15 de abril de 2011 - Primeira despedida

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14 de abril de 2011

(Rachel)

Não fui à escola. Não consegui me levantar da cama. Papai ficou tão preocupado que ligou para a escola dizendo que não poderia comparecer por causa de uma emergência familiar. Fiquei grata por um problema meu ter este status. Faltar ao trabalho não era tão simples para meu pai. Ele foi ao hospital meio a contragosto e visivelmente irritado com o que minha mãe aprontou. Meu pai não era do tipo impulsivo, mas temia que ele a visitasse para tirar satisfações. Rezava para que o lado racional dele falasse mais alto. Ele entrou em contato com o psicólogo para que eu pudesse ser atendida o quanto antes. Como médico, pensava que essa era a forma mais eficaz de resolver certos problemas: dentro de uma clínica ou num consultório.

"E quanto ao coral?" Papai perguntou. "Vai faltar também à atividade que você mais gosta?"

"Não sei... não fiz uma roupa Gaga!"

"Como?"

"É a nossa tarefa da semana: apresentar uma música da Lady Gaga com trajes inspirados nela e tudo mais. Por causa de todas essas coisas que aconteceram... acabei não fazendo e não sei se valeria a pena aparecer com as minhas roupas normais."

"Não sei como vocês jovens possam gostar tanto de Lady Gaga. Nunca fez nada original e clama ser a maior diva da atualidade. Apesar de que acho interessante alguns dos trajes."

"Ah, eu gosto dela. Mas não consigo pensar em uma roupa inspirada em Gaga que possa ser feita em uma manhã e que represente o meu estado de espírito."

"Lembro que ela usou uma roupa de sapos. Tenho uma aluna que disse que seria a roupa dela para o Dia das Bruxas deste ano, só que em vez de sapos, usaria teddys. Daí ela me mostrou uma foto e achei sensacional." Papai sorriu e uma luz se acendeu na minha cabeça.

Corri até o porão e procurei pela caixa de animais de pelúcia velhos meus e de Santana. Papai e eu costuramos os bichos em um dos meus pijamas e trabalhamos duro nisso com ajuda de Clara enquanto Prudence cuidava do nosso almoço. Depois de comermos um delicioso risoto com salada e carne de soja, papai me deixou na escola. Ainda do corredor, pude ouvir que a turma discutia os ventos do dia anterior.

"Shelby Corcoran, a técnica deles, é a mãe de Rachel e Santana."

"Obrigada por informar, Wheezy!" Santana disse em tom irônico e notoriamente irritado. "E por espalhar!"

"Estamos ferrados." Noah esbravejou. "Rachel vai nos abandonar e se juntar ao Vocal Adrenalina."

"Nunca!" Fiz a minha entrada triunfal. "Não quero falar sobre o assunto e ainda estou processando as novidades. Meus pais já marcaram um analista e eu estou vestindo um traje Gaga que representa as privações da minha infância."

"Este deve ser o traje do sapo." Kurt apertou os olhos e, ironicamente, o sapo de pelúcia saltou.

Não queria drama, não queria mostrar ainda mais fragilidade para eles. Eu era a capitã do time. Fui logo puxando a turma das garotas e Kurt para o palco, que era onde me realizava, onde me sentia uma rainha, onde brilhava. Nossa apresentação foi matadora e confesso que fiquei orgulhosa quando minha irmã fez o solo final. A voz de Santana é abrasiva, sensual, diferente. Aos poucos ela estava ganhando confiança e tinha certeza que logo ia fazer solos tal como a irmãzinha aqui. Ou melhor... deixa pra lá. Eu ainda sou a estrela da Broadway da família, certo?

O fato é que depois da nossa apresentação, a depressão voltou. Santana usava um traje super sensual, mostrando que nada abala sua estima apesar do nosso drama familiar. Quanto as outras garotas? Todas tão bem... Brittany estava incrível, sexy, e Quinn era a coisa mais adorável do mundo com a roupa de estrela cadente. Chegava a ser injusto ter ao seu lado uma menina tão linda e atraente mesmo quando grávida. E eu? Tinha bichos de pelúcia pendurados no pijama. Minha estima estava péssima

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora