filmes dos alunos da NYU. Era possível inscrever os trabalhos até o início de novembro, a seleção acontecia ainda naquele mês e os 20 selecionados passariam a concorrer a um total de prêmios de 10 mil dólares. Eram comtemplados os três melhores filmes segundo o júri oficial e o melhor filme segundo o júri popular. Havia também o reconhecimento com o "Violets", o troféu estilizado geralmente de acrílico, para as tradicionais categorias: diretor, roteiro, direção de arte, fotografia, montagem e edição, trilha original (para aqueles que faziam uma), ator e atriz. Quando vi o cartaz de convocação, conversei com Santiago. A gente poderia trabalhar juntos na produção.

Os alunos da NYU que não estivessem fazendo as disciplinas de cinema podiam alugar o equipamento a um preço muito camarada e ainda usar as estruturas para montar e editar os filmes. Como eu era aluna de cinema, podia pegar o equipamento emprestado de graça por cinco dias (pagaria extra com o mesmo preço camarada se precisasse de mais), fora o uso das estruturas. Eu tinha uma boa idéia para um filme e escrevi um roteiro que só precisaria ser lapidado e tinha algumas facilidades extras. Pela minha agenda, só precisaria de três dias de filmagens e usaria um ou dois extras para garantir caso tivesse que re-filmar.

Pensei em fazer uma homenagem a Robert Rodriguez – era fã de "Manchete" e "Drink no Inferno" – com a história de um noivo traído que, junto com o amigo, invade uma festa da ex-namorada e a seqüestra. A cena de ação seria um ganho, um atrativo a mais. O forte do filme são os diálogos de linguajar forte cheios de referências à cultura pop. Estava trabalhando duro nessa parte do roteiro. Tinha lido, inclusive, toneladas de quadrinhos clássicos, em especial dos autores Frank Miller e Alan Moore, como parte fundamental da minha pesquisa. Meu plano era filmar no último fim de semana de outubro com locações no chalé de Johnny em Catskill. Assim, ainda teria uma semana para trabalhar no grosso da produção antes de voltar a trabalhar na produtora.

Mike seria o noivo traído, o companheiro poderia ser Johnny, caso ele aceitasse. Caso contrário eu poderia chamar alguém do teatro, como Lucas Hibbs. Ele era bom ator, não era mercenário e seria mais uma forma de mostrar a Rachel que a nossa discussão foi um acidente e que o meu ciúme em relação a Lucas era coisa do passado. Verdade que os dois não fariam cenas românticas. Para a ex-noiva, claro, Rachel. Ai de mim se fizesse um projeto desses e não a chamasse. Santana seria obrigada a topar: ela ainda era sustentada por mim e por Rachel e eu jogaria isso na cara dela caso a resposta fosse negativa. Pensei para ela o papel da amiga bitch da ex-noiva que tem três linhas de fala e morre com um tiro na invasão da festa. Eu também tinha as minhas formas de vingança para todas as malcriações que ela me aprontava.

"Eu acho a idéia fantástica!" Johnny estava com os olhos grudados na bunda de uma garota, mas ao menos ouvia a conversa. "Conheço uns brothers que podem fazer a trilha sonora, se você quiser. Eles são foda e se amarram nesse tipo de trabalho."

"Você faria o papel do amigo do noivo?"

"Não é a minha, loira. Mas eu me amarraria em participar de outra forma... sei lá... segurando microfone, como figurante, coisas assim."

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora