09 de Julho de 2015 - 21

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(Rachel)

"Rachel!" Santana me gritou pela enésima vez só na parte da manhã. "Traz o cabo do computador! Tá em cima da minha poltrona"

Eu respirei fundo e contei até 20. Santana estava me tirando do sério com essa carência repentina. Ela saiu do hospital há dois dias depois de uma cirurgia para reconstituir os ligamentos tib... tíbio... alguma coisa assim mais as palavras anterior e posterior. Eu não pude deixar as gravações quando ela operou (ficou menos de 24 horas internada), mas para Santana isso foi um ultraje. O fim do mundo. E só por causa disso, ela estava me castigando. Fiz ela esperar um pouco. Calmamente terminei de me arrumar, fui ao quarto dela, peguei a droga do cabo do computador, segui até a sala onde Santana trabalhava na Rock'n'Pano, estudava e assistia ao Discovery em cima do sofá. A mesa de centro fora do lugar tinha uma bandeja com suco, água, biscoitos de dois tipos e pedacinhos de queijo gouda. Não que ela não pudesse sair dali. O tornozelo estava engessado, as muletas estavam em perfeito alcance e ela podia se movimentar pela casa como bem entendesse. A única recomendação era que ela não ficasse muito tempo com a perna para baixo porque poderia ser doloroso depois. Quanto mais descanso, menos dor ela sentiria. Joguei os cabos em cima dela.

"Qual é o seu problema?" Ela reclamou como se tivesse toda razão do mundo.

"Neste momento: a sua infantilidade e preguiça".

"Como os inválidos sofrem nesta sociedade desumana..." Santana queria testar todos os limites da minha paciência.

"O seu namorado deve chegar daqui a pouco para passar o dia contigo. Faça um esforço e pelo menos vá atender a porta".

"Você é uma pessoa muito ruim!" Cruzou os braços se fazendo de vítima.

"É você é um pé no saco, Santana Berry-Lopez. Não é à toa que Quinn saiu correndo daqui".

"Sua noiva é uma loira despeitada, egoísta e pouco caridosa. Mas, pelo menos, ela ficou no hospital comigo... e Mike e Johnny e Andrew!"

"Pela enésima vez, eu não pude sair das gravações!" Então tive uma idéia. Subi na escadinha de três degraus que a gente usava para alcançar as partes mais altas da estante e fui direto ao disco raro do Clash. Santana levou meses para encontrar a droga no vinil e pagou 300 dólares por ele. Aliás, eu paguei.

"Rachel..." Ela arregalou os olhos. "Olha o que você vai fazer com esse disco."

"Digamos que ele esteja... confiscado até você começar a demonstrar um pouco mais de respeito".

"Você não faria essa maldade."

"Experimenta... neste momento você está de muleta, com gesso e é incapaz de me alcançar".

"Eu posso te bater com a minha muleta."

"Eu faço escudo do seu disco."

"Eu te odeio!" Ela disse de braços cruzados, revirando os olhos. Eu só podia sorrir.

"Fique bem sua mal-criada. Qualquer coisa, ligue." Dei um beijo no rosto da minha irmã e saí para trabalhar. Deixei o disco do Clash em cima da mesinha da sala.

Gravava o último episódio do seriado. Fecharia a minha agenda em uma semana. Depois teríamos de fazer o trabalho de divulgação, que ainda não estava com calendário fechado. Sabia que May, Rom, Grace e Jane fariam o grosso das entrevistas em Los Angeles. Luis Segal, Amanda, Will e eu atenderíamos a imprensa de Nova York. O resto do elenco ficaria à disposição para ajudar nas entrevistas por internet e telefone. Quando a série fosse estrear em outubro, já estava agendada a minha ida para Los Angeles para a festa de lançamento. Era um evento onde aconteceria uma coletiva com o elenco principal e no outro dia haveria uma festa promocional com patrocinadores e imprensa. Basicamente, eu teria que me vestir muito bem com um modelo de estilista, fazer cabelo e maquiagem e sorrir para todos os flashs.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora