06 de março de 2014 - Nova fase

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(Rachel)

Uma vez ouvi tia Maria dizer que levou 25 anos para descobrir todos os defeitos do tio Pedro. Ou, pelo menos, foi o que ela disse na festa que fizeram para celebrar a data. Isso aconteceu há dois anos, quando ainda morava em Lima numa época em que Santana estudava para o teste em Stuyvesant. Meu pai estava num estado ainda amargurado por causa da morte de papai e de toda discussão familiar, eu ainda namorava Finn, Quinn ainda estava com Sam, e Santana... nunca soube direito qual era o status dela com Brittany ou com Noah. Na festa em questão, tia Maria em um dos raros momentos de brincadeira e descontração, disse que depois dos defeitos, levaria mais 25 anos para descobrir quais as vantagens e desvantagens de cada um deles. Porque na visão dela, havia um lado bom mesmo em certos desvios de caráter.

Não sei quanto aos desvios de caráter, mas com certeza comecei a fazer uma lista dos defeitos de Quinn, principalmente depois da história do apartamento. Ela tinha razão sobre ser impossível encontrar um apartamento maior e melhor que nosso em Manhattan por menos de 3 mil. Os preços são mesmo abusivos na ilha e não é à toa que Nova York é uma das cidades mais caras do mundo. Os preços barateiam na medida em que se afasta do centro, mas isso quase sempre envolve contrapartidas. Quem tem uma vida em Manhattan, como nós duas, precisa considerar contrapartidas para morar longe do centro. Por outro lado, essa é a realidade da maioria.

O apartamento em Astoria, Queens, não torna as coisas mais difíceis para nós em relação a transporte. A localização é boa. Sem falar que o imóvel em si é bom e o prédio oferece serviços aos moradores. Por outro lado, eu poderia ter o mesmo em Manhattan, que era o meu sonho. Não fui por causa de Quinn, que fazia questão de dividir as despesas por igual e tinha um teto de gastos. Disse que se não fosse desta maneira, então nosso trato não serviria e ela preferia continuar onde estava ou mesmo morar sozinha.

Isso serviu de ponto de partida para a minha lista. Quinn era:

1 – orgulhosa;

2 – ciumenta;

3 – possessiva;

4 – manipuladora quando lhe convinha;

5 – tinha uma postura agressiva para certas coisas;

6 – se preocupava muito com o peso a ponto de contar calorias e fechar a boca quando achava que tinha engordado um pouco;

7 – era menos sociável do que queria aparentar;

8 – odiava gatos, embora fosse incapaz de maltratar qualquer bicho;

9 – comia carne de porco;

10 – era uma hipster no armário;

11 – raramente usava calças jeans porque tinha complexo das pernas grossas (que, para mim, era defeito algum);

12 – era uma péssima cozinheira;

13 – ciumenta e obsessiva com a câmera fotográfica (verdade que a câmera era um instrumento de trabalho muito importante, e ela ia se formar em cinematografia na faculdade);

14 – tinha o irritante hábito de se desligar do mundo quando começava a ler;

15 – não gostava da Barbra Streisand!!!! Ela dizia que gostava, mas eu a flagrei duas vezes revirando os olhos toda vez que eu colocava um disco da minha musa inspiradora.

Mesmo assim, eu a amava com todo meu ser, minha alma. Como podia ser possível?

Por mim, teria passado mais um mês a procura de um novo apartamento. Por Quinn, assinei o contrato de um ano de aluguel. Acho que isso era um exemplo que meus pais, avós e tios falam tanto sobre a necessidade de ceder quando se está numa relação duradoura.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora